Capítulo 1

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“A possibilidade de felicidade é relativa, e  nos preparamos para recebê-la. Enquanto poderíamos à agarrar de uma só vez!” Jane Austen

Acordo com a luz de um dia encapotado, meus olhos demoram  para se acostumar com a luminosidade, percebo que estou deitada na proa de um veleiro. Olho ao meu redor e percebo que a embarcação está flutuando, tranquilamente, em mar aberto.

– Como vim parar aqui? – Pergunto-me tentando avistar algum sinal de terra.

As nuvens no céu encobriam o sol, e juntamente com a brisa marítima tornavam o clima agradável e calmo. Uma tranquilidade tomou conta de mim. Um sentimento tanto peculiar em alguém que está à deriva.

Percebo que a água do mar é diferente, com tonalidades que parecem brilhar variando entre azul turquesa e verde. Ao me aproximar da beira do barco, vejo cardumes de peixes coloridos e exuberantes. E não muito distante, golfinhos saltando produzindo um lindo espetáculo.

– Liberte-se. – Ouço a voz! Aquela que vem aparecendo nos meus sonhos, chamando-me.

Sinto um aperto no peito. E um sentimento de saudade inexplicável toma conta de mim. Uma escuridão repentina se formou no mar. Os peixes, golfinhos, e a tranquilidade submergiram, e à aflição começa a substituir a harmonia que havia.

O peso em meu peito aumenta! Minhas pernas tremem, não consigo ficar de pé e as lágrimas teimam em cair no meu rosto.

De repente, tudo muda.
Estou caindo em um abismo. Fecho os olhos já pensando no pior. Me vejo paralisada e percebo que estou presa em uma jaula com grades tão negras que pareciam sugar a luz ao redor.

A jaula começa a afundar em um liquido negro e denso, que logo reconheço. Piche.

Entro em desespero, e começo a gritar e espernear para tentar me libertar.

– Liberte-se. – Foi a última coisa que ouvi ao ser coberta pela escuridão.

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Acordo com dor de cabeça. Sempre com pesadelos similares, desperto pela madrugada e não consigo voltar a dormir.

São 6:00h da manhã e estou de pé. Sempre acordo muito cedo para preparar o café e ir fazendo a limpeza da casa antes da minha “adorável” mãe acordar. Ela costuma ficar um pouco nervosa se encontrar algo sujo ou fora do lugar.

Não reclamo de ter que cuidar da casa. É um dos únicos momentos em que consigo ficar sozinha com meus pensamentos. Enquanto faço a faxina diária, me deixo levar pelos pensamentos.

Me chamo Bethany, tenho 17 anos e acabei de terminar o Ensino Médio. Moro com minha mãe, e minha irmã de 6 anos. Meu pai morreu há dois anos, e desde então, minha mãe decidiu me odiar e me culpar pela morte dele. Antes de tudo ela até era gentil, mas depois tudo mudou. Tento me manter afastada das outras pessoas. Na maioria das vezes, consigo. Desde que ele morreu, não sinto vontade de falar com ninguém. Me mantive longe de amigos que tinha e me aprisionei  em uma bolha.

– Bom dia. – Digo ao ver minha mãe passar.

E como sempre, o silencio é a resposta.

Vou pro meu quarto, e de repente a gritaria começa.

– O preguiçosa. Você não fez café hoje? Isso tá frio! – Fala fazendo careta ao provar o café.

– Sim, mãe. É que fiz muito cedo, então deve ter esfriado. – Tento justificar o fato de não ter poder sobre o café pra manter ele quente até as 9:00h.

– Não importa. Trate de fazer logo antes de eu acordar, pra não me fazer passar raiva. E faça outro café enquanto tomo banho. Adoce da próxima vez, esse lixo que você fez está horrível.

– Tudo bem. – Nem tento discutir. Da última vez ela arremessou a garrafa de café em mim, por sorte ela é ruim de mira.


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⏰ Última atualização: Jan 19, 2018 ⏰

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