Parte II

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– Greg, Fred, convoquem os duendes e as renas que temos muito trabalho e pouco tempo!

Os duendes foram. Saltitando e dando cambalhotas para demonstrar o quanto estavam felizes com a novidade. Não importava o que era. Vindo do Noel em plena véspera de Natal só podia ser bom!

– Isso não é nada bom. – falou Greg. – Não podemos fazer isso.

– Podemos e vamos! É o único jeito. Pensei muito no assunto e acho que é uma boa maneira de ajudar as pessoas a lembrarem do sentimento que anda esquecido. A voltarem sua atenção para o que realmente importa, ao menos na noite de Natal.

Apesar das palavras confiantes, a entonação de Noel estava um pouco vacilante. Não tinha certeza se aquilo produziria o efeito desejado, mas tinha que tentar. E para isso, precisava do apoio de sua equipe.

As renas não se pronunciaram quanto ao assunto. Talvez o fato de não falarem tenha algo a ver com isso. Quanto às suas atitudes, pareceram concordar pois cercaram seu dono como se o envolvessem num abraço coletivo.

Plano traçado. Todos sabiam o que fazer. Era hora de se arrumar para a noite mais esperada do ano. Comeram os cookies com gotas de chocolate, bolo de nozes, torta de amora e outras delícias com gostinho de Natal. Brindaram, desejaram votos de alegria e prosperidade, relembraram situações inusitadas de outros dias como esse, riram, trocaram abraços apertados.

Colocaram as roupas que guardavam para essa noite especial. Papai Noel vestiu seu casaco vermelho, o que tinha começado sem querer, numa escolha ao acaso, tinha virado tradição, considerava aquele seu traje da sorte. Escovou os cabelos e a barba. Apertou o largo cinto preto e as botas que protegiam seus pés do frio intenso. Gorro e luvas também não podiam faltar, se estava frio no chão, nas alturas era ainda mais gelado.

Todos prontos. Trenó lotado de presentes e pessoas. Noel ainda ficava espantado como tudo cabia ali e nem ficava apertado.

– O mapa está aqui! – exclamou Greg.

– Vamos usar um pela primeira vez. – comentou Fred

– Também, a estação de energia nunca esteve no nosso itinerário antes. – explicou o primeiro.

– Vamos, temos pouco tempo antes da hora de distribuir os presentes. – Noel encerrou a conversa e deu início à viagem.

Lá de cima tudo era diferente. O vento fazia com que quase não escutassem outros sons. A neve acumulada nos telhados, nas árvores e em todo o caminho, junto com as luzes das casas e dos enfeites natalinos faziam com que a vista ficasse de tirar o fôlego, verdadeiramente linda!

As renas consultavam o mapa de vez em quando para não errar a entrada. Queriam fazer a parte delas com primor. E assim fizeram.

Ao chegarem ao centro de distribuição de energia, era a vez dos duendes atuarem. Magia e agilidade era o que precisavam. Em menos de 10 minutos, já tinham mexido em tudo. Ao que parecia, o plano tinha dado certo, pois estava tudo escuro. Nada de eletricidade naquela noite. Esperavam não estar quebrando nenhuma regra ao cumprirem exatamente o que Noel pediu.

Todos apuraram seus ouvidos. Quando queriam, podiam ouvir mais do que pessoas normais. Afinal, não eram pessoas normais.

No começo, ouviram gritos e reclamações. Até algumas palavras que não cabem em um texto natalino. Depois de um tempo, uns 30 minutos talvez, perceberam que algo tinha começado a mudar. Não precisavam mais ouvir nada, sentiam. A magia estava ali. Fazia cócegas no focinho vermelho de Rudolph, nos pezinhos rápidos dos duendes e na barba branca de Noel.

Hora de distribuir os presentes. Noel estava preparado para descer pelas chaminés, mais do que entregar o que tinha levado, queria observar o interior das casas para ver se tinham alcançado o que queriam. E imaginem o tamanho de sua alegria ao ver que tinha dado certo.

Em algumas casas, as famílias estavam reunidas em volta da árvore de Natal, contando histórias e relembrando momentos felizes. Em outras estavam jantando todos juntos na mesa, se olhando e se ouvindo. Em diversas delas, pessoas cantavam juntas conhecidas canções sobre o Natal. Independente do que estivessem fazendo, estavam fazendo juntos. Sem querer, a ausência de energia deixou de fazer falta. E outras coisas tomaram seu lugar.

A cada chaminé, Noel abria um sorriso e usava sua magia para que somente as luzes natalinas voltassem a funcionar. Exclamações de espanto e admiração eram ouvidas. Ninguém entendia o que estava acontecendo, mas não se importavam em explicar, queriam aproveitar aquele momento enquanto ele existisse.

Na casa de Pedro, havia uma carta na chaminé.

Acho que você não entendeu muito bem o que quis dizer, mas gostei disso também.

Noel soltou uma gargalhada e ao fazer as luzes de natal se acenderem continuou lá por mais um tempo. Ouviu Pedro dizer enquanto segurava a ponta do fio do pisca-pisca fora da tomada:

– Sério, vocês podem não acreditar, mas para mim isso é prova o suficiente. Como essas luzes estão piscando?

Depois que as entregas terminaram, era hora de voltar para casa. Mas voltavam diferentes. As renas, os duendes, o Noel sentiam aquela esperança que buscavam. Sentiam-se preenchidos, plenos.

– Deixamos a energia programada para voltar ao normal amanhã. – falou Greg. – Você acha que as coisas vão voltar a ser como antes, meu velho?

– Não. E nem podem. As coisas mudam. O mundo muda. As pessoas mudam. Mas quem disse que não pode ser para melhor? Quem disse que não há magia espalhada por aí? Talvez nossa função tenha mudado de uns anos para cá. Talvez seja hora de fecharmos a oficina de brinquedos e abrir um espaço para novas ideias. Temos que pensar em uma forma de alimentarmos sonhos e esperanças.

Enquanto o trenó levantava voo, Noel deu uma gostosa gargalhada. Diferente do que pensara mais cedo, seu trabalho aumentaria muito nos próximos anos.


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⏰ Última atualização: Dec 26, 2015 ⏰

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