2° Capitulo.

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Parei na porta e respirei fundo. Aquela seria a minha turma por um bom tempo.
Analisei o rosto de cada uma das pessoas lá dentro. Tinham as líderes de torcida, todas pareciam vadias com aquele uniforme curto e transado (caralho, essas garotas não sentem frio?), se debruçando na mesa de alguns garotos que pelo que vi eram do time de futebol, tinham os nerds em um canto da sala, tinham os bagunceiros, aqueles que se acham os gostosões, as garotas um pouco normais e o grupo de garotos com o qual Louis se juntou no fundo da sala.
Dei mais uma olhada na sala e me sentei em uma das poucas carteiras vagas, ficava do lado da fileira onde Louis estava sentado. Me acomodei e fiquei segurando o queixo com as mãos, Louis cochichou algo para o garoto que estava na frente dele e ele olhou para mim, idiotas. Eu pensei que o Louis era legal. Eles ficaram me olhando e cochichando até que uma professora chegou. Ela era jovem até, tinha por volta de trinta anos, era bonita e se vestia muito bem. Ela começou a explicar o esquema das aulas dela, depois disse que os alunos novos teriam que se apresentar. Ótimo. E só pra ajudar ela começou comigo.
-Qual é o seu nome, querida? – perguntou.
-Querida? Tem certeza que ela uma menina? Ela se veste como um garoto! – uma voz enjoada falou no fundo da sala. Okay, essa garota quer morrer, não é? Virei a cabeça para trás bem devagar e a encarei. Eu queria avançar nela, pular naquele pescoço, torcer ele e depois sambar no cadáver dela.
-Garoto? Prefiro me vestir como um garoto a me vestir da forma que você se veste. Sinceramente, você está indo pra escola ou para o seu emprego? – falei tranquila. – Você só está aqui para dar em cima do primeiro idiota que aparecer na sua frente. – disse sem alterar a voz. Ela fez uma careta escrota, e eu me voltei para a professora. – Me chamo Catherine.
A professora estava com os olhos arregalados. Juro que eu não queria arrumar confusão no meu primeiro dia de aula, mas essa garota pede, não é? Não sei o porque eu me controlei, eu poderia ter surtado ali mesmo, mas eu não queria que pensassem que sou uma louca, nem que descobrissem o que eu tinha. Porque aí mesmo, eles pensariam que eu sou maluca. Ninguém entende o que eu tenho, eles preferem pensar que sou insana, ao invés de perceberem que isso é sério, e que eu não sou louca. Eu não me visto como um garoto, quer dizer, eu sempre me vesti assim e nunca reclamaram. Eu estou de jeans, All-Star, e moletom. As outras garotas daqui usam vestidos e saltos, existem poucas que se vestem como eu.
-Seja bem-vinda, Catherine, serei sua professora de matemática. – ela disse e sorriu depois, sorri de volta. Ela voltou a perguntar os nomes dos alunos novos, que eram poucos. Depois das apresentações a professora falou algo sobre sentar em dupla, droga. Eu não quero me sentar em dupla com ninguém. Pensei em ficar quieta, no final sobraria mais alguém e a professora diria com quem eu deveria me sentar.
Peguei meu exemplar de ‘Fallen’ e comecei a ler enquanto os demais alunos escolhiam suas duplas. Notei uma alma parada ao meu lado, desviei os olhos do livro para encarar a pessoa ao meu lado. Era um rapaz com um cabelo muito estranho, parecia um ninho de ratos. Fiquei olhando-o, ele também me olhava, mas não falou nada. Ergui uma sobrancelha. Ele continuou ali parado. Percebi que ele era um dos amigos de Louis.
-Perdeu alguma coisa aqui? – perguntei.
-Não, na verdade... Quero saber se você quer sentar em dupla comigo. Sou Harry. – ele disse dando um sorriso torto. Ele estava tentando ser sedutor, provavelmente ele pensou que eu cairia de amores por ele. Idiota.
-Na verdade, eu prefiro ir sozinha, Larry. Por que não se senta com alguma vadia? – disse dando um sorriso sarcástico.
-Harry – corrigiu. – Porque sobramos apenas nós dois, Cathy. – ele disse levantando as sobrancelhas e eu olhei em volta. Todos estavam com um par, exceto eu e ele. Revirei os olhos.
-É Catherine para você, Larry. Senta aí logo. – disse dando ênfase no “Larry” e ele se sentou ao meu lado.
Ok, quem esse garoto pensa que é? Ele deve ser só mais um desses idiotas que se acham os “pegadores”. Por favor, eu não sou ingênua o suficiente para cair na lábia dele.
A professora começou a entregar para os alunos uma atividade de revisão.
Peguei minha folha e comecei a resolver os exercícios. Depois de dez minutos eu já tinha acabado. Olhei para o babaca sentado ao meu lado, ele ainda não tinha feito nada na folha.
-Não vai fazer? – perguntei.
-É que... Eu meio que... Ah, eu... Eu não sei fazer – ele disse.
-Mas isso é o mínimo que você tem que saber fazer, como você passou de ano? – perguntei incrédula.
-Eu não passei, digamos que... A professora de matemática gosta de garotos mais novos. – ele disse sorrindo como se estivesse se lembrando de algo.
-Eca! Você seduziu a professora de matemática? – falei um pouco alto demais.
-Shhhh! – disse. – Mais ou menos isso. – falou se orgulhando.
-Você é escroto. Ela tem idade pra ser sua mãe!
-Eu sei, mas eu precisava passar de ano. Sabe, às vezes é preciso fazer sacrifícios pela sua carreira acadêmica. – ele disse como se fosse a pessoa mais esperta da sala.
-Nossa, sim, estou vendo o sacrifício que você fez. Aliás, é impossível salvar uma carreira acadêmica quando ela não existe. – eu disse sorrindo.
-Não me subestime.

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