Cap. 2

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Que sensação estranha, meu coração estava batendo rápido, eu não conseguia tirar os olhos dele, ele era tão... Lindo.
"Er... Com licença, você está pisando no meu quebra-cabeças."
Eu ouvi a voz de alguém, mas não conseguia ver quem era, foi ai que eu olhei para baixo, e vi uma figura sentada no chão, meio curvado e enrolando em seu dedo um caicho de cabelo.
-M-Me desculpe... - Eu me afastei dele.
-Acidentes acontecem...- Ele me respondeu, sério.
-Er... Qual o seu nome? - Me agaixei na sua frente.
-Near... - Respondeu, concentrado em seu quebra cabeças.
-Muito prazer! -Eu sorri.
-O prazer é meu... - Ele olhou para mim e estendeu sua mão direita para que eu a apertasse.
-Você é bem educado para uma criança... - Eu disse, sem graça.
-Sempre me dizem isso. - Ele falava baixo.
"Near! Largue essa porcaria!"
Eu ouvi uma voz grossa, parecia como a de um adolescente rabujento, foi ai que eu olhei para cima e tive uma grande surpresa.
-Você...- Eu disse baixo, corando.
-Mello, você é tão barulhento...- Near disse ainda concentrado em seu quebra cabeças.
-Dane-se! Você só me faz pagar vechame! - Ele gritava.
-Até na frente de uma Dama você vai fazer um escândalo Mello...?
"Acho que ele está falando de mim" Eu pensei.
Eu vi Mello ficar corado, não por minha causa, mas sim porque percebeu que estava mesmo fazendo o maior escândalo.
-Não, está tudo bem, não vou atrapalhar vocês... - Disse, me levantando.
-Quem é essa...? - Mello perguntou arqueando uma sobrancelha.
-A senhorita não me disse o nome - Near respondeu.
-Er... É Ayano! Não Haruto! Não! - Eu tentava dizer, mas estava nervosa.
Ele me olhava como se eu tivessa algum tipo de problema, e com razão, era o maior mico não saber meu próprio nome.
-Preciso ir... - Eu me virei e sai correndo até o grande salão.
E lá estava eu, de volta ao grande salão, morrendo de vergonha, com meu rosto completamente estampado em vermelho.
"Que mico! Que mico!" Não conseguia parar de pensar no rosto perfeito dele, nos seus cabelos, no olhar diferente que ele tinha da maioria dos garotos.
-Vamos Ayano?! - Disse meu pai, que parecia impaciente.
-E-Estou indo! - Sai correndo para fora do orfanato.
Estava decidida a concertar aquele erro, eu voltaria lá, e seria eu mesma, pois eu achava que finalmente havia encontrado... Ele.

