A Escolhida

Cap.01

Cap.01

O outono, época talvez não muito favorita entre adolescentes da minha idade mas eu não me importava. O outono era sim minha estação preferida do ano. Não por ser a estação dos feriados ou, por simplesmente, antecipar o inverno. Ela era a minha favorita pois foi naquela época que conheci a pessoa mais importante da minha vida...

- Edley! Pare de viajar nesses seus pensamentos imprestáveis e venha me ajudar na cozinha! - escutei Rose gritar. Rose é minha responsável já que sou adotada, mas eu tenho a leve impressão que ela me adotou para ser sua escrava, não sua filha.

- Tá! Tô indo! - gritei a respondendo. Sai de meu quarto, desci as escadas e a encontrei na cozinha cortando alguns legumes.

- Edley, preciso que você faça o guisado de cogumelos por mim, vou ter que sair urgentemente - ela me entregou o avental que estava usando e ajustou o próprio vestido apertado - Vamos ter visitas hoje.

- E o que é tão urgente assim? - perguntei já amarrando o avental a meu corpo

- Minhas unhas - ela disse e as mostrou a mim - estão horríveis! Faz pelo menos 7 dias que eu não vou a uma manicura então preciso estar apresentável - ela se virou e pegou sua bolsa rosa na mesma tonalidade que seu vestido e salto.

- Até parece que alguém liga pra suas unhas tendo a cara que você tem...

- Você disse alguma coisa ?

- Não, não disse nada, só disse para ter um bom passeio - sorri em falso e ela correspondeu da mesma maneira.

- Claro... Ah e se você fizer um bom trabalho, deixo você comer uma pedaço da sobremesa no jantar.

- Que sobremesa ?

- A que você vai fazer, claro - e então ela saiu da cozinha rindo sozinha como uma alpaca.

- Fala sério... - suspirei e comecei a cortar os legumes para a sopa.

Algum tempo depois, algo como umas três horas, eu havia acabado o guisado e já iria começar a sobremesa mas Rose entrou na cozinha eufórica e interrompendo tudo o que eu estava fazendo.

- Garota, o que você ainda está fazendo aqui !? - ela perguntou respirando com dificuldade, acho que havia entrado correndo dentro de casa.

- Eu ia começar a fazer a sobremesa...

- Não, você não vai fazer mais nada - ela disse e começou a me empurrar pra fora da cozinha - falta meia hora para as visitas chegarem - ela olhou no relogio e em seguida pra mim - Você tem 15 minutos para ir até o mercado, comprar algo doce, como um bolo, sufle, ou sei lá o que mais que existe com açúcar e trazer aqui, depois você vai arrumar a mesa e trocar esse trapo que você chama de roupa, você entendeu o que eu disse !?

- É... Acho que sim...

- Ótimo, toma, acho que essa quantia dá, agora vai! - ela me empurrou para fora de casa.

Sei que eu devia fazer algo, ou no caso como agora, não fazer nada para ela, mas eu sei que, mesmo ela sendo má, Rose é uma boa pessoa. Mesmo isso estando bem escondido e trancado a sete chaves dentro dela.

Tentei tirar esses pensamentos da cabeça pois não seria fácil correr até o super mercado que fica a pelo menos 4 quadras daqui em 15 minutos, então era melhor começar logo. Joguei meu avental no chão atrás de um arbusto do jardim e sai correndo em direção ao mercado.

Mesmo enquanto corria pude ver a coloração das folhas das árvores nos jardins, realmente, as cores laranja e vermelho parece deixar tudo mais vivo, mais quente e, até mesmo, masi reconfortante.