II

92 25 27
                                    

No dia seguinte. Às 11 h, as cortinas de modo voraz rangiam sobre o ferro. O vulto da empregada revirando o quarto era a única imagem perturbadora naquele instante.
Cora em rito de despedida admirou os móveis pela primeira e última vez. Pouca vezes pode permitir tal repouso, nas últimos anos tudo levava ao frenesi descompassado dos deveres rígidos que  exigia tudo de si. Depois de acordar veste-se depressa com uma peça qualquer e saiu para tomaram café na cobertura.
Edgar e Luíza começaram a muito tempo atrás a consumir as energias necessária ao dia. Os rostos cansados da noite não descreviam só os deles. Aos pouco os empregados limpava a sujeira deixada por educadas pessoas. Via-os esmuecidos, fingindo contentamento levando sacolas para o portão.
Cora sentou dispersando a empregada ao lado que preparava para servir-la.

—Quando ira para o convento?— indagou o sr. Blen a Luíza.

—Pela tarde senhor.

—Tão rápido?— questionou Cora pondo chá na xícara.

—Sim! Tenho que ficar um tempo para adaptação após a transferência.— balançou a cabeça comendo o último pedaço do bolo.

Na suma, o referido período ocorrera inicialmente​ numa época em que fugiu do colégio interno ao convento, mas alguns obstáculos na adaptação fez-la repetir o processo retornando a igreja da cidade natal. Sem coragem de contar a verdade, pois viriam as perguntas sobre o que a de tão grave impediu seu avanço, perpetrou a mesma versão.

—Monsieur ligação de Santiago.— Pierre comunica.

—Licença meninas.— dirigiu-se ao escritório.

Após sumir na imensidão da mansão cabisbaixo, a noviça comenta:

—Seu pai estar diferente!

Cora havia notado, naquela manhã às lamentações do pai pareciam ter ressurgido como doenças venericas. Isso só fomentou o desejo dele sair de Londres.

—Mamãe pediu o divórcio essa manhã.

— Que lástima! Pedirei conforto ao senhor por ele!— Segurou o terço no pescoço em oração.

Cora sorriu com a expressão e respondeu:
—Vai ser melhor para ele e infelicidade para ela. Papai vai viajar em folga interminável para se reconstruir, isso é melhor que afundar na tempestade.

—O casamento é sagrado, deve ser mantido!—Retrucou a noviça.

— Não seja fantasiosa, a única coisa que ela deixou foi um buraco de adultério e será meu pai a tampar.— disse em tom séria a dama.

— Também vai partir?

—Não, mas mudarei em breve, decidi viver sozinha, sem regas, vai me gerar maravilhas.

Acabando de limpar os lábios a noviça mexia inquieta na cadeira. Cora a analisavam, os movimentos grosseiros dela só significava uma licença para dizer algo inóspito.

—Pergunte noviça!

Luíza encontrou seus olhos fixos em si esperando a pergunta. Então levantou se e ficou a olhar o jardim.

—Por que mudaste de assunto quando falei de Haia?

O sorriso que autora era meigo, além de trazê-lo sempre fechado, agora transgrediu em uma satírica. Os lábios vermelhos moviam se ardilosos.

—Nada mudou desde que fui pupila de uma mulher insana, sempre era eu me descobrindo. Não há um motivo, só queria guardar as lembranças no poço sem fundo.

Depois de dar um gole do suco na traça, lembrou de dar um recado importante.

—Ah! Ia me esquecendo de anunciar meu primeiro ato liberta.—fez suspense.

ORDÁLIAOnde histórias criam vida. Descubra agora