Capítulo Um - Lucky, o amigo imaginário.

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Era uma manhã ensolarada, o céu estava completamente azul, apenas com algumas nuvens. Os pássaros cantarolavam batendo suas asas adentro dos campos mais esverdeados de toda a Albrahhan, as folhas das árvores balançavam junto com o vento em uma bela melodia tocada por um bardo magro com um pescoço um pouco longo, nariz pontudo, cabelos louros estirados até o ombro, olhos esverdeados e pele pálida. Ele parecia um pouco cansado, pois bocejava repetidamente.

Um jovem garoto, de baixa estatura, magro, pele clara, cabelos ruivos ondulados, olhos pretos, bochechas rosadas e sardas saia de dentro de um casebre. Ele segurava em sua mão direita uma espada curta de aço, em outra mão, um pequeno escudo redondo de madeira velha com algumas rochas presas na base. Atrás dele, podia-se ver outro garoto alto, moreno, cabelos enrolados presos por um chapéu grande que cobria sua face. O menor saíra correndo em direção ao lado mais escuro da Vila das Flores, sendo seguido pelo seu fiel companheiro, o Lucky.

Eles corriam dentre as áreas proibidas do Reino, onde as árvores não possuíam folhas, flores ou frutos, onde o perigo era inevitável. Eles se aproximavam de uma caverna coberta de musgos e cobras avermelhadas que deslizavam sobre as rochas próximas aquele buraco escuro. Podiam-se escutar berros de uma mulher, parecia que ela estava um pouco alterada. Era uma mulher alta, um corpo levemente fino, olhos pequenos acinzentados, cabelos castanhos, lábios avermelhados e um nariz um pouco curvo para baixo.

(...)

- Acorda Nargus! - Insistia Lilian, a chefe da família, uma mulher decidida e independente.

- Calma mãe, já estou me levantando. - O pequeno garoto de cabelos ruivos erguia-se da cama com sonolência, seus olhos ainda estavam fechados e seu rosto estava um pouco babado.

- Sonhando novamente filho? - Indagou Sra. Sterbs. - Está todo sujo, vá ao banheiro se arrumar, hoje é o seu primeiro dia no novo colégio!- Exclamou.

Nargus esperou que sua mãe saísse do quarto para ele começar a falar com o seu amigo imaginário. Ele receava que seus pais escutassem-no falar com Lucky, pois ele achava que isso era estranho demais para um garoto de quatorze anos.

- Mas então Lucky, será que esse colégio vai ser bom? - Questionou enquanto retirava seu fardamento do seu enorme guarda-roupa antigo.

- Não posso responder por você. Todo novo lugar pode ser bom ou ruim, só depende de como você aproveita esse espaço. - Lucky respondeu passando entre sua cama.

- Você e suas respostas sem informação alguma. - Disse.

- Guarde as minhas frases consigo, pois elas servirão muito esse ano. - Aconselhou. - Vá se arrumar. Você ainda tem que tomar o seu café da manhã.

Nargus correu com suas roupas na mão ao banheiro e trancou-se. Por mais que o Lucky aconselhasse, o Nargus nunca seguiu o que seu amigo dizia, porém, não sabia ele que o dia de hoje faria com que ele começasse a escutar a sua imaginação. Podia-se dizer que o filho único da família Sterbs nunca foi visto conversando "sozinho", mas também não foi visto conversando com qualquer outra pessoa da vizinhança. Até podia-se recordar leves acenos que respondiam o bom-dia de seus vizinhos. Os Sr. e Srta. Woneys moravam na casa em frente a dos Sterbs e todos os dias faziam questão de desejar bom-dia aos seus vizinhos, eles são um casal de senhores de cabelos extremamente brancos, são irmãos e desde sempre moraram naquela humilde casa.

Minutos se passaram e o garoto saiu do banho, seus cachos estavam úmidos, os dentes brancos como a neve, os óculos no rosto cobriam suas sardas. Vestia uma bermuda amarela, uma camisa branca com um pequeno brasão do colégio no topo esquerdo e um casaco preto que o cobria quase por inteiro. Seguiu para a cozinha descendo as escadas fazendo barulho por conta do seu sapato emprestado do seu primo John.

Nargus Sterbs e as Rochas MágicasOnde histórias criam vida. Descubra agora