Prólogo

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                          Inglaterra,
                30 de Janeiro de 2012.

   De todas as situações das quais eu precisava passar, com certeza, uma mudança de país não poderia ser uma.

   Eu poderia fazer birra, poderia dramatizar ou qualquer coisa, mas não faria. Eu tenho a plena consciência de que vai ser preciso. Mamãe precisa desse emprego, não por questões financeiras, mas por ter batalhado por ele. E pelo menos eu ficarei mais próxima de papai, que tem outra família na Califórnia, exatamente onde nós iremos morar agora.

   Elizabeth Beer, 34 anos, minha mãe. Por mais nova que fosse, seu esforço em bater suas metas sempre a traria retorno. Este ano, bem no início, ela conseguiu passar no concurso público para a promotoria da Suprema Corte da California, em São Francisco. Como ela é Estadounidense, nascida na própria Califórnia, ela apenas poderá exercer por E.U.A.

   Sinto que essa não é uma decisão fácil para ela também, mesmo que ela não desabafe, sei que a Califórnia lhe traz lembranças não tão boas. Se tem uma coisa que eu admiro na minha mãe, é a força de vontade dela e isso é o que está a motivando. Não importa quantos bichos de sete cabeças aparecerá por lá, mas ela nunca daria às costas para seu sonho.

   Foco em mim.

   Madison Elle Beer, 14 anos, britânica. Eu nunca tive um contato pessoal com o meu pai e acho que isso me tornou um pouco mais madura do que a minha idade permite.

   Eles estavam na faculdade quando a minha mãe engravidou por puro capricho. Ela tinha a ilusão de que isso faria com que meu pai ficasse com ela, mas, isso não existe. Meu pai decidiu que não deixaria de arcar com as responsabilidades dele, mas não poderia continuar com alguém que cometeu a loucura de colocar um bebê no meio daquela confusão que era o relacionamento deles. Até concordo com ele nesse quesito, mas eu não tive culpa. Por mais que ele dissesse que não tem a ver comigo o fato de ele não vir me ver na Inglaterra, por meio de várias conversas que tivemos ao longo da minha vida inteira por telefone, webcam e essas coisas, eu não paro de pensar que talvez, uma vez a cada ano, daria para ele fazer uma pequena viagem.

   Mudando de assunto, eu espero me adaptar bem em uma nova pátria. Nunca tive problemas de adaptação com as outras pessoas, porque eu sempre fui bem flexível a cada tipo, mas eu sinto um certo receio. Os americanos costumam ser mais maldosos em relação às pessoas que tentam se manter neutras em todos os gêneros de estilo. Não sei ao certo, mas vejo em muito filmes.

   Mamãe me contou um pouco sobre sua época no ensino médio, confesso que fiquei um pouco mais assustada. Entendo que estou bem adiantada para a minha idade e que, provavelmente, eu irei de lidar com pessoas mais velhas do que eu. Mamãe sabe que essa mudança não me fará bem agora, mas eu tento me mostrar o mais compreensiva possível, só para deixá-la mais tranquila. Eu sempre preferi as pessoas bem ao meu redor, principalmente a pessoa pela qual eu morreria.

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