Faltavam apenas 10 minutos para a aula acabar, e eu já estava impaciente, não conseguia parar de pensar como eu falaria com Mello, se é que aquele era mesmo seu nome... ( Ha! Mensagem subliminar! Foda-se =.=').
"Vamos! Acaba logo!"
-Ayano chan! - Erika me chamava.
Mas eu estava em outro mundo, outra dimensão, tentando entender o que passava em minha mente, ao ver aquele garoto ali, quieto, encostado na parede ao lado da janela.
-Ei! Ao menos me ignore sem babar! - Erika disse fechando minha boca.
-Ein!? Quem?! Onde?! Quando?! - Eu finalmente acordei.
-Ayano chan baba enquanto viaja no mundo da Lua! - Disse Erika, rindo.
-N-Não babo não! - Eu exclamei limpando a saliva do canto da minha boca.
-Vai fazer o que depois da aula? - Ela perguntou.
-Nad...- Eu parei, e pensei. - Vou no orfanato do meu tio!
-O que?! Jura!? - Ela parecia surpresa.
-Qual o problema? Eu sempre ia lá no Fundamental, não vejo problema nenhum em ir agora. - Peguei meu caderno e guardei na mochila.
-Bom, se você diz... Posso ir com você?! - Ela disse quase berrando.
O sinal bateu antes que eu pudesse responde-la, então eu guardei minhas coisas e "voei" para fora da sala de aula.
-Desculpe! Quem sabe outro dia! - Eu gritei.
Já estava um pouco tarde, mas eu precisava ir até o orfanato, nem que fosse pra dar uma passada rápida, eu precisava vê-lo mais uma vez.
Chegando no portão da escola eu liguei para meu pai e disse que iria fazer uma visita ao meu tio e que voltava para casa de ônibus, guardei o celular e corri em disparada até o ponto de ônibus, e tudo isso naquela chuva linda que eu via pela janela do carro, tarde passada.
-Ai caramba, 18:24 e esse ônibus que não chega! - Disse pra mim mesma.
O ônibus chegou (ainda bem!), eu entrei, sentei em um dos bancos ansiosa, mal conseguia ficar sentada.
"Vamos trânsito, não me decepcione agora!" eu pensava.
O ônibus parou em frente a um mercado que ficava a uma quadra do orfanato, ou seja, teria que andar mais um pouquinho... Andar não! Correr!
"Tomara que não me crises de nervosismo de novo, eu nunca fui assim!" Não conseguia parar de pensar no mico que paguei da última vez, meu objetivo maior era concertar o que fiz.
-Cheguei! - pulei de alegria e entrei pela porta da frente.
-Ayano! Meu anjo! Que surpresa. - Meu tio disse me abraçando.
-Vim fazer uma visitinha, quero conhecer melhor as crianças novas. - Eu sorri descaradamente.
-Elas estão no salão principal. -Ele disse me levando até lá.
-Tudo bem, eu vou sozinha. -sorri e sai andando.
Meu coração estava a mil, eu entrei no salão e tudo parecia girar, eu estava me sentindo muito estranha, estava com medo de algo dar errado.
Eu fui recebida por várias crianças, inclusive Mary e Momo, que não me soltavam de jeito nenhum.
-Calma crianças, tem Ayano pra todo mundo! - Eu ria enquanto olhava ao redor do salão.
Por incrível que pareça, não encontrei nem Mello e nem Near, pedi então para Momo me apresentar a cada uma das crianças, mas mesmo com todas elas enfileiradas, eu não os achava.
Fiquei bastante tempo com as crianças até a hora delas irem jantar, quando tive a ideia de olhar na sala de jogos, onde
certamente encontraria Near com seu quebra-cabeças.
-Oi? Tem alguém ai? - Eu disse entrando devagar na sala.
Eu estava certa! Não encontrei apenas o Near, mas sim Mello, que estava na mesma janela e na mesma posição no qual eu tinha o visto, ontem.
-Olá, senhorita. - Disse Near que montava outro quebra-cabeças.
-Não vão comer? Meu tio chamou já faz um tempo. - Eu disse meio tímida.
-Seu tio?! Quer dizer que o panaca que nos transferiu para esse fim de mundo é o seu tio?!
Mello disse, não! Gritou! E se aproximou de mim como se fosse me dar uma bela surra.
Eu não tive reação, eu não conseguia abrir a boca, e quando consegui soltei as seguintes palavras:
"Eu adorei o seu cabelo..."
Ele recuou imediatamente, e ficou tão vermelho quanto eu, meus lábios travaram, eu não tinha forças nem para correr dali, eu respirei fundo e tentei ser algo que eu aparentemente não era. Simpática.
-Gostei do cabelo do seu irmão também, é diferente. - Eu apenas sorria.
-Ele não é meu irmão. - Mello respondeu sério.
-Me desculpe. - Eu estava sem graça.
-Nós é quem devemos desculpas, senhorita, Mello não sabe se comportar decentemente perto de outras pessoas. - Disse Near concentrado em seu quebra cabeças.
-Eu vou comer... - Mello saiu bufando.
Ele passou por mim e me olhou como se quisesse me dizer algo, mas eu apenas abaixei minha cabeça e corei violentamente.
"Aqueles olhos..." Eu pensei.

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⏰ Última atualização: Feb 05, 2016 ⏰

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