Dificílima. É assim que eu a defino.
É assim que eu também defino minha vida, mas por dificílima eu também defini a vida daquela sujeita. Quem diria que foi por defini-la dessa forma que eu me aproximei ainda mais dela? Antes eu tivesse parado no momento em que me vi muito próximo dela. Não deu: eu me envolvi demais por ela tal qual um jovem de quinze anos se envolve por um romance. Eu sei que me ferrei por acabar guiado por tal ato.
Queria que isso fosse tão simples quanto falar sobre.
Em nossas vidas existem empecilhos ao montes, aliás. A vida dela não foi fácil e, tampouco, como já disse, a minha vida é. Eu queria que fosse o contrário de tudo isso. Talvez se tudo fosse mais simples, nós pudéssemos ficar juntos. Só um pouco, ao menos. Eu detestei ter que deixa-la naquela cama sozinha; senti-me um Schurke quando fiz isso com ela, mas era necessário.
Eu não me conformo com o que fiz, logicamente. E eu sei que ela também não se conforma, podendo me odiar eternamente. Parece uma eternidade o tempo em que eu a deixei: um ano e eu não arranjei ninguém desde então; ela também não. Mas se eu já não conhecesse as regras de meu país, nós, talvez, fossemos muito felizes agora; eu dependo dessas leis para organizar meu trabalho, entretanto, mas eu amaldiçoo cada dia desde que me tornei o que sou já sendo um conhecedor dessa bendita lei!
Infelizmente, eu vivo de regras e de cumpri-las, mas são essas mesmas regras que proíbem a nossa união, afinal eu não sou uma pessoa que você poderia encontrar nas ruas a qualquer momento como uma pessoa comum, se é que você me entende somente sob essa descrição. Eu preciso ser mais explicito que isso, entretanto: não sou uma pessoa comum desde o momento em que nasci porque o peso do poder cai em minhas costas desde então; eu queria ser um plebeu e ter uma vida normal, sem ter o peso de ser o herdeiro de Liechtenstein sobre minhas costas. Era tudo o que eu pedi a vida inteira para aquele que vocês só não colocam em um pedestal porque não é de barro ou aço: Deus.
Mas com o perdão da palavra, já é tarde demais para dizer que eu sou apenas herdeiro daquele pedaço de terra de cento e sessenta quilômetros quadrados que atraia olhares dos plebeus prontos para te chamarem erroneamente de Majestade quando o correto seria chamarem-te de Sua Alteza Sereníssima.
Tarde demais.
É tão tarde que não posso sequer sair nas ruas e viver uma vida normal, como vivia até um ano atrás, utilizando o nome falso que costumava usar. É tão tarde que para a infelicidade – ou felicidade – daqueles que idolatravam o comando de meu pai, hoje eu sou um príncipe-soberano – sem princesa, por sinal.
Seria bom se eu conseguisse burlar aquela… lei… abençoada.
Hoje eu estaria com Isabella ao meu lado se não fosse por ela.
Conheça-me como Gustave Mueller-Wenzel, ou melhor dizendo, Edward Anthony Masen Cullen Svensson Baumgartner, principe-soberano do Principado de Liechtenstein.