Prólogo

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"Foi um homicídio, mas não um crime!"

— Chicago

— Responda de uma vez a minha pergunta! — Ela esbravejou, mas logo recompôs a sua postura dando umas passadas de mão pela roupa. — Você está sofrendo demais com essa informação, conte-me tudo, serei a tua confidente.

Terminou de se pronunciar com um sorriso nos lábios. A maneira em que brincava fazia parecer que ela era um ente querido tentando ajudar, mas ao se agachar para olhar bem nos olhos daquele homem amarrado, é recebida com uma mistura de sangue e saliva bem no rosto. Os outros homens que também estavam presentes no local se seguram para não rir com aquela falta de respeito, dava para escutar murmúrios vindo deles, provavelmente apostando sobre como ela reagiria.
Não respondeu com uma atitude explosiva, não seria digno. Bufou tentando afastar os pensamentos de ódio e calmamente limpou o rosto com as costas de sua mão, logo em seguida passando as mesmas no tecido da calça.
Demorou alguns segundo até conseguir de se colocar em uma posição de controle psicológico, e só quando isso aconteceu ela deixou com que outro sorriso fosse se formando, dessa vez completamente diferente do anterior. Sua expressão agora carregava malícia com uma pitada de loucura, apoiando cada mão em um lado da cadeira ela pode fixar a visão novamente nos olhos daquele homem, de uma maneira que o deixasse mais temeroso em questão de suas próximas ações.

— Em outras ocasiões eu deixaria com que eles fizessem o que quisessem contigo, Chad. – Fez referencia aos caras que trabalhavam com ela, apontando para trás, onde eles se posicionavam. — Mas, seria muito fácil para mim. E ao contrário do bostinha que te encarregou para fazer todo o trabalho sujo, eu não sou preguiçosa.

Quanto mais ela fala do assunto, mais a raiva começa a controlar seus pensamentos, e quando ela se vê já está dando uma forte coronhada no rosto do rapaz, deixando mais um ferimento na área da testa.

— Veja a situação em que você se colocou, porra. Me diga agora se isso tudo valeu a pena, você subiu tanto na cadeia alimentar para acabar sendo só mais um rato. — continuou falando, ignorando o silêncio do outro.

O que mais a incomodava era ter o colocado em um cargo importante como o seu "primeiro ato" desde que assumiu um pouco do negócio da família. O rapaz até então era confiável, lá no fundo ela considerava-o como amigo. Não que isso fosse interferir com as consequências que ele deveria sofrer, só seria um serviço um pouco mais difícil de fazer.

— Que engraçado! Você fala como se alguém te forçasse a fazer tudo isso, mas você está fazendo todo esse rodeio apenas para o seu divertimento. — A voz de Chad era ouvida pela primeira vez em muitas horas, e em um impulso ele se joga para frente, sendo segurado pelas cordas que o enrolavam. — Todos aqui sabemos que você não passa de uma filhinha de papai que acabou recebendo poder demais nas mãos, quer um aviso? Esse poder não trás respeito, e vai demorar muito para você sentir o gosto do que é isso.

Ele termina com calma, se inclinando um pouco para o lado para que o resto também prestasse atenção nas palavras. Não era difícil perceber quais eram as intenções daquele discurso, era uma tentativa de tirá-los pouco a pouco da guarda dela, aquele seria o pontapé inicial.

— Sim, eu sou obrigada a fazer isso, sua falta de ética me obrigou a fazer isso. Você foi um espião nojento e repulsivo, que achou que iria conseguir derrubar toda a minha distribuição de bebida do lado norte praticamente sozinho. — gargalhou, fazendo da tentativa dele uma grande piada. — Você quer falar de respeito? Eu e os meus homens não queremos escutar isso de um infiltrado que deu a vida por conta de uma ganguezinha nova na cidade.

Posicionou sua arma em mãos e ficou na posição por alguns segundos, tentando manter os olhos bem abertos para não demonstrar nenhuma pontada de medo ou insegurança. A demora acabou trazendo os murmúrios de volta, a maioria não acreditava que a garota fosse conseguir fazer aquilo, até ela ainda tinha dúvidas sobre isso. Cada segundo que passava com o homem ainda respirando era pior para a imagem dela. Resquícios de felicidade estavam aparecendo na face do traidor, pois imaginou que ela não teria coragem para terminar o que tinha começado, o que seria de uma tremenda desonra. Chandler toma ar e dá início em mais alguma frase de provocação, uma pena o tiro ter ofuscado a voz do rapaz.
Moon continuou com a arma na posição do tiro, que não era mais na cabeça, e sim no pescoço dele.
Ele se engasgava com o próprio sangue, uma poça vermelha foi se formando embaixo dos pés que se debatiam e deixavam a cena ainda pior. Sofrer e não conseguir nem se mover livremente era agonizante até para quem estivesse vendo.

Estalou os dedos duas vezes e apontou para a sujeira, fazendo sinal para que eles limpassem toda aquela bagunça. Ficou com o nariz franzido e o lábio superior discretamente levantado, era a mais pura sensação de nojo instalada na expressão da garota. Não era nojo por causa do sangue e afins, era o sentimento de asco por ter conhecido e deixado que uma pessoa daquelas se aproximasse e tivesse conhecimento de quase todos os esquemas, acordos e afiliação dos Kuchta.

O espião foi apagado naquela noite, e infelizmente não iria acabar por ali. Uma coisa grande estava para começar dentro da cidade de Carmsalt. Só que a garota não botava muita fé nisso, até porque, nesse mundo, gangues não têm uma fama tão boa quanto a maioria pensa que têm. Normalmente são compostas por pessoas impulsivas que só querem dinheiro fácil, usando métodos nojentos, sem carregar todo o código de honra e ética que a máfia carrega. Dessa maneira, Moon não apostava muito nesse inimigo, bastava descobrir os envolvidos e acabar com cada um deles antes que a notícia chegasse no grande Dimitri.

Duquesa de CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora