Luna acordou. Sentia uma dor forte no rosto e nos braços, e sentia a terra úmida molhar-lhe o rosto. Tentou levantar, porém estava envolta por galhos e folhas de uma árvore que a pouco estava viva. Olhou em volta, sentindo a queimação na ferida do braço. Agarrou o galho e tentou se levantar desviando dos galhos, virou-se em direção ao local onde a árvore mantinha-se afixada no solo. A raiz estava no ar, recoberta de lama dura e firme, possuindo uma forma estranha e ao mesmo tempo sensível.
Não se lembrava muito do que havia acontecido, apenas que uma sombra gigantesca passou nos céus e derrubou a árvore onde estava com um pequeno garoto... Garoto... Onde ele estava?
_ Garoto! Onde você está? _ O silêncio manteve-se soberano. Nada a respondeu. _ Droga! Garoto!
Começou a escalar os galhos da árvore um a um, sentindo as folhas roçarem em sua pele suja, fazendo-a pinicar fortemente. Subiu sobre um grande galho, mantendo-se ali, em pé, parada. Olhou em volta novamente, enxergando apenas uma gigantesca labareda onde antes ficava o reino de kumveka. Virou-se e enxergou uma pequena estrutura metálica caída entre os galhos. Caminhou, equilibrando-se nos galhos, até lá, e puxou-a. Seu arco ergueu-se no ar, levando consigo sua mochila. Luna não pôde conter o sorriso.
_ Me ajuda... _ O menino murmurou, caído abaixo de muitos galhos _ Por favor...
_ Ah! Agora você quer ajuda? Depois de ter roubado minhas coisas? Não mesmo!
_ Por favor...
_ Não _ Luna virou-se e continuou a caminhar, equilibrando-se nos galhos, porém na direção contrária. _ Era o que me faltava... _ Murmurou, pouco antes de saltas da árvore e prosseguiu seu caminho para o reino.
***
Não havia sobrado nada! Nenhuma pedra sobre pedra restou. Luna caminhava vagarosamente pelo que antes havia sido a estrada principal do reino de Kumveka. Toda as construções que antes se erguiam paralelas à estrada estavam agora destruídas, em pilhas de pedra repletas de chamas. Era horrível.
A noite estava começando a cair, deixando o céu próximo à linha do horizonte alaranjado, uma cor que se mesclava ao fogo que queimava nas casas. Mas... Por quê fizeram aquilo? Aliás, quem fez? Não podia ter sido humano, afinal, não existiam lacertas no continente de Moss... Continuou a caminhar, observando a destruição deixada no caminho.
Subitamente um barulho. Como passos atrás dela. Virou-se, e viu aquele mesmo menino, com o rosto coberto por feridas, olhando-a.
_ Ah... Oi...
_ Oi? Você me deixou lá para morrer!
_Você roubou as minhas coisas!
_ Roubar é meu meio de sobrevivência!
_ Roubar não é um meio de sobrevivência.
O garoto virou os olhos.
_ Me desculpa então!
_ Tá legal. Me desculpa?
_ Óbvio que não! Você me deixou para morrer!
_ Vamos voltar a falar di... _ Luna gritou e correu, a tempo de ver um segundo lacerta imergir nas nuvens em direção ao solo. O menino a seguiu e os dois entraram no que antes fora a casa dela.
Luna passou pelos entulhos e jogou-se numa única fresta formada por duas grandes pedras. O menino entrou.
_ O que é isso?
_ São lacertas... Seres habitantes de Erit. Podem nadar, andar ou voar, porém cada grupo de espécies é capaz de fazer apenas uma coisa...
_ Entendi, como dragões!
_ Dragões é um nome nada científico.
O animal sobrevoou o reino de Kumveka agora destruído e pousou sobre a praça. Um pequeno homem desceu dele, era um ponere. Os poneres eram pequenos seres hominídios não muito inteligentes, mas que possuíam uma grande habilidade com animais e ferramentas. Foram estes os causadores da grande guerra das espécies, o que levou à expulsão deles de Moss após a vitória dos humanos. Luna pôs apenas a cabeça para fora da fresta e observou o animal.
_ Eles destruíram este reino...
_ Eles quem?
_ Os poneres. É uma vingança...
O garotinho encolheu-se.
_ Aliás, qual seu nome? _ Luna perguntou, tentando desviar a atenção e o clima tenso que estava ali.
_ Sou Camby... E você?
_ Luna.
O menino sorriu. Ao menos estavam se entendendo.
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Contos de Omnes
FantasyBem vindos a Omnes! Um planeta muito distante do nosso, e habitado por criaturas fantásticas e imprevisíveis! Conheça terras inexploradas e vague pelos mares mais sangrentos nessa aventura sem igual. Agora, em Omnes, o grande continente de Moss...