Vou começar tentando me descrever, como se tivesse muita coisa pra falar de uma garota tão comum como eu. Vamos lá, meu nome é Mariana Martins, eu tenho 17 anos, morena, cabelos pretos ondulados, 1,60. Sim, eu sou baixinha. Nem tão gorda, nem tão magra, mas em busca de melhorias. O que é muito dificil porque. 1- eu odeio exercício físico 2-academia é lugar de gente doida, porque olha, sem condições 3- eu tenho preguiça de absolutamente tudo. Eu amo ler e escrever. Arrisco tocar violão, mas prefiram nunca ouvir. Amo estar com meus amigos e familia, ainda mais se estivem todos reunidos na minha casa. É, eu também sou meio antissocial. Eu tenho uma certa dificuldade em me comunicar pessoalmente, digamos que sou um desastre mesmo. Quando to nervosa por conta da timidez começo a falar tudo que vem na cabeça, mas adivinhem? Foi assim que eu consegui meus amigos. A primeira impressão é a que fica, e a minha com certeza é ser uma débil mental que faz as pessoas rirem e se sentirem felizes ao meu lado. Acho que essa descrição é a melhor pra vocês me conhecerem. Ainda to no ensino médio, concluindo o terceiro ano. Hoje é dia de rever os amigos depois do fim de semana prolongado. De volta a rotina...
Acordei 7h da manhã, depois de muito esforço para levantar da cama, como todos os dias. É segunda-feira, mais um dia no colégio. As meninas como sempre, super arrumadas, com seus cabelos que parecem ter acabado de sair do salão e as roupas mais novas que adquiriram no fim de semana. Pareciam ir à uma festa do que ao próprio instituto assistir aula. Eu, quase um projeto de hippie, me contentava em tomar um banho, colocar a calça jeans rasgada, a regata mais folgadinha e o meus vans desbotado. Meu cabelo ia do jeito que acordasse, no máximo passava a mão pra disfarçar o frizz. Ás vezes eu tentava, juro, mas é que o mais simples é bem mais confortável. Tudo bem, eu deixo pra me arrumar melhor na próxima festa ou social com os amigos. É sempre bom dar aquele impacto, né? Mas não, não com os meus amigos que me tratam como uma geca. Vocês sabem o que significa? Não? Pois é, são aquelas meninas da roça, sem acesso a nada digamos, moderno. Quando eu passo maquiagem ou ponho um salto então, é pedir pra ser a atração da noite, atração de humor, melhor dizendo. Mas nada disso importa, eu tenho os melhores amigos do mundo, os quais eu faço questão de fazê-los felizes, mesmo fazendo o papel da palhaça que é mais zoada do que animador de festa infantil. Eu não moro longe do colégio, ele é em frente a minha casa, divididas apenas por uma pracinha. A aula começa as 8h10, mas mesmo assim saio de casa faltando uns 15 minutos, porque todos se reúnem no banco da praça antes do porteiro abrir os portões. Chego perto e Carol, Lucas e Katarina já estão lá.
-E aí, Mari! -diz Lucas, com aquele charme natural e sua mecha loira na lateral dos cabelos lisos, que por sinal, é linda. Ele sorri e eu lhe dou um abraço. Eu amo estar por perto e fazer com que eles se sintam bem ao meu lado. Percebo Carol meio abatida, sento ao seu lado e falo baixinho. -Ei, que carinha é essa? E ela dá um sorriso de canto de boca como quem quisesse dizer que tá tudo bem, mas olha, eu sei que não tá. Carol é daquelas meninas super animadas, que conversam alto e está sempre sorrindo, conversando com todo mundo ao redor. Deixei ela num espaço, afinal, eu sei que amigos não podem simplesmente ficar sufocando o outro. Isso não ajuda em nada, pelo contrário. Resolvo perguntar mais tarde então. Viro pra Katarina e tento chamar a atenção dela. -E aí, Katy, como foi o fim de semana? Ela ta super distraída no celular, como sempre. Insisto. -Ei, Katy! Como foi o fim de semana? Ela sorri e consegue assimilar uns sessenta por cento do que eu falei e responde com pouca animação. -Ah, foi legal. Como sempre o pessoal foi lá pra casa, comemos alguma coisa e conversamos até tarde. E o seu? Ora, como se ela não soubesse que todo fim de semana vai me encontrar em casa cercada de livros que comprei e ainda não consegui ler ou assistindo e tentando atualizar tantas séries que quero assistir ao mesmo tempo. Então, respondo. -Normal, em casa, como sempre. Já está na hora de subirmos pra nossa sala, tudo normal, todos em seus grupos e em seus devidos lugares. Ouvimos a porta bater, e como de costume, era Lara, que sempre chegava atrasada e com a cara de que não sabe o que tá fazendo acordada a essa hora. Ela é a minha maior companheira, aquelas amigas que você nunca se sente desconfortável pra desabafar qualquer coisa e que vocês podem ficar dez anos sem se encontrarem e tudo vai estar da mesma maneira. Ela se senta ao meu lado e eu a espero se acostumar com o ambiente. Ela olha pra mim e sorri. -Eu não dormi praticamente nada essa noite. Anota as explicações e depois me passa? Eu concordo com a cabeça e a aula começa. É aula de geografia, nada melhor pra uma segunda-feira de manhã, não é mesmo? Ah, voltando a Lara, ela tem um problema sério de insônia, e como se não bastasse, é viciada em café. De todas as meninas, ela é a mais parecida comigo, em relação aos gostos, claro, porque, cara, a Lara é linda demais. Seus cabelos longos castanho médio, lisos, que contrastam com sua pele branca, parecendo um algodão. Seu rosto é lindo, acompanhado de um sorriso branquinho que encanta qualquer um. Ela consegue ser mais antissocial do que eu, é sério, eu só vejo a Lara no colégio mesmo.
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A Menina Que Não Sabia Se Amar
Short StoryConta a história da Mariana, uma garota simples, que amava fazer as pessoas próximas a você felizes, mesmo que não sentisse o mesmo. Disposta a sempre colocar o outro a sua frente. Ao longo da história Mariana aprende a lidar com esse amor a todos e...