- É totalmente inaceitável teu trabalho Carlos. - veio o silêncio depois das palavras de Maite. Se levantou da cama deixando cair aos seus pés a linda e delicada camisola de seda vermelha. Com o telefone na mão, se dirigiu ao espelho. - Não tenho tempo pra discutir esse tipo de coisas hoje, tenho muito o que fazer. Sabes que sou uma mulher muito ocupada...- outra vez escutou o silêncio. O reflexo de uma mulher pálida no espelho a assustou. Era outro dia em que deveria começar do zero a construir o que restava dela mesma.
Em seu rosto existia um falso sorriso sem sentimentos, uma falsa alegria que ela mesma havia projetado para esconder as lágrimas e a dor que a fazia cair cada dia mais e mais.
- Só te advirto, meu amor. - disse sarcásticamente. - Quero novas fotos, novo trabalho e para amanhã.- seus olhos brilhavam ante sua imagem, era assustador como havia amanhecido aquela manhã. - A mim não importa se você pode ou não, se queres de verdade ser alguém tens que suar, e se amanhã não me levas essas fotos estarás na rua. Entendido? Bom.
Desligou o telefone e o deixou cair no chão. Essa cruel criatura não era ela, Maite havia mudado muito nos últimos treze meses, era praticamente outra pessoa. Fechou os olhos brutalmente, fazendo uma força quase impossível para não cair as lágrimas, lágrimas de sangue que lhe escorria todos os dias, todas as manhãs, todas as noites. Por quê aguentar tanta dor se podia acabar com isso em minutos?! Abriu os olhos devagar olhando fixamente para o canivete que estava na mesinha de luz. Seu coração disparou.
Essa era a melhor solução para todos seus problemas, mas nunca teve coragem, no fundo ainda havia uma faísca de esperança de ser feliz.
- Sou uma covarde! - disse a si mesma voltando a se olhar no espelho. - Todos se aproveitam de mim, todos.
Caiu no chão como uma pluma, tão delicada e suave. Seu rosto agora molhado pelas lágrimas amargas que caiam, era capaz de revelar todos os seus segredos, desde os mais claros aos mais obscuros.
- Se você estivesse ao meu lado, seria a mulher mais feliz do mundo. - sussurrou olhando o pequeno porta-retrato que se encontrava ao lado do canivete.
Era uma foto de uma jovem totalmente parecida com Maite, só que mais jovem. Os olhos azuis da menina fazia com que parecesse à uma princesa. Era de verdade muito bela, seu sorriso era capaz de deixar qualquer um feliz.
- Mas não. Por quê você se foi? Por quê? - suspirou. - Tudo por culpa de um desgraçado que não valia nenhuma lágrima tua.
Maite abaixou a cabeça e muito devagar agarrou o canivete. Talvez agora encontraria forças para matar-se. Não, não e não, suas mãos tremiam ao tê-lo tão perto de seu pulso cheio de cicatrizes, para esquecer uma dor com outra pior... O canivete rasgou seu pulso em menos de dois segundos, deixando que o sangue caísse em sua bela camisola, tão vermelha e calhente. O cheiro que ela já estava acostumada, um grito, por fim, para esquecer a dor do coração. Não lhe doía tanto como seu passado, ele sim rasgava seu coração que sangrava dias e noites. Não era como as cicatrízes que tinha nos pulsos, que em poucos dias já estavam sãs e não lhe doiam mais.
O telefone começou a tocar no chão, assustando-a.
Não era momento para atende-lo, mas, e se fosse algo importante da agência? O agarrou com as mãos molhadas de sangue e atendeu como se nada houvesse acontecido.
- Alô.
- Senhorita Perroni, perdoe-me por ligar a essa hora, mas... Há um senhor aqui esperando a senhorita faz horas, e disse que não vai sair daqui até que venha vê-lo.
- Oh, não me diga? - engoliu em seco pela dor. - Eu não me importo. Que fique aí, deixe-o... Que se canse de esperar. Hoje não vou na agência e nem penso em ir amanhã também. Então deixe-me em paz, por favor.
Desligou o telefone antes que sua secretária pudesse dizer algo. Se levantou bruscamente, apertando forte seu pulso. O sangue não deixava de sair e sua roupa já estava completamente manchada. Demorou para chegar ao banheiro. Tirou toda sua roupa e entrou debaixo do chuveiro. O chão ficou completamente vermelho. Não havia nada que a fizesse esquecer da menina da foto e só amenizava sua dor quando sua dor física era maior ou igual que sua dor mental.
OBS: Imaginem a Maite, loira dos olhos azuis nessa fic. Ah, e o William de cabelo escuro, tipo castanho.
Minha irmã posta essa fic no social spirit. e eu estou postando aki. Só p esclarecer, p vcs ñ pensarem q eu estou copiando.
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Abandonada
Roman d'amourSofrimento, rancor, abandono, maus tratos, violência, abuso, dor sangue, ódio e por fim, uma única vingança. O passado é atormentador quando um não tem presente, quando suas forças já não servem de nada e sua vida é apenas uma a mais, sem importânc...