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Eu tinha cinco anos, três meses, vinte e nove dias e quinze horas de vida; você tinha sete anos, oito meses, vinte e três dias e quinze horas de vida. Você estava sentado em um dos balanços do parquinho, junto aos nossos amigos. Estávamos todos entediados, sem ideia alguma para inventar outra brincadeira, quando um deles falou.

"Por que não brincamos de casinha? Já vi minhas irmãs brincando, e é muito divertido" disse Taehyung animado.

"Era divertido porque você comia o que ela fazia ou porque era divertido mesmo?" perguntou Hoseok.

Taehyung riu, concordando que era divertido por causa da comida. Hoseok pausou, franzindo o cenho.

"Não tem nada pra fazer mesmo" começou Hoseok sorrindo.

Naquela tarde, vimos nossos dois melhores amigos se casando de mentira. Você riu, zombando deles, e meu coração quebrou silenciosamente, porque eu também queria casar com você, mesmo que fosse de mentira.

Eu tinha oito anos, quatro meses, treze dias e nove horas de vida; você tinha dez anos, oito meses, dezessete dias e nove horas de vida, quando resolvi confrontar o que realmente sentia por você.

Hoseok me dizia que era normal, já que ele sentia o mesmo por Taehyung.

Eu não achava normal. Como poderia ser normal amar tanto uma pessoa só? Como poderia ser normal sentir seu corpo queimar quando ela te tocava? Três anos depois e eu ainda não sabia o porquê de isso acontecer. Três anos depois e eu ainda te amava com uma fervura estridente. Três anos depois e você ainda não sabia.

Eu tinha onze anos, quatro meses, cinco dias e duas horas de vida; você tinha treze anos, oito meses, dois dias e duas horas de vida, quando você me ligou, aos prantos, e disse tudo o que eu sempre quis ouvir.

Você me disse que não aguentava mais aquele sufoco invadindo seu ser, que se passasse mais um segundo sem me amar como eu devia ser amado, não saberia o que faria com si próprio.

"Eu te amo, Jeongguk."

Eu tinha dezessete anos, nove meses, trinta dias e sete horas; você tinha dezenove anos, quatro meses, vinte e sete dias e sete horas. Estávamos em meu quarto, sua cabeça encostada em meu ombro, assistindo a algum filme inteiramente piegas, quando te vi chorando, logo na cena em que o casal se casa numa ilha.

Ali, decidi que era você. Sempre foi você. Ali, também, fiz a melhor escolha de minha vida inteira.

"Casa comigo" suspirei.

Não precisei de som algum ao ver o sorriso em seu rosto.

Eu tinha vinte e um anos, três meses, quatro dias e dezessete horas de vida; você tinha vinte e três anos, sete meses, oito dias e dezessete horas de vida, quando o tempo parou.

Pelo que minha mãe conta até hoje, haviam, pelo menos, trezentas pessoas naquela igreja. Mas eu não via ninguém. Recebi amigos distantes, amigos que não via há anos, familiares que não via há séculos, mas tudo que conseguia ver e prestar atenção era em você.

Naquele momento, o tempo parou. A partir do seu "sim", o mundo já não era o mesmo - eu já não era o mesmo.

Tenho vinte e quatro anos, três meses, nove dias e duas horas de vida; você tem vinte e seis anos, oito meses, um dia e duas horas de vida, e te beijo, pelo rosto todo.

Beijo sua testa, suas orelhas, seu pescoço, seu queixo, suas bochechas gordinhas, seu nariz, seus olhos fechados e, por fim, beijo sua boca.

Agora, nesse momento, eu desejo que o tempo pare. Desejo que o tempo congele para que nada aconteça com você, para que você fique assim, ao meu lado, para todo o sempre, afinal, foi o que prometemos um ao outro.

"Você é minha vida, Jimin" sussurro antes de tirar toda a sua roupa, e te amar como você sempre mereceu.


pjm+jjk / love talkOnde histórias criam vida. Descubra agora