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Costumava mascar uma pastilha de morango todos os dias. A toda a hora provavelmente, e lembro-me perfeitamente que estava com uma na boca quando te conheci. E quando fomos tomar café pela primeira vez. E quando demos as mãos, e mesmo que não te lembres devido ao vinho barato que tinhas bebido, eu sei que tinha uma entre os meus dentes. Tu também tinhas, mas a tua era de menta.
Sempre me perguntei qual seria a tua paixão incondicional pelo sabor a menta. A mim, fazia-me lembrar pasta de dentes. E começou a lembrar-me de ti, quando nos beijamos. Desde então não consegui mais aguentar o doce das pastilhas de morango, e menta era o meu novo sabor favorito.
Até tu partires. Foste embora e eu, eu juro que não me lembro da sensação. Sentir-me sem chão foi o pior sentimento, e eu não sei como me senti porque bem, apaguei do mundo nesse preciso momento. Entretanto fartei-me de tudo. Dos teus amigos. Dos meus amigos. De tudo o que já te envolveu.
Deixei o meu velho hábito, que eras tu. O velho tóxico que me retirava toda a estabilidade e me consumia lentamente. Deixei um, arranjei outro.
Continuo a mascar pastilhas de morango, para quebrar o mau hábito que são as de menta. No entanto, há outro tóxico que me consome a estabilidade e me remove a vida aos poucos. E não és tu.

Cold CoffeOnde histórias criam vida. Descubra agora