Parte 2

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Raul Bopp

(Santa Maria, RS 1898 - Rio de Janeiro, RJ, 1984) Raul Boopp, num primeiro

momento, integra o grupo Verde-amarelo; em seguida, compartilha dos ideais da

Antropofagia (Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral). É reconhecido sobretudo por

seu poema Cobra Norato, de 1931. De temática amazônica, linguagem simples e

riqueza metafórica, Cobra Norato fez de seu autor, entre os nossos modernistas, um

dos principais representantes do primitivismo. Outras obras poéticas: (Irucungo

(1933), Poesias (1947).

Cobra Norato

XVII

Vou me estirar neste paturá

para ouvir barulhos de beira de mato

e sentir a noite toda habitada de estrelas

Quem sabe se uma delas

com seus fios de prata

viu o rasto luminoso da filha da rainha Luzia?

Dissolvem-se rumores distantes

num fundo de floresta anônima

Sinto bater em cadência

a pulsação da terra

Silêncios imensos se respondem...

(Transcrito de Poesia completa, p. 169)

Ribeiro Couto

(Santos, SP, 1898 - Paris, FRANÇA, 1963 Ribeiro Couto, chamado de "penumbrista"

por sua poesia entre terna e triste, na verdade é um simbolista (ou neo-simbolista)

que teve participação no movimento de 22. Algumas de suas obras poéticas: Jardim

das confidências (1921); Poemetos de ternura e melancolia (1924), Poesias reunidas

(1960).

Elegia

Que quer o vento?

A cada instante

Este lamento

Passa na porta

Dizendo: abre...

Vento que assusta

Nas horas frias

Da noite feia,

Vindo de longe,

Das ermas praias.

Andam de ronda

Nesse violento,

Longo queixume,

As invisíveis

Bocas dos mortos.

Também um dia,

Estando eu morto,

Virei queixar-me

Na tua porta.

Virei no vento

Mas não de inverno,

Nas horas frias

Das noites feias.

Virei no vento

Da primavera.

Em tua boca

Serei carícia,

Cheiro de flores

OS CEM MELHORES POEMAS BRASILEIROS DO SÉCULO - JOSÉ NÊUMANNE PINTOOnde histórias criam vida. Descubra agora