O Plano do Palhaço

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Batman não era um sujeito que tirava férias. Quando o fazia, como nessa ocasião, o seu prodígio, Asa Noturna, vigiava as ruas de Gotham como se fossem suas, o que eram, afinal de contas.
O pequeno tempo – uma semana – em que o Morcego repousava no seu reduto, infelizmente, secreto, foi o suficiente para o Palhaço do Crime bolar seu plano astuto de capturar e matar o Batman.

Matar, por que não? A essa altura do campeonato, o que impedia o Palhaço de matar o Morcego, ou vise versa? O amor doentio que os dois tinham um pelo outro os mataria algum dia, com certeza, por que não mais cedo do que o cavaleiro das trevas pensava?

De volta a seus afazeres em Gotham City, o morcego se deparava com o símbolo da esperança de Gotham: o morcego estampado no céu. O maldito sinal que indicava que tudo estava ferrado e que teríamos que recorrer a nossa última e, por que não, melhor opção: Batman, e, se estivéssemos com tanta sorte, o Asa Noturna.

A noite era como qualquer outra: assustadora, fria e nada acolhedora. Essa era Gotham. Se os criminosos estivessem gostando, estava bom. Uma das grandes qualidades da cidade.
O Batman seguiu um carro da policia e conseguiu escutar pela sua frequência – quem não esperava que ele tivesse uma? – que a policia procurava por uma garota chamada Emma Robbins, 17 anos, tinha desaparecido na noite anterior e logo depois receberam uma ligação do maluco de pedra mais ilustre que essa cidade jamais receberia: Coringa.

O palhaço, de bom grado e rindo absurdos, confessou ter pego a garota e esperava o Batman numa certa locação, como o morcego saberia aonde? A charada era clara: Onde até o sol se assusta em bater, mas o Batman adora.

O morcego teve que confessar achar a charada até engraçada. Um sorriso podia ser visto em sua boca, que pena que ninguém podia aproveita-lo, visto ter dito ao seu companheiro, o Asa, que dessa ele cuidava sozinho: o Coringa era dele.

As docas de Gotham. Se Gotham já não era nenhum cartão de visitas para lua-de-mel, as docas são, certamente, o melhor que a cidade tem a oferecer em termos de desapropriação de objetos pessoais, perda de dignidade, mudança de estado psicológico e passagem só de ida para o Reino de Deus. Lá, onde o Coringa guardava Emma, se ainda estivesse no nível normal de loucura.

Chegando lá, Batman procurou de casa em casa. Galpão em galpão. E num certo galpão, no qual a luz de um buraco no teto era a única fonte de luz, viu uma cadeira bem no foco da luz e uma senhora sentada nela.

Desceu rapidamente, pelo buraco no teto.
– Não há necessidade de sentir medo, senhora. Eu estou aqui para ajudar.
Hahahahahaha.
Batman só podia ver a parte de trás da garota, e era uma senhora até formosa com cabelos loiros encaracolados, porte reto e olhar para frente.
– A senhora está bem? – o Morcego estava preparado, como sempre, e já tinha ativado o purificador de ar na máscara, para o caso de gás do riso.

A senhora virou e de senhora não tinha nada. Um louco com cara branca, boca vermelha e cabelo verde revelado depois da remoção da peruca, Batman logo soube: Coringa.
– Coringa, o que fez da garota?
– Coringa? – o homem ria – Não conheço nenhum, desculpa.
O homem sacou uma arma e apontou para o Morcego. Ele estava tenso.
BAAM.
E várias cartas curingas saíram do cano. O homem riu histericamente. Tirou um pílula do bolso do paletó e tomou. Logo, estava morto, caído no chão.
– Um falso coringa. – E pegou no cabelo do homem; a tinta verde saiu rapidamente – Quem seria louco para morrer pelo maníaco?

Aquele certamente não fora o último Coringa falso: depois disso, vários Coringas começaram a aparecer em outras cidades e o Batman acabava por ir atrás dessas pessoas e tentar descobrir o que estava acontecendo. Central City, Starling City, Metropolis. Todas tinham seus heróis, e agora, também tinham seus Coringas. Nada é tão louco que não posso ficar mais, não é?

Batman - O Plano do PalhaçoOnde histórias criam vida. Descubra agora