A viagem

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Tentei pensar em cinco coisas durante aquele voo até Nova York para não me fazer desistir daquela viagem, apenas cinco, pra muita gente deveria parecer fácil, mas não era. A cada motivo á favor, vinha um "mas ...". Respirei fundo e tentei enumerar os pequenos bons motivos.
1° Esta viaje iria ser boa para mim, eu iria conhecer novas pessoas, nova cultura, lugares diferentes.
2° Eu iria realizar meu sonho

Eu não tinha a mínima ideia do que colocar nos próximos números, tento buscar mais motivos enquanto olho para a janela do avião, que mesmo estando em terra firme já estava me causando frio na barriga.
- Não acredito que a gente vai finalmente viajar papai! - diz uma voz fofa vindo do corredor de poltronas do meio.
Olho para garotinha que disse aquilo, mesmo sem conhecer ela eu tive duas conclusões sobre ela, a primeira: é que ela não tinha mais que 5 anos, e a segunda: uma garota de 5 anos tinha mais empolgação do que eu.
Foi ai que eu continuei com minha listinha imaginaria, colocando o exemplo da menina no meu 3° motivo.
E finalmente o
5° Se eu não fosse meus pais me matariam, por ter pagado tão caro em uma viajem pra eu acabar não indo.
Percebi que eu tinha pulado sem querer o 4°, mas isso já não importava mais, pois a aeromoça veio avisar que em poucos minutos o avião já iria decolar.
Olho pela janela esperando a hora em que o avião iria decolar, seguro e meu colar e fecho os olhos com meus pensamentos em meus pais e meu irmão, lembrando-me da breve despedida que tivemos antes de eu entrar no avião.
No aeroporto, existia um lugar que dava para ver os aviões quando eles chegavam e quando eles partiam, por uma janela grande, meu pai disse que eles estariam lá para me ver. Vasculhei o local á procura da tal janela, tinha muitas. Mas acabei achando uma janela extensa cheia de gente, mas não dava para ver muito bem, pois era muito longe.
Senti o avião tremer um pouco, os motores já estavam sendo ligados, nunca tinham voado antes, minhas mãos começa a suar. O avião começa a andar pela pista e logo vai se afastando do chão.
Por impulso me seguro na cadeira, com um frio enorme na minha barriga, fecho os olhos e tento me acalmar.
- É a primeira vez que você viaja de avião? - Pergunta a menina da cadeira ao lado.
A menina que tinha perguntado também iria para Nova York fazer intercâmbio pela mesma empresa que eu estava fazendo, mas ao contrario de mim ela estava bem mais calma, essa não deveria ser sua primeira viajem
- sim, estou um pouco nervosa - confesso para ela.
Ela ergue uma sobrancelha e entorta a boca, parecia estar se lembrando de algo.
Quando eu acho que ela não iria falar mais nada ela abre a boca.
- olha confesso que na minha primeira viagem também não foi nada fácil, ainda mais por quê eu tinha medo de altura - ela ri de si mesma, o que me faz dar uma risada fraca também - mas te garanto que se você fechar os olhos, respirar fundo e deixar toda a tensão do seu corpo sair e finalmente ver a vista bela que esse avião proporciona, vai passar o medo.
Sorrio e balanço a cabeça, pensando no que ela disse.
- Vai tenta - diz ela dando um sorriso amarelo.
Mesmo sem confiar nela, mesmo tendo acabado de conhecer, afinal eu não poderia passar a viagem toda tensa.
- Então, melhorou? - diz ela depois de eu fazer o que ela disse.
- sim, obrigada - sorrio para ela - a vista é mesmo incrível.
Fico olhando admirada pela pequena janela do meu lado. A vista nas alturas era maravilhosa.
- Algumas pessoas sentem um zumbido no ouvido na subida, por causa da altitude, se você estiver é só beber água que passa.
- hum entendi, não estou sentindo nada por enquanto mas obrigada.
Ela parecia ser muito legal, deveria ter uns 18 anos. Foi aí que eu percebi que eu ainda não tinha me apresentado.
- Meu nome é Tais - estico a mão para me apresentar.
- o meu é Camila - ela aperta minha mão.
Ela joga uma mexa loira pintada do seu cabelo para trás, e se vira um pouco para conversar melhor.
- Você já fez intercâmbio outras vezes? - pergunto tentando puxar assuntos.
- não, mas sempre foi meu sonho, na verdade eu acho que é um sonho de todo mundo né? Ter baile se primavera, armários, time de futebol americano, líder de torcida, ônibus amarelo.
Riu com ela sabendo que era verdade, eu também sempre quis, ainda mais com os filmes americanos que me deixava morrendo de vontade.
Camila foi super legal comigo, conversamos muito, sobre as nossas famílias, nossas expectativa para está viagem e tudo mais.
- Bom agora eu vou dar uma cochilada - diz ela arrumando a poltrona - acho melhor você dormir um pouco também, o fuso horário é um pouco ruim.
Concordo com ela, tento dormir um pouco mas no começo era difícil ainda mais que eram apenas 5:00 horas.
Então vou olhando a paisagem, que estava laranjada por causa do pôr-do-sol, que está lindo. Tiro várias fotos da vista pra depois mostrar pros meus país e meu irmão.
Depois coloco meus fones pra ouvir uma música e encosto a cabeça na janela e observo o laranja ir escurendo até ficar um azul claro. Meus olhos iam se pesando até se fecharem por completo.

Take me to New YorkOnde histórias criam vida. Descubra agora