É o meu primeiro dia de aula em uma escola nova.
Desde que vim morar com minha avó, não conheci muita gente nova. Talvez porque seja uma cidade de interior, sem muita gente interessante para conversar.
Meus pais vêm brigando muito desde os últimos dois anos, mas de um tempo para cá, as coisas vêm ficando mais sérias, então meu pai decidiu me trazer à casa da minha avó até que as coisas melhorassem. Não acho que isso vá acontecer, mas pelo menos saí daquele inferno.
"E então, querida? Como vão seus país?" - ouço a voz doce da minha vó com a amargura da pergunta. "Você sabe..." - abaixo a cabeça. "O ônibus passa para te levar à escola 7:15." Dou um sorriso, meio falso, só para vê - la sorrir também.
Olho para o relógio e ainda são sete horas. Observo os ponteiros, mas parece que quanto mais os observo, mais lentos eles giram.
"Fiz seu café, Cecília." - ouço minha vó na cozinha. "Só quero café." - digo me sentando.
Ela pega a garrafa de café florida e despeja na minha xícara. Sinto o cheiro do café e suspiro.
Bebo meu café bem devagar e quando olho para o relógio, já são sete e quinze. Me levanto, pego minha bolsa e me despeço de minha avó.
Quando entro no ônibus, todos os lugares já estão ocupados e os olhares voltados para mim. Passo os olhos por todos os bancos até encontrar um, no fundo do ônibus, onde um menino com cabelos pretos caindo pelos olhos e cabeça baixa está sentado.
Caminho pelos corredores até chegar ao fim do ônibus. De repente, em meio aos seus negros, os olhos do menino se voltam para mim e ele rapidamente se encolhe um pouco, para que eu possa me sentar.
Escuto cochichos, provavelmente sobre mim. Odeio quando as pessoas agem como se eu não estivesse ali.
Olho rapidamente para o menino que está ao meu lado e nossos olhares se encontram. Eu abaixo a cabeça, mas percebo que continua à me olhar.
"E então, você também é nova aqui?" - volto meu olhar para ele novamente. "Como você sabe?" - pergunto. "É que ninguém te cumprimentou. "Como é o seu nome?" - pergunto novamente, só para não deixar a conversa acabar ali. "Adriel. E o seu?" "Cecília."
O ônibus para e Adriel rapidamente se levanta e caminha em direção à porta. Logo em seguida, faço o mesmo.
Quando desci, dei uma olhada na escola, que não era muito grande, já que a cidade era pequena. Lembro - me di que minha vó me disse: " O diretor quer que você compareça em sua sala para que possam conversar um pouquinho. "
Vejo algumas meninas com bolsas cor - de - rosa ou com estampas de animais se cumprimentando. Também há alguns meninos as observando.
Também vejo meninos e meninas de calça rasgada e blusas pretas, alguns com cigarros.
Alguns casais, gente normal e alguns lendo livros.
Em meio à tudo isso me lembro que tenho que ir até a sala do diretor.
Entro na escola por uma enorme porta de madeira. Há um quadro com todas as turmas que já se formaram nos últimos anos e também um do diretor, que tem barba branca e é careca e usa óculos.
Olho para os lados, vejo dois corredores, o da direita tinha uma placa dizendo: secretária e diretoria.
Sigo pela direita até achar a sala do diretor. Bato na porta e ouço uma voz. "Entre." - deve ser o diretor.
Coloco minhas mãos na maçaneta. Meu coração quase saindo pela boca, sei que não deveria estar assim. Giro o trinco e levemente empurro a porta.
O diretor sorri ao me ver e eu sorrio de volta.
"Você deve ser a Cecília! Sente - se, sou o diretor Vitor.
Olho ao redor da sala e vejo que Adriel está sentado em uma das cadeiras e me sento ao lado dele. Ele sorri para mim e sinto Meu coração disparar. "Nem precisará nos apresentar, diretor, já nos conhecemos no ônibus. " " Ótimo! " - diz o diretor, sorrindo.
Eu sorrio mais uma vez, um pouco sem jeito.
"Cecília, nossa escola tem um sistema um pouco diferente das outras. Aqui nós trabalhamos com duplas. E como temos dois novos alunos, vocês formarão uma dupla. Alguma dúvida? " Não, senhor!" - digo.
"Se puderem me acompanhar até sua sala, por favor."
Eu e Adriel nos levantamos e seguimos o diretor pelo corredor. Sem falar absolutamente nada. Seus olhos negros voltados para o chão e o sol que vinha das grandes janelas refletindo sua pele estranhamente branca.
Subimos um lance de escadas e paramos em frente à sala quinze.
"É aqui." - diz o diretor batendo na porta.
Uma senhora de cabelos grisalhos, óculos e estatura baixa abre a porta. Ela faz sinal para que entremos, o diretor nos deseja boa sorte e vai embora. Olho para Adriel e ele diz:
"Damas primeiro."
Entro e todos os alunos estão a me observar.
"Como eu disse , temos dois alunos novos: Adriel e Cecília." - diz a professora. "Sentem - se."
Dessa vez Adriel é quem vai na frente e como sei que ele é minha dupla , o sigo. Sentamos em uma das últimas carteiras.
Ouço alguns cochichos e algumas meninas olhando para Adriel. Ele solta uma risada abafada.
"Se vamos ser uma dupla, seria legal que fôssemos amigos, me diz sobre você." - ele fala, um pouco irônico. "Cecília. 15 anos." "Adriel. 16 anos." "Matéria preferida...?" "História e você?" - diz ele se debruçando na carteira e olhando fixamente para mim. "Biologia." " Gatos ou cachorros?" "Gatos. Quando vai terminar seu interrogatório?" - finjo que estou impaciente. Ele RI e diz: "Tudo bem, é melhor deixarmos as coisas fluírem naturalmente.
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Saga Dos Derradeiros: O Último Belial
VampireCecília se muda para casa de sua avó e acaba criando um vínculo, uma amizade muito forte com seu colega de classe Adriel. Porém ela acaba descobrindo segredos dele que podem coloca - lá em risco e abre seus olhos para um novo universo: o verdadeiro...