Somos Tão Jovens

Capítulo III - Diego

>33 dias antes<

07h40

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Se sou sincero? Culpado.

Meus pais, queridíssimos pais, são um tanto liberais. Se eu disser isso na frente da minha mãe, levo uma raquetada na cara. Ela diz que é confiante no filho que tem. Tanto faz.

Logo não sou do tipo que precisava mentir pra poder sair nos rolê. É, na maioria das vezes.

Realista (pessimista também serve), indeciso, confuso, meio solitário, tímido (não me venha com papinho, Boris), simpático, na linha, entre muitas outras coisas que um ser complexo pode ser (cof cof, bipolar).

E tudo isso vinha a cabeça quando o diretor convidou-me a sua sala.

- Sr. Diego Troya Chedd, comparecer a diretoria no último andar.

Melissa e o resto gosta de falar que é Cheddar. Que claramente é mais legal.

Revirar os olhos foi inevitável. Troya já estava bom, eu já saberia que era eu o indivíduo. Mas não, o universo era brincalhão. Ou o diretor, que fico na dúvida sobre quem é maior .Universo x Washington. É de matar.

- Vamos, Boris. - Melissa se levantou e me seguiu.

Na frente da porta havia um prato com queijo cheddar.

Nos entre olhamos e caimos na gargalhada.

A porta abriu num estrondo. O ser gordo saiu e olhou para ambos os lados do corredor.

- Viram quem foi?

- Não, definitivamente não - respondi rápido e direto. Ele não gostava se não fosse.

- Rápido, entre só você.

- Certo. Tchau Meli.

- Até, Chedd.

A sala não era das maiores, mas cada tranqueira que ele conseguiu empilhar nos cantos, que chega me surpreendeu.

- Sente-se, por favor.

- Obrigado.

Washington era uma bola grande que criou vida. Não havia mais roliço. Pele levemente morena, calvo e de mãos inquietas.

- Bom, deve-se estar se perguntando do porque estar aqui. - Começou, arrumando alguns objetos em sua mesa. ótimo, não gosto de olhar nos olhos.

- Na verdade...

- De qualquer maneira, é algo que uma mãe atenciosamente me pediu. Não poderia negar. É relacionado ao seu filho, Rafael Nevy.

Oh, Jesus.

Engoli em seco, concordando com a cabeça.

- Ele é um pouco solitário - não brinca - E, com sua ajuda, esperamos que ele interaja mais com os outros.

- Eu?

- Teu nome foi muito recomendado pelos professores, o candidato perfeito. Bom aluno, bons amigos, sempre de bom humor.

Eu sabia que os meus sorrisos falsos enganam qualquer um.

- Sua mãe já autorizou, mas pedi que eu mesmo anunciasse ao senhor.

- Minha mãe? - eu só estava captando algumas informações essenciais. "ajudar Rafael" "muito recomendado" "minha mãe deixa".

- Certo, só falta você aceitar e começar já hoje no intervalo. Ele está um ciclo superior, logo é o momento que poderam se ajudar nisso.