"Calma meu amor... se acalme, está tudo bem... está tudo bem amor."
Liz impulsionava seu corpo para frente e para trás com Luke em seu colo chorando a plenos pulmões, tentando o acalmar. A todo o momento, imagens do garotinho Mikey enchiam sua mente, ele estava lá falando consigo por vontade própria, sorrindo e o aceitando como era por vontade própria. E Luke o havia espantado com sua esquisitice assim como fez com seu pai Andrew.
Não vá embora. Fique aqui comigo Mikey.
O choro consumia sua energia de forma tão rápida quanto um guepardo corria atrás de um antílope, e ele dormiu com a imagem dos olhinhos verdes do seu amigo que carregava um dos sorrisos mais bonitos em seus lindos lábios finos cor-de-rosa.
Liz carregou o corpo inconsciente do filho até o segundo andar o pondo entre os lençóis e colchas bem esticadas, finalmente deixando as pequenas gotas de água salgada escorrerem por suas bochechas, ver seu filho sofrer sem saber o que fazer para ajudar a diminuir sua dor, ou até, transferi-la para si de alguma maneira, a deixava desolada.
Ela enxugou as lágrimas com as costas das mãos, ela amava Luke e faria qualquer coisa por ele. Deixando um beijo de boa noite sobre sua testa pálida e então se retirou do quarto, indo para a cozinha, parando na soleira da mesma encarando o bolo confeitado perfeitamente. Com raiva, o pegou a jogou com ainda mais raiva na lixeira.
Você não irá fazer mal ao meu filho.
Michael observava a mulher loira sair do quarto do garoto com cabelos da mesma cor secando suas lágrimas. Ele conseguia ouvir o choro e os gritos de Luke, sobrepondo as repreensões de sua mãe sobre como não devia ir entrando na casa dos outros e principalmente conversar com estranhos. Mas a única coisa que ele prestara mesmo a atenção foi que, mesmo que indiretamente, Karen havia chamado o pequeno loiro de esquisito.
Ele não é esquisito, eu gostou dele.
O pequeno Clifford fingia ouvir tudo que a mãe falava, e assim que teve chance, escapuliu para o quarto. O vento frio entrava pela janela aberta, e no que viu seus novos vizinhos por ela, que estranhamente era muito próxima à deles, ele parou no meio do caminho.
Se aproximando sorrateiramente das cortinas com o logotipo do Superman estampadas nelas em cores vivas, ele podia observar com uma visão ampla o outro cômodo, podendo ver o loiro dormindo tão serenamente que era estranho pensar que era ele o causador dos gritos e súplicas em desespero que arrepiavam qualquer um que os ouvisse. E o pior. Michael era o culpado pela sua agonia e dor.
Ele se sentia tão mal por fazer o garotinho chorar. Assim que o viu sentado no tapete da sala ele sorriu sorrateiramente e passou por debaixo das pernas da loira que estava entretida demais com sua mãe para ver ele entrar em sua casa. Ashton puxou sua blusa sinalizando que não com uma careta, Michael bateu em sua mão e a colocou no bolso procurando o que ele sabia que assim que o irmão teria o deixaria em paz para fazer o que quisesse.
"Toma Ash. Agora me deixa em paz."
Michael ralhou baixinho no ouvido do irmão que sorriu para as moedas nas mãos e começou a puxar a saia da mãe pedindo se poderia ir ao banheiro, mas era somente uma desculpa para ir para casa. E vendo todos distraídos, Michael entrou na casa de Liz, caminhou devagar até o garotinho que o olhava alarmado, o medo mais do que visível em seus olhos azuis como a piscina de Dona Djudji onde muitas vezes ia nadar com o irmão.
Ele sentou-se com pernas de índio, sorrindo para o garoto, o cumprimentou como a mãe havia lhe ensinado e perguntou seu nome.
Sem resposta.
Pendeu a cabeça para o lado, arrancando uma pequena risada do garoto. Era um som lindo, Michael tentou então jogar a cabeça para o outro lado também sorrindo mas o que recebeu não foi outro riso e sim lágrimas. Espantado, tentou acalmar o menino se levantando assim que o choro estourou, e quando fez menção de abraça-lo, Liz o agarrou, xingando Mikey e o mandando ir embora.
Karen logo o colocou atrás do próprio corpo, retrucando Liz para defender o filho. Os dois foram para casa em passos largos e apressados ao som dos gritos e choro de Luke como uma melodia triste.
"Michael! O que pensava quando entrou lá, garoto? Você assustou o menino ou o machucou..."
Karen continuava a derramar seu discurso sobre o filho sem ao menos saber se ele a ouvia ou não.
Ashton ria do outro lado da sala assistindo Os Padrinhos Mágicos e dando palpites a cada novo episódio.
"... você está proibido de ir outra vez à casa da Liz...
Os olhos de Michael cresceram rapidamente em espanto.
"Mas mamãe, eu tenho que pedir desculpas e..."
"Não Michael. Você não irá lá outra vez, está proibido. Agora já pro seu quarto."
Com raiva e vontade avassaladora de chorar, Michael ergueu o queixo para a mãe de maneira petulante e marchou pelas escadas até seu quarto, batendo a porta.
Tremeu com o vento frio vindo da janela, e foi fecha-la, mas parou ao ver o loiro com sua mãe no cômodo da casa, que com toda certeza, era o quarto do garoto. O observando por trás das cortinas Michael viu o quão sereno e bonito o garoto sem nome ficava ao dormir.
Como eu posso achar outro garoto bonito?
Ele sabia que devia pedir desculpas pelo que fez, mesmo não sabendo o que causou o choro do menino, mas ele não iria desistir.
"Eu vou ser seu amigo. Só seu, loirinho."
VOCÊ ESTÁ LENDO
beautiful | muke version
FanfictionEu percebi que estava perdido quando seus olhos inocentes me traziam pensamentos impuros. Eu percebi que estava perdido quando comecei a desejar seus lábios rubros. Mas eu não podia. Luke é autista. Mas eu ainda o amo.