Chapter 1

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Me chamo Camila, só Camila porque não me lembro do meu sobrenome. Eu tenho 16 anos e vivo aqui a 9 anos. Eu me lembro perfeitamente do ultimo dia que vi a minha mãe, era noite e eu não estava conseguindo dormir então fui pro quarto dela. Ela estava sozinha já que meu pai estava trabalhando em outro país a mais de três meses. Eu não estava conseguindo dormir então ela leu um livro pra mim, não me lembro o nome do livro mas me lembro do final, era triste e eu me lembro de chorar bastante e assim pegar no sono. No outro dia eu acordei e ela não estava mais em casa, tinha ido trabalhar e como de costume fui esperar ela no ponto de ônibus. Ela estava demorando mais que o normal e eu já estava com medo dela não voltar mas ela sempre voltava, então eu resolvi ir pra casa e esperar lá porque estava começando a chover, mas no caminho eu encontrei o Jeferson, ele tinha de 14 a 16 anos. Ele me disse que minha mãe não ia mais voltar e eu tinha que ir com ele. Eu fui e ele me levou pra uma casa que tinha varias meninas com a mesma idade minha, elas estavam felizes por isso eu criei a ilusão de que seria feliz naquele lugar.

E após 9 anos eu continuo aqui, nunca sai dessa pequena casa onde vivo com mais ou menos vinte garotas. Aqui a gente passa fome e é obrigada a aprender a ler, escrever e outras coisas, eu não entendo porque o Jeferson obriga a gente a aprender se nunca vamos sair daqui, mas só temos essa opção, sempre que erramos qualquer pergunta que ele faça, é uma cintada, chicotada ou ele bate na gente com qualquer outra coisa que tenha nas mãos.

Aqui tem apenas um banheiro, uma cozinha, uma sala e um quarto cheio de colchões finos. Já tentei fugir de varias maneiras, arrombar a porta, pegar a chave quando ele tiver distraido, mas não da.

Eu não tenho amigas, não deixo que ninguém se aproxime de mim, ninguém entende meu ponto de vista mais eu estou certa. Com amigas ou sem amigas tudo vai ser igual, certo?

Eu vou continuar passando fome sempre, apanhando sempre e vou continuar trancada aqui, não preciso de ninguém que sofra pelo mesmo motivo que o meu pra tentar me consolar.

Tudo e todos me irritam por aqui. A Allyson ou Ally por exemplo, ela sempre esta com um sorriso no rosto e é simpática com todo mundo, sera que ela não entende que estamos trancadas numa porra de uma casa velha e que nunca vamos sair daqui?Lauren também é uma que me irrita, ela vive olhando pra mim e eu não gosto disso, ela já tentou se aproximar e continua tentando. Quando ela vai entender que eu vou ser fria e grossa com ela sempre que ela vir falar comigo?

Outras que também me irritam são a Dinah e a Normani, não pelo fato delas serem lésbicas, mas elas ficam toda hora se beijando e são muito carinhosas uma com a outra, da vontade de vomitar, só não vomito porque eu vou ter que limpar depois.

As outras também me irritam mas por motivos bestas que não importam.

Agora mesmo eu estou comendo um pão velho que com certeza é de ontem que o Troy trouxe pra nós. Troy é o filho do Jeferson, ele é legal mas não pode tirar a gente daqui senão o pai dele mata ele. Sempre que o Jeferson esta trabalhando e o Troy tem certeza que ele não vai aparecer aqui, ele trás algo para comemos, mas as vezes não da pra todo mundo, ele é pobre e não tem condição de trazer muita coisa.

- Ta com fome? - Perguntou a Ally.

- O que você acha? - Eu digo fria.

- Pode pegar. - Disse ela me oferecendo um bolo, pão de mel ou sei lá o que é aquilo.

- Se eu quisesse eu teria te pedido. - Digo.

- Deixa de ser ignorante e pega logo, você ta com fome ou não ta?

Okay, ela venceu.

Peguei o bolo da mão dela e comi em apenas duas mordidas. Não era tão ruim. Quando eu terminei de comer percebi que a Ally continuava parada do meu lado.

- Se você ta esperando eu agradecer, já pode sair daqui porque eu não vou agradecer. - Digo tentando me livrar desse ser contente que esta na minha frente.

- Não precisa agradecer, só quero conversar mas pelo visto você não é tão boa em puxar assunto. - Diz ela sorrindo.

- E quem disse que eu quero conversar, Argh! - Digo me levantado daquele sofá duro e indo pro quarto me deitar no meu colchão fino pra tentar dormir.

Prisoner →Camren (Book One)Onde histórias criam vida. Descubra agora