Capítulo I - A CAIXA

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Isso não é apenas uma caixa, a partir de agora, ela é a sua vida!

É noite! Como sempre, estou em busca de algo que ainda não sei bem do que se trata. Ando a passos largos para algum lugar que nem mesmo eu sei qual é, estou em busca de algo que vejo repetidamente em minha mente: uma caixa. Rústica, na qual existem inscrições em uma língua morta mas que, de alguma forma, me parece extremamente familiar, embora eu ainda não tenha uma explicação aparente para isso.

Estou à procura dessa caixa, mas não estou sozinho, andando pela escuridão que me domina, pressinto que há alguém atrás de mim mas ainda não sei definir se é uma ameaça ou uma ajuda que me acompanha na busca. Por um momento paro. Escuto o silêncio ao meu redor. O medo me assola, mas, no mesmo instante, penso: "A caixa!" e volto a apressar o passo, mas... De repente....

São cinco da manhã, meu despertador anuncia a chegada de um novo dia. Agora se tornou muito comum tudo isso. Todas as noites é a mesma coisa, passo a noite toda em busca dessa caixa misteriosa e ela nunca chega até as minhas mãos, nem sempre pelo mesmo motivo. Muitas vezes por meios e formas diferentes, ainda assim algo permanece igual. Sinto que estou acompanhado, porém, algumas vezes, sinto que a busca não é feita por duas pessoas, mas sim por três... Ou quatro.

Observo pela janela e me deparo com o início, ainda escuro, de mais um dia. Um dia comum... Trabalho, estudo... E tudo mais. Levanto. Agora em pé propriamente dito. Vou ao banheiro e olho meu rosto já sem muitos espaços para olheiras e penso em fazer algo a respeito. Só penso. Estou cansado demais para fazer alguma coisa e, sinceramente, não acredito que haja algo que possa ser feito a não ser voltar a dormir por cerca de uns vinte anos mais ou menos.

Depois que comecei a perseguir esse objeto em meus sonhos já não consigo mais dormir, pelo menos é o que me parece, afinal, minha cabeça pensa o tempo todo e arquiteta planos mirabolantes de como conseguir chegar até a tal caixa. O problema nem é esse quando tudo isso acontece dormindo mas, atualmente, mesmo acordado, o que me motiva é encontrar esse objeto.

De certa forma, sinto que, em meus sonhos, minha mente se transforma em um mar de ansiedade e agitação e que só vai se acalmar quando eu finalmente chegar a essa caixa e aos escritos dela. Vou finalmente descobrir o que há lá dentro e, aí sim, minha mente me deixará dormir tranquilamente. Pelo menos é o que eu espero.

Depois de olhar a face cansada de um estudante universitário de estatura média e olhos cor de avelã resolvo escovar os dentes e voltar ao quarto para encontrar algo apresentável para vestir, coisa que acredito ser difícil hoje, afinal de contas, não estou com muita vontade de vestir coisa alguma.

Depois de visualizar o armário por mais de duas vezes, consigo finalmente encontrar alguma coisa decente para vestir. Olho no relógio, até agora ignorado pelo meu cérebro. Desconfio que seja uma forma de se alienar da vida atribulada que me espera da porta para fora, mas de toda forma, ao confirmar a hora percebo que estou atrasado, de novo e, com isso, começo a apressar mais uma vez, por mais um dia, os meus afazeres antes de sair.

Depois de pronto pego a mochila e saio porta afora, praticamente quase caio nas escadas, sim, moro em uma casa com escadas, na verdade, às vezes me pergunto o motivo de elas estarem ali quando estou com pressa. Em meio a escuridão que, aos poucos vai sendo destruída pelo raiar de um novo dia, através do alaranjado de um momento único que, infelizmente, não posso observar com nitidez porque estou atrasado novamente.

Passo rápido pela cozinha, pego um iogurte de morango na geladeira e sigo meu caminho rumo ao ponto de ônibus, já com os passos apressados. Tento não pensar que, possivelmente eu perdi o primeiro ônibus e isso pode me fazer perder o segundo e chegar atrasado meia hora na primeira aula, mas enfim, consigo chegar ao ponto de ônibus. Sento e espero cerca de cinco minutos. Ufa! Consegui pegar o primeiro ônibus, mas mesmo assim ainda estou atrasado. Espero conseguir pegar o segundo a tempo...

MethamorphosysOnde histórias criam vida. Descubra agora