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Entrem.
A porta rangeu ao se fechar. Dezenas de pessoas se encontravam em uma sala de estar, embora parecesse ter o dobro. Todos usavam robes negros, mal se viam seus rostos a luz das velas tornava os robes em sombras negras, cada movimento era cheio de tensão.
Uma das sombras se levantou da cadeira, removeu seu capuz e e se dirigiu ao centro da sala.
Seus cabelos eram brancos, apesar de aparentar não ter mais de 30, seu rosto era fino e sua boca possuía um formato definido. Seu lábio superior tinha uma perfeita curvatura, seu queixo lhe dava um ar esnobe, e era mesmo. Mas o mais impressionante era seus olhos marfim, tão gelados que davam calafrios se olhassem diretamente, suas mãos escondidas no robe.
-Bem vindo meus irmãos á casa da ordem Necromante. Todos sabem por que estamos reunidos aqui hoje, foi nos avisado que a obra-prima foi criada.
Disse Saul, o arqueduque da ordem.
Ao escutarem as palavras proferidas as sombras se tornaram inquietas, sentia-se no ar a animação que apenas aqueles que são parte de um acontecimento grandioso são capazes de sentir.
-Onde está a mulher de Endor? Não seria mais apropriado que a própria artista fale sobre sua obra?
Via-se um rosto surgindo do mar negro de robes e escuridão.
-Você sabe que ela nunca saí de seu estúdio, Raul.
Os homens se fitaram, sentia-se uma rivalidade moderada em seus olhares.
Raul e Saul embora rivais declarados, dividiram o mesmo útero. De pais diferentes e de familias estritamente opostas, o entendimento mútuo, propenso a irmãos, nunca foi somado a relação em que aqueles dois homens dividiam.
Saul, o irmão mais novo, de talento latente nas artes da necromancia e da diplomacia, era responsavel pelos assuntos da ordem e foi o Arqueduque mais jovem nominado pela ordem.
Enquanto Raul, de aparência ranzinza,alto e dotado de músculos, não detinha de titúlos soberanos na ordem, mesmo que fosse um mago necromante de alto escalão.
Saul retoma o seu discurso enquanto fita os olhares atentos da multidão, um por um,e declara em voz alta:
-A mulher de Endor encontra-se no seu ateliê junto com a sua criação, mas não se preocupem, já mandei Etheliel e Ismael irem buscá-la. Acredito que não seja necessário que eu frise a importância deste evento e tudo que ele mudará. A primeira foi criada, das nossas mãos, a barreira entre o divino e o humano foi quebrada por nós, Necromantes.
Ao final do pronunciamento quase como se fosse combinado, Ismael e Etheliel entraram na sala e se ajoelharam na frente de Saul
-A primeira está na porta, estamos esperando sua permissão para trazê-la.
-Façam-na entrar.
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VENTRIL
Fantasy"Ventríloqua ou ventriloquismo é a arte de projetar a voz, sem que se abra a boca ou movam-se os lábios. Os gregos antigos chamavam esta arte de gastromancia, e estava associada às práticas divinas da necromancia, sendo usada para parecer que o espí...