Parte 1

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Alberto de Oliveira

(Palmital de Saquarema, Rf, 1857- Niteróí, RJ, 1937)

Tendo se iniciado no Romantismo com o livro Canções românticas (1878), Alberto

de Oliveira logo adere ao Parnasianismo, escola que, como ele mesmo afirmava, se

caracteriza pelo "culto da forma". Sua poesia - como é próprio da estética

parnasiana - retrata, com impassibilidade mas também, não raro, com certo toque

intimista, os objetos (sobretudo os objetos de arte: vasos, taças, leques chineses,

flautas gregas), a natureza e o cotidiano. Principais obras: Canções românticas

(1878), Meridionais (1884), Sonetos e Poemas (1885), hersas e rimas (1895),

Poesias completas (1900, excluindo-se Canções românticas), Poesias, 2a série

(1906), Poesias, 3a série (1913), Poesias, 4a série (1927) e Poesias escolhidas

(1933).

A voz das Árvores

Acordo à noite assustado.

Ouço lá fora um lamento...

Quem geme tão tarde? O vento?

Não. É um canto prolongado,

- Híno imenso a envolver toda a montanha;

São em música estranha

Jamais ouvida,

As árvores ao luar que nasce e as beija,

Em surdina cantando,

Como um bando

De vozes numa igreja:

Margarida! Margarida!

(Transcrito da Antologia dos poetas brasileiros: fase parnasiana, org. Manuel

Bandeira, pp. 122 - 123)

Alphonsus Guimaraens

(Ouro Preto, MG, 1870 - Mariana, MG, 1921)

Alphonsus de Guimaraens é considerado o poeta mais místico do nosso Simbolismo.

Seu misticismo, porém, "é tênue, esbatido pela ternura e pela melancolia"

(Antonio Candido/José Aderaldo Castello). Chamado de "poeta lunar" por Alceu

Amoroso Lima, tem como tema preferido a morte. Obras poéticas: Septenário das

dores de Nossa Senhora (1899), Dona Mística (1899), Kyriale (1902), Pauvre lyre

(1921), Pastoral aos crentes do amor e da morte (1923).

Ismália

Quando Ismália enlouqueceu,

Pôs-se na torre a sonhar...

Viu uma lua no céu,

Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,

Banhou-se toda em luar...

Queria subir ao céu,

Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,

Na torre pôs-se a cantar

Estava perto do céu,

Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu

As asas para voar...

OS CEM MELHORES POEMAS BRASILEIROS DO SÉCULO - JOSÉ NÊUMANNE PINTOOnde histórias criam vida. Descubra agora