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As luzes do teto turvas pela minha vista cansada e o movimento rápido da maca sendo levada pelo corredor.

Passos apressados para entrar dentro de uma sala toda branca.

Médicos em volta de mim, uma sonda sendo introduzida pela minha boca. Eu estava sentindo tudo e lutava para me manter acordada.

Ver todo aquele líquido retirado do meu estômago me deu nojo, e se houvesse mais alguma coisa dentro dele, vomitaria naquele instante.

Depois de minutos torturantes que mais pareceram horas, acabou, e pude enfim deixar o sono me dominar.

***

Já estava de tarde e eu ainda continuava presa naquela cama. Minha irmã era a única que estava no quarto e preferi não dizer nenhuma palavra a ela.

Olhei para o lado e vi uma enfermeira se aproximando de mim.

- Que bom que acordou! - disse ela sorrindo gentilmente e eu me limitei a um sorriso com os lábios fechados - Está se sentindo melhor? - assenti - Se precisar de algo é só me chamar - assenti novamente vendo ela se retirar logo em seguida.

Fiquei encarando a porta já fechada. Pude escutar os passos das pessoas que passavam no corredor, alguns apressados e outros mais lentos, até que um deles parou em frente à porta e alguém a abriu. Era minha mãe, seu olhar expressava angústia e alívio enquanto ela caminhava até a cama.

- Por que Eliza? - sua voz estava arrastada, sintomas de quem não teve uma boa noite. Me senti mal por ter sido a culpada disso e naquele segundo desejei muito voltar no tempo.

***

A chuva caía ferozmente lá fora, o som estrondoso dos trovões e o dia que anteriomente se mostrava terminar em uma temperatura mais elevada, mudou completamente, tornando aquela noite fria.

No quarto havia uma única cadeira, ocupada por minha mãe que dormia de um modo desconfortável que até me impressionava como dormia tranquilamente.

A cada minuto que se passava a chuva aumentava lá fora e com ela as lembranças daquele dia.

Meu pai, as fotos, os comentários, os xingamentos.

As horas, os dias, os meses, o isolamento.

Nojo, medo, arrependimento, dor.

As cenas daquele dia passavam como fleshes, é inevitável relembrar. Parece que quanto mais tento, mas penso.

Me encolho na cama procurando pensar em coisas boas mas nada encontro.

A conversa com minha mãe mais cedo foi desconfortável, assim como os olhares acusadores de minha família e as palavras, que me deixaram mais mal ainda. Eu sei que estava errada e me arrependo pelo que fiz, mas não aguentava mais chorar, eu não aguento mais lembrar, sentir essa dor que não cessa nunca. Não consigo controlar a vontade, porque eu sinto que vai voltar, eu só espero não fazer novamente.

***

Já eram duas horas da manhã e a chuva que havia parado a poucos minutos, voltou a cair. O sono que tanto procurava acabou chegando e enfim consegui dormir.

Estava passando por um corredor todo branco. A cada passo que eu dava para chegar até a porta vermelha que havia em seu final, uma pessoa aparecia proferindo insultos à mim. Todas essas pessoas vestiam roupas pretas. A cada palavra dita, uma parte do vestido branco que eu usava, se tornava vermelha.
No final do corredor, uma ultima pessoa apareceu em minha frente, era minha avó. Quando sua primeira palavra foi dita, meu vestido se tornou vermelho sangue. Ignorei a mulher que continuava me insultando e tentei abrir a porta. Tentei girar a maçaneta uma vez e ela nem se mexeu, uma segunda tentativa e percebi que minha mão escorregava, olhei-a e reparei em sangue escorrendo, olhei para o chão e vi uma pequena poça. Limpei minha mão no vestido e tentei girar a maçaneta novamente, conseguindo desta vez.
Quando a porta estava totalmente aberta, uma dor enorme invadiu meu peito e eu caí de joelhos sem forças para levantar. Alguém se aproximou de mim e colocou a mão em meu ombro, seu rosto estava embaçado e eu não pude ver quem era.
A dor estava aumentando cada vez mais, até que um grito estridente e doloroso saiu de minha boca.

Acordei agitada pensando em quem seria a pessoa que estava dentro daquela sala. Olhei ao meu redor e percebi que minha mãe ainda dormia. Eram sete horas da manhã e já podia se perceber bastante movimento nos corredores do hospital.

Uma enfermeira apareceu no quarto acordando agora minha mãe com o barulho da porta. Caminhou até ela e disse que eu já poderia voltar para casa.

***

Abri a porta de casa e me deparei com minha avó parada me observando. Sorri com os lábios fechados para ela, vendo seu semblante ainda inexpressivo, desmanchei meu sorriso e caminhei até meu quarto.

Do quarto dava para escutar em partes a conversa entre minha mãe e vinha avó, elas falavam sobre algo que eu deveria começar a fazer na próxima semana, não deu para escutar ao certo o que era mas confesso que me deixou curiosa.

Meus pensamentos voaram para o futuro. Como será meus próximos dias naquela escola? Como vou encarar aquelas pessoas?

Caminho até a pequena mesa do meu quarto, me sento na cadeira e ligo o computador. Preenchi meu tempo e pensamentos com vídeos do YouTube e jogos online. Essas sempre foram opções que me deram resultados.

Já eram quase nove horas da noite e eu ainda estava grudada na frente do computador.

- Eliza? Você não vai comer? - perguntou minha mãe entrando no quarto.

- Estou sem fome - respondi ainda focada.

Minha mãe se retirou no quarto e minha irmã entrou logo em seguida.

- Você está bem? - perguntou ela e eu soube que não era essa a real pergunta.

- O que você quer saber? - parei o que estava fazendo e me virei para encara-la.

- O que aconteceu para você...? - ela não terminou de falar mas eu entendi exatamente.

- Descobriram Nicole - uma dor já comum ultimamente retomou seu lugar em meu peito, trazendo com ela a vontade de chorar.

- Como? - seu semblante demonstrava o quanto ela estava preocupada.

- Eu também quero saber - as lágrimas começaram a rolar livremente assim que essas palavras saíram.

***

Meus amores ♥

Devo mil desculpas à vocês pela demora. Estou com um terrível bloqueio criativo, quem também escreve sabe o quanto isso é ruim. Tentei várias e várias vezes escrever esse capítulo e no fim ainda não consegui o resultado que queria. Isso que dá não me planejar direito hue

Uma dica para quem está ou vai começar a escrever um livro: deixe capítulos já prontos antes mesmo de publicar o primeiro, isso ajuda muito quando ocorrem incidentes como o bloqueio criativo.

Enfim.. Eu sei que demorei e vou tentar não fazer novamente, mas não posso prometer porque sabemos que não podemos mais confiar no 3G.

Espero que tenham gostado do capítulo. Ainda virá muitas coisas por aí...

Até mais ^-^

Beijinho :*

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⏰ Última atualização: Jul 07, 2022 ⏰

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