PRÓLOGO - A DECISÃO.

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  Entrei na sala meio atordoada, eu sabia a gravidade do que estava acontecendo, do que eu tinha causado. Ele estava sentado na sua poltrona, e lia atentamente um mapa velho e meio rasgado pelo tempo.
  Ele não precisava me olhar para saber que eu estava ali.
-Eu ouvi falar sobre uma cidadela pacata no interior – ele dizia confiante, mas eu sei o medo que ele tinha nos olhos – O nome é meio esquisito, acho que por isso foi tão difícil encontra-la.
  -Qual o nome da cidadela? –pressionei-o. Queria ao menos saber o nome do nosso novo "lar".
  -Howlitte Village, acho eu – ele parecia pensativo – tem esse nome graças a extração de pedras, muito antes de uma grande explosão destruir grande parte das minas. Agora a cidadela é habitada por pessoas que pretendem fugir da civilização...
  Abaixei os olhos.
  Filiph nunca quis sair da cidade grande, ele ama viver no meio de pessoas, claro, ele é advogado.
  E eu tirei isso dele.
  -Me desculpa... – pedi - Eu... Eu não devia...
  Em um piscar de olhos ele saíra do outro lado da sala e veio até mim.
  Repousou o dedo indicador nos meus lábios e eu me calei.
  -Eu teria feito o mesmo, querida – e eu sabia que ele não mentia.
-Mas e se eles nos acharem? – Questionei – O que iremos fazer?
  -A única coisa possível – Ele me olhou com certo brilho avermelhado nos olhos. Eu me assustei, podia ver a raiva neles, e provavelmente ele percebeu que eu reparara pois me tomou em seus braços e repousou a boca em minha testa. Um toque suave como o ar se comparado com o brilho ardente como fogo em seus olhos – Nós iremos lutar, querida.

E no calor de seus braços, como se nada pudesse me segurar eu desabei, um choro contido, sem o direito de ter lágrimas, mas tão doloroso quanto.
Uma hora iríamos ter que lutar.
                                                           

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