Capítulo 5: Ian

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Nunca fui fã de sair de casa, especialmente depois do sequestro. O problema é que quando minha mãe coloca uma coisa na cabeça, ela nunca tira. E ela colocou na cabeça que eu trabalhar como tradutor de livros em casa estava me deixando muito solitário e depressivo. Mas a minha mãe não consegue me convencer de nada. Então, ela apelou para o plano B, Lucinda. 

Lucinda é a mulher que realmente me criou. Ela cuida de mim desde que fiz um ano de idade, e minha mãe voltou a trabalhar com meu pai como acionista. Lucinda é a única pessoa que consegue me convencer a fazer algo que não quero, como viajar com dois conhecidos não muito queridos e dois desconhecidos para uma casa de praia em Huntington Beach. 

Apesar de ir relutantemente, até que está sendo melhor do que eu pensava. Seth é um cara muito divertido, e ele conversa comigo quase o tempo todo. O tal Brian tem que dar atenção para Jane o tempo todo, e sinto nojo desse relacionamento dos dois. Ela parece precisar dele o tempo todo, enquanto ele só quer ficar um pouco livre. 

Courtney parece ser assombrada por algumas coisas. Ela também me parece uma boa pessoa, e conversou comigo bastante durante o jantar. 

Assim que Courtney se retirou, todos foram para seus quartos. Eu então, liguei meu notebook e passei a traduzir alguns textos do francês para o inglês. Apesar de todos ali estarem de férias, meu trabalho não parava. 

Era madrugada quando ouvi o barulho. Uma batida na porta de um quarto, baixa, porém insistente. Meu quarto ficava no final do corredor, o som parecia vir de um dos primeiros quartos. Sei que bisbilhotar é errado, mas não posso evitar. Ouço duas vozes conversando, de um homem e uma mulher. 

 — O que você quer? É madrugada. — ouço a voz feminina, que soa irritada.

—   Eu... Eu te amo. — o homem fala, hesitante. Então, ele continua: — Eu não quero ficar longe de você, Court. Eu já cansei dessa mentira. Você sabe o que aconteceu no inverno, não negue. 

— Aquilo foi um erro. Vá embora, Brian. — Courtney parece relutante com o que fala, como se realmente quisesse que Brian ficasse. 

—   Eu vou terminar com a Jane amanhã. Mesmo se você não quiser ficar comigo agora, eu não quero mais ficar com ela. Ela é egoísta demais, carente demais. 

  — Não fale assim dela. Ela não teve a atenção que precisava quando era criança, por isso é assim. — Courtney defende a amiga, mas eu sei que Brian está certo. Os pais de Jane pouco se importavam com ela, assim como os meus. Estavam sempre focados no lucro, no dinheiro que conseguiriam. 

— Court, eu... Eu falo sério. Eu realmente te amo. —Courtney fica calada, e apenas ouço a porta fechando como resposta. 

Não acredito no que ouvi. Pelo jeito, tudo ali é bem mais distorcido do que pensei que seria. Então, Brian não é o namorado perfeito, e Courtney parece ter traído a confiança da amiga. E Jane reclama do garoto esquisito que não fala, enquanto nem sabe que o rapaz que dorme na sua cama deseja sua melhor amiga; e pior, parece ser correspondido. 

Continuo a traduzir meus textos por aproximadamente uma hora, tomo meu remédio de dormir, e caio no sono rapidamente. 





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