Heaven

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As vezes sabemos quando somos diferente dos outros não é? As vezes eu sentia que tinha nascido diferente, vai saber né? As pessoas complicam tanto suas vidas, e as nossas tambem. Acho que na verdade eu sempre soube que era diferente, mas isso só ficou viasualmente obvio aos meus 14 anos. Onde tudo começou de verdade.
Eu apenas observava de longe aquela pessoa, a pessoa que me cativava de uma forma incrivel, agradecia por termos uma amizade tão boa, a pessoa que possuia os mais belos olhos esverdeados que eu já havia visto, eles pareciam faróis, eram hipnotizantes. Sua boca era convidativa, carnuda e bem rosada, sem falar no teu sorriso... Sem comentarios, me deixava louco, seus cabelos estavam sempre para o lado esquedo, não parecia ser nem um pouco liso, mas isso são so detalhes. Sua pele era clara, rosada e levemente bronzeada. Quem sabe ama-la não fosse tão doloso, quem sabe lhe olhar não fosse tão contraditório, talvez eu não sofresse tanto, se essa pessoa não fosse um garoto.
''A verdade corre solta, como uma lagrima por uma bochecha'' essa frase estava fazendo todo o sentido nesse momento, chorava em silencio em meu quarto enquanto tentava não encarar a realidade de como eu realmente era, pensava no desgosto do meu pai, eu ficava mentindo atraves dos meus dentes. Esta voz interior estava me devorando, eu estava negando ao maximo o que eu sentia, negava o que eu era, ''eu não gosto de ser assim!'' Gritava para mim mesmo todos os dias, e as lagrimas caiam sob meu rosto novamente.
Ouvia tanto as pessoas dizendo o quão isso era errado, o quão ser assim era pecado, que Deus abomina quem gosta de pessoas do mesmo sexo. Aquilo acabava comigo lentamente todos os dias. Eu tinha medo de não ser aceito, tinha medo de apanhar, as pessoas com certeza se afastaria de mim, e pior, Eu provavelmente não iria para o céu.
Era uma guerra constante comigo mesmo, todos os dias aquela dor me consumia mais, cheguei a pensar em me ferir ou até mesmo me matar por diversos momentos, porem não havia coragem.
Eu estava gritando comigo, tentando manter a fé, porem imaginava o rosto dele me encarando e voltava a chorar. Estava cansado de sofrer tanto por nada, estava negando, comecei a tentar acertar as linhas que eu traço, pra quem sabe achar um conforto. Essa voz interior era realmente forte, ela estava me consumindo, esatva começando a tentar aceitar essa imagem que eu pinto e me pintar livre!
Um dia estava em casa com minha amiga, estavamos com assuntos aleatorios como sempre tivemos, até que ela olhou fixamente em meus olhos e soltou:
- Me responde com a maior sinceridade do mundo - Disse ela com um tom serio na voz - Você é gay?
Eu arregalei os olhos e a olhei fixamente sem saber o que falar.
- Não tem problema se você for, vou estar com você do jeito que você for - Finalizou ela
Eu sentia um enorme peso saindo levemente de meus ombros, meus olhos se marejaram e eu comecei a chorar, chorava freneticamente nos ombros dela. Me sentia tão feliz e leve. Saber que tinha alguem que me amava mesmo eu sendo gay me deixava extremamente feliz
Após aquele dia comecei a pesquisar mais sobre o universo gay, via de pessoas sendo maltratadas a outras bem sucedidas na vida. Via confissões de ex-gays, do qual não me conveceram nem por um instante, via relatos de homossexuais que viveram se escondendo e se arrependem de ter se escondido por tantos anos, alegando que deviamos ter coragem para seguir nossa felicidade. Comecei a mudar meus conceitos sobre como me sentia, criei um novo ''Eu'', ou melhor, eu me permiti ser Eu. Então eu tive uma certeza, sem perder uma parte de mim, como eu posso chegar ao céu? sem mudar uma parte de mim, como eu posso chegar ao céu? Todo meu tempo desperdiçado sentindo que meu coração estava errado.
Após essas diversas descobertas, resolvi me abrir com ele, mandei uma mensagem:
''Preciso conversar com você'', da qual ele respondeu sem demora:
''Estou indo a sua casa agora!''
Fiquei o esperando deitado em minha cama, ele demorou uns minutos e logo entra em meu quarto.
- Vim correndo, o que aconteceu? - Ele perguntou meio assustado
- Senta aqui - Fiz com a mão pra que ele sentasse ao meu lado, e ele fez - Eu preciso me abrir com você.
- Certo, pode falar.
- Eu quero que a verdade corra solta, igual crianças no concreto - Adoro usar analogias, ajudam na compreensão - Eu me acertei comigo mesmo e agora estou pronto pra tudo, eu sonho acordado, fecho os olhos e imagino seu rosto me encarando, tantava substituir esse amor que finjo, com o que o amor que eu preciso. - Olhei fixamente nos seus olhos - Talvez eu me arrependa, mas preciso tentar.
Me aproximei dele que estava estatico.
- Vou deixar finalmente tudo que eu tinha medo para trás - Disse perto dele, foquei em seus olhos e fiquei estatico, um nervosismo me invadiu nervoso, até que a mão dele se aproxima do meu rosto e me puxa para mais perto, nossos labios se tocam e uma corrente eletrica passa pelo meu corpo, era um beijo com muito desejo, era algo que eu queria a muito tempo. Ali minha historia iria realmente começar!
E nesse momento, nos devaneios do beijo eu finalmente entendi que, então , se estou perdendo uma parte de mim, talvez eu não queira o céu.
[...]
A pessoa mais dificil para a qual eu tive que me assumir gay foi eu mesmo. Quando eu comecei a perceber que talvez fosse gay, eu tive que me fazer todas essas perguntas. Essas perguntas bem assustadoras.
''- Sera que um dia encontrarei alguem?''
''- Será que serei capaz de ter uma familia?''
''- Se existe um Deus, este Deus me odeia?''
''- Se existe um céu, sera que irei para lá?''
E todas essas perguntas foram muito assustadoras para um garoto de 14 anos. E depois, durante o processo, eu comecei a construir está autoconfiança e autoestima e percebi que, sim, eu sou gay. Eventualmente, eu cheguei a um ponto que falei.
''- Bem, se existe um céu, mas eu não posso ser eu mesmo lá em cima, então talvez eu não queira o céu.''

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⏰ Última atualização: Dec 27, 2015 ⏰

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