Rachel Point Of View
[Dêem play em Someone You Loved -Lewis Capaldi]
Bufo pela milésima vez ao encarar minha irmã toda sorridente olhando pela janela. Ela tagarelava sem parar sobre algo que eu não queria saber, era notável que ela estava extremamente animada com toda essa novidade. Como ela poderia estar feliz ou sorrindo depois de horas de viajem?
Olho para a janela observando a quantidade de pessoas se movimentando rapidamente conforme o carro se movia. Era visualmente diferente de onde eu morava, era tão estranho. Aqui parece ter uma grande quantidade de pessoas, pessoas sorridentes.
Eu não gosto de pessoas, muito menos as que sorriem.
-Rachel? - Chama minha mãe tirando minha atenção da janela. -Está gostando do que vê?
-Não. -Respondo sem olhar para ela.
-Rachel, por favor! Aqui vai ser ainda melhor do que no Texas, eu te garanto -Diz parecendo sorri.
- Não vai não! -Digo ainda sem olhar para ela.
-E como você sabe disso? -Pronuncia Eliza ao meu lado.
-Porque aqui não tem o meu pai! -Digo finalmente olhando em direção a elas.
Vejo minha mãe respirar fundo e Eliza abaixar a cabeça. Ponho meus fones de ouvido ligando em uma música alta e animada que me faça parar de pensar naquilo. Volto minha atenção para a janela apoiando minha cabeça na mesma, suspiro e fecho os olhos.
Eu nuca fui boa em lidar com perdas, nunca havi perdido algo tão próximo de mim, mas as coisas começaram a ficar ruim quando minha vó veio a falecer. Foi uma completa surpresa, ninguém esperava que ela, naquela idade, poderia partir assim tão do nada. Alguns tempo depois do luto ter começado a amenizar, a pior coisa, pelo menos para mim, veio a acontecer, dessa vez foi com quem eu mais amava nesse mundo: meu pai.
Um acidente cruel tirou ele de mim. Nos primeiros dias foi como se ele ainda estivesse lá, eu não conseguia, e não consigo, aceitar que ele partiu, mas quando a realidade caiu sobre mim, toda dor e angustia de não poder sentir mais seus abraços e ouvir suas canções idiotas sobre tudo que acontecia, todo sofrimento que eu tive pela morte da minha vó se multiplicou quando meu pai morreu, eu estava sofrendo muito, e ninguém parecia se importar. Doía como o inferno.
Uma vez, quando eu tinha 7 anos, ele voltou para casa depois de ter viajado por 5 meses a trabalho, eu fiz ele prometer que nunca mais me abandonaria, ele prometeu e eu acreditei, acreditei que ele nunca me abandonaria, que ele sempre estaria aqui comigo. Mas as pessoas não tem controle sobre as coisas, elas mentem, te manipulam e fazem você acreditar até em suas mentiras mais sujas e descaradas, esse é um dos motivos por eu não acreditar mais nas pessoas.
Me impressiona o fato de minha mãe ter superado tão rápido, em questão de um pouco tempo minha mãe já estava de namorado novo, o que me fez ter uma enorme raiva por eles dois juntos. E agora nós estamos aqui, a caminho da nossa nova casa, em uma nova cidade, em um novo estado, com uma possível nova família. Eu odeio isso tudo, odeio toda injustiça. Por quê comigo?
Respiro fundo ignorando a vontade de chorar que apertava o meu peito, não queriam que soubessem o que estava sentindo, não queria parecer fraca diante delas. Me deixo levar pelo sono e cansaço.
[...]
-Rachel? -Sinto meu corpo ser chacoalhado -Rachel, acorda, nós chegamos.
Resmungo um palavrão baixo abrindo os olhos e sentando no banco logo em seguida. Eliza e minha mãe estava pegando suas coisas no porta-malas, rolo os olhos saindo do carro e fazendo o mesmo que elas. Uma boa parte das coisas já haviam vindo antes com algumas mobílias da minha mãe, felizmente trouxemos apenas o essencial para o tempo de viagem no carro. Ao pegar minhas pequena mala, olho para a casa que iriamos morar, era grande, maior do que a antiga, e parecia jeitosa por fora. O quintal era espaçoso e de grama verde, era completamente diferente da casa no Texas.
Vejamos pelo lado bom, pelo menos eu vou ter mais lugares para me esconder deles nessa casa. Dou de ombros e vejo um homem sair da casa apressado, era o novo namorado da minha mãe, George.
-Meninas! -Ele dá um beijo demorado em minha mãe me fazendo reviras os olhos. -Enfim chegaram, fiquei preocupado com a demora.
Ele larga minha mãe que sorria boba e abraça Eliza, que corresponde do jeito mais doce e gentil de sempre. Ele vem em minha direção com intenção de fazer o mesmo porém levo minha mão ao ar o parando antes mesmo que ele conseguisse me alcançar, desviando daquele momento idiota e sem necessidade.
-Prazer em revê-lo, George. -Forço um sorriso sem mostrar os dentes e sou repreendida pela minha mãe.
-Então...-Diz sem jeito retomando sua postura e coça a garganta.- Vamos entrar.
Ele sorrir andando na frente nos fazendo segui-lo. Observo a parte interna da casa e realmente, era ben bonito e espaçoso. George ia nos conduzindo pelos cômodos e, depois de mostrar a cozinha e a área atrás da casa, nos leva para o segundo andar e começa a apresentar os quartos.
-Eu ainda não conheço muito bem essa casa, peguei as chaves tem uma semana. -Se pronuncia parando de frente a uma porta. -Esse é o nosso quarto. -Abraça minha mãe por trás.
Faço ânsia de vômito atraindo os olhares de todos e recebo uma cotovelada de Eliza.
- Ai! - Exclamo irritada olhando para minha irmã que tem seu olhar de repreensão sobre mim
-Me desculpe por ela...- Começa minha mãe acariciando o braço do seu noivo, que sorri em correspondência.
-Eu não quero mais participar disso, me chamem só em caso de urgência. -Pisco para eles e me viro indo em direção ao quarto que ele havia dito ser meu.
Abro a mesma observando o quarto antes de entrar, era enorme pra quem dividia quarto com a irmã, isso aqui é até gigantesco. Abro a boca observando-o.
-Wow! -Exclamo alto entrando no mesmo, admirada com a beleza do cômodo. -Eu tenho uma cama queen!
Balanço minha cabeça negativamente ainda não acreditando que meu quarto era tão bonito e grande, tinha tons claros e era bem arejado. Sinto um corpo me abraçar e olho para trás, dando de cara com Eliza sorridente, como sempre.
-Bem-vinda a sua nova vida, Angie.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Bad Girl
Teen Fiction"As pessoas dizem que somente o tempo pode curar, mas quer saber? Eu ainda não estou completamente curada" Ao se mudar para Los Angeles, Rachel se vê totalmente obrigada a refazer, novamente, sua vida. Para Rachel fazer amigos nunca foi algo fácil...