Livro 1. Eric Martin e Os Guardiões - O Mistério do Pomo

Introdução

 Eu sentia medo. Mas acima de tudo, eu sentia ódio, ódio — acrescente aqui mais uma xícara de ódio para completar essa receita — e uma grande vontade de chutar a cabeça de Pâmela.

 Não me julgue por querer chutar minha irmã mais velha com mais força do que quando eu a chutava quando ela roubava meus legos na infância; você não entenderia, eu juro!

 Digo, não que eu bata em mulheres, jamais faria isso. Só que... As coisas estariam bem melhores se ela não tivesse escutado um maldito cara ruivo que pilotava um barco voador (Ele nem tinha um tapa-olho legal com lantejoulas!) — e o barco não era como o do Peter Pan, ah não mesmo. Esse aqui era tão sombrio que eu pensava que tinha morrido e Caronte 'tava me recebendo no inferno. —

 Eu realmente acreditava que o Ensino Médio era a pior fase de um adolescente normal. Bom, mas eu, com certeza, não sou normal, certo? 

 Se você odeia sua aula de Física Quântica que começa as sete e meia da manhã, como a minha, não reclame. Ou você quer mesmo comparar o estudo de elétrons, prótons e todas aquelas baboseiras que eu deveria saber mas estava ocupado demais escutando o novo álbum da Beyoncé, com as minhas atuais aulas, onde eu tenho que saber o coeficiente de dilatação de um teletransporte corporal?

 Bom, chega de reclamar. Eu tenho coisas mais importantes 'pra fazer, e quando digo isso, na verdade eu quero dizer que tenho que terminar meus exercícios de Iniciação a Latim.

 A única dica que eu tenho a te dar antes de contar a minha história é que, se você encontrar uma pedra brilhante no meio da madrugada, fuja o mais rápido que puder;

 Quando você tiver seus quinze anos vai me entender, mas até lá, tenha isso em mente: Seu mundo vai dar um giro de trezentos e sessenta graus por hora. E se isso for pouco, tenta ficar calmo, porque depois que você entra nessa onda de mundo sobrenatural qualquer coisa é estranha. Exceto as baratas, elas sempre foram estranhas.

 Só tenta não pirar, porque agora eu vou te contar como comemorei meu aniversário de quinze anos descobrindo que sou uma fada — isso é tão humilhante —.

Bem, ou quase isso.