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Maharib

                                                                        

      Maharib Alnnar, uma adolescente muçulmana prestes a completar dezoito anos de idade. De cabelo castanho escuro ondulado, ligeiramente acima dos ombros, fazendo realçar as suas enormes maçãs do rosto. Tendo-o a maior parte do dia tapado acabando também por realçar os seus olhos cor de mel redondos como duas pequenas pérolas o único órgão que estaria á vista como típica mulher muçulmana que é. O seu corpo magro e de estrutura baixa para a idade tornava-se muitas vezes alvo de gozo, mas ao contrário do que pensam tem mais força do que transparece tanto exterior como interiormente.

      A sua pele cor de caramelo é de tal modo macia que apetece tocar. Ao sorrir esta realçava as suas bochechas que surgiam como ondas, embora poucos tenho sido os motivos para o mostrar.

     Dadas as circunstâncias Maharib torna-se uma adolescente fria, reservada e insegura de si mesma, incapaz de confiar em quem quer que fosse, capacitando-se que só poderia contar consigo mesma.

         

                                                                                              

                                                                                               ***


Maharib

Islão 2011,abril 19

Mais um ano se passou e eu continuo sem poder celebrar o meu aniversário. Chamo-me Maharib Alnnar. Sou muçulmana e nasci no Islão, noutra ocasião estaria orgulhosa de o ser. Sou jovem e nasci em 1991, o ano em que me colocaram neste mundo horrível, talvez esteja a ser um pouco dramática mas se vivessem como eu, provavelmente teriam a mesma opinião. Ao fim ao cabo para uma jovem normal da minha idade seria impensável não poder celebrar este dia. Durante 18 anos da minha vida sempre foi assim, tento perceber e entender o porquê mas não é fácil. Afinal de contas são 18 anos que assinalam o começo da vida adulta, se bem que na minha cultura muitas mulheres iniciam muito mais cedo, felizmente ainda não aconteceu comigo, penso que seja pelo facto dos meus pais me acharem imatura e incapaz de ser prometida a algum homem. Por esta altura poderia começar a conduzir, a ter poder de voto a tomar as minha próprias decisões mas aqui no Islão nada disto é possível.

Se os meus pais sequer sonhassem que penso assim podia haver a possibilidade de me renegarem como sua filha. A minha mãe passava os dias a dizer "Maharib", dizia-me ela quando me queria incutir algo, "deixa-me que te diga uma coisa, que deves sempre fazer e futuramente transmiti-lo á tua família". E então lá começava ela a dizer a suas imensas regras de como uma mulher muçulmana se deve comportar perante a sociedade. Eu cresci durante todos estes anos a ouvir as suas regras a respeito de tudo e por vezes até o meu pai intervinha dizendo " escuta a tua mãe, pois ela tem razão e é uma das mulheres mais sábias" de seguida dizia eu para mim mesma, "como não, é como todas as outras da região, submissa ao seu homem e família, sem sequer poder ter direito a opinião própria". Algumas coisas que me diziam eram perfeitos preceitos de decálogo, completas doutrinas. Sendo provavelmente as mesmas que a maior parte das famílias incutia aos filhos. Passava os dias a dizer-me o que não fazer, como não roubar, não mentir, não cobiçar, nunca por nunca desrespeitar os mais velhos e superiores a mim entre muitas outras, quando ele próprio por vezes não seguia as suas ditas "regras". E estes "nãos" nunca mais acabavam parecia uma lista interminável mas apesar de tudo, mesmo assim e ainda não sei o porquê dou por mim a seguir todos estes "nãos". É como se eu estivesse neste exato momento a recordar a sua voz autoritária na minha cabeça involuntariamente.

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⏰ Última atualização: Jan 09, 2016 ⏰

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