Blogueira! Eu poderia seguir como blogueira, elas não ganham dinheiro? Só fazendo aqueles posts bobos e fúteis sobre moda? Porque eu não poderia fazer isso? Eu me visto bem, muito bem por sinal. O que poderia dar errado?
Ah! Joama, tudo poderia dar errado. Blogueira não ganha dinheiro de um dia para o outro, demora. E você? Você precisa de dinheiro rápido, muito rápido.
Se eu entrei em desespero? Sem sombra de duvidas. A minha mensalidade vence próxima semana, e eu não posso deixar o meu sonho se safar assim. Os currículos que eu coloquei nas empresas? Nenhuma me deu resposta, nem um não.
Já se passou um mês desde que fui demitida, exatamente um mês. E o que eu consegui? Apenas o meu ultimo salario, e nada mais. E o mesmo já está no fim.
Se eu consegui fazer algum bico? Que nada. Minhas contas? Quase todas atrasadas. O meu apartamento? Ah, isso é a única coisa que é minha e eu não devo.
Depois de muito pensar, e nada fazer, resolvo dar uma olhada no meu celular. Não há nada de importante.
Abro meu snapchat, faço um foto, e posto em minha historia.
Ouço um barulho estranho, algo como um grunhido. Minha barriga! Deus, estou com fome.
- Vou comer alguma coisa.
Depois de comer, volto para onde estava, em meu quarto, e ligo a TV. Não está passando nada que preste. Volto a olhar meu celular.
Reviro-o, e novamente não acho nada de importante, exceto por uma mensagem em meu snapchat.
- Olá, gatinha. Sei que não me conhece, nem pretende, mas saiba que eu posso pagar muito bem para te ter.
Como me ter? O que ele pensa que eu sou? Uma prostituta? Ah, isso não vai prestar.
- É o que? Quem você pensa que é? Seu filho de uma puta, rapariga. Toma vergonha nessa sua fuça, que você chama de cara, seu cachorro.
- Calma, bela donzela. Eu só queria te propor uma coisa, que tanto eu quanto você vamos sair ganhando.
- O que? Fala logo!
- Que tal você me mandar unas fotos sensuais? Se é que você me entende. Eu pago bem.
- É o que? Eu tenho cara de ser prostituta? Seu safado, cachorro. Eu sinto nojo de você.
- Sinceramente? Você daria uma bela prostituta de luxo, mas pelo que eu vi não é bem o que você faria.
- Seu cachorro, deixa de ser tão nojento assim. Você nunca vai me ver. E eu muito menos vou me vender.
- Você quem sabe, minha querida jovem.
O que eu fiz? O bloqueei imediatamente. Isso é inaceitável, não tem cabimento. Eu? Uma prostituta?
Raiva? É pouco para o que eu estou sentindo. Tem algum outro termo que substitua raiva? Talvez fúria, ira, tudo, exatamente tudo. Como é que um qualquer me pede fotos nuas?
...
Eu não estava em mim ontem a noite, o mundo resolveu me dar as costas na hora que eu mais precisava. Perder o emprego? Parabéns, eu consegui. Não ter o que comer? Não ter com quem falar? Perder a faculdade, por falta de dinheiro? Ser esculachada? Sem falar perder a minha dignidade! Oh vida, porque fazes isso comigo? Eu não sou uma humana o suficiente para viver como todos?
Desde pequena eu sofro, mãe solteira, largada pela família, sem pai, sem avós, sem tios, sem primos... E estou prestes a perder o meu apartamento. É, e ainda pode ficar pior, ô se pode.
Resolvi sair, mais uma vez a procura de emprego, mesmo já tendo ido a todas as empresas da cidade, desistir é a ultima coisa que eu vou, ou posso, fazer.
Vamos lá Joama, você consegue... Nunca desista. Honre a sua mãe.
Sai determinada de meu apartamento, e como todos os dias, fui vitima de olhares maliciosos, mãos bobas no meu corpo.
- Iaê, gostosa! – gritou um homem.
- Gostosa é a vaca da sua mãe. Me respeita seu nojento. – gritei para que todos ouvissem.
Sai dali, não queria me meter em confusão, e ainda mais a procura de emprego.
- Quanto é para ter uma noite com você, cachorra? – gritou um velho, no banco atrás ao meu, do ônibus.
- Olha o respeito, seu cafajeste. Eu não sou como a sua mãe não, para vender meu corpo. Seu filho de uma puta.
Tem como não me irritar com essas coisas? Todo santo dia é assim. E eu estou cheia disso.
...
Novamente, meu dia não foi nada produtivo. Nenhum emprego, nem ao mesmo uma esmola.
Voltei para casa, e logo na portaria do prédio o porteiro me entregou a correspondência, melhor dizendo, as contas.
Entrei em meu apartamento, jóquei as chaves na mesa, a bolsa no sofá, e comecei a abrir as "correspondências", conta, conta, conta, faculdade. Uma carta da faculdade. Deus, eu atrasei. A faculdade.
"Senhorita Joama,
É por meio desta carta que informamos que sua mensalidade em nossa instituição encontra-se atrasada a uma semana. Pedimos que efetue o pagamento da mesma, ou teremos que tomar as decisões cabíveis.
Atenciosamente, direção da Faculdade Scorpion."
Mais essa... Só uma semana, e já estão me cobrando. O que eu vou fazer agora? Não posso deixar a faculdade. Não, eu não posso.
Peguei meu celular, procurando algum contato que eu possa ligar, mas nenhum, nenhum é capaz. Estou sozinha nessa. E eu não vou perder o meu direito de cursar a faculdade, não eu não vou.
Ao remexer meu telefone, vou ao snapchat, abro as conversa, e lembro da proposta que um cafajeste me fez.
- Será que ele me pagaria bem?
Não, para com isso Joama, isso não é a solução, você não vai vender o seu corpo, não, não vai.
Mas e se isso for a minha única solução? Eu não posso deixar o meu sonho de lado por um orgulho bobo. Orgulho? Quer dizer que eu não vendo os meus nudes por orgulho? Não, eu não posso.
Só um, isso não vai acabar com a minha dignidade.
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Vendo Nudes!
Short StoryDepois da dolorosa morte de sua mãe, aos 16 anos, Joama, conseguiu um emprego em um famoso escritório de advocacia, o melhor da cidade. Conseguiu ser o braço direito do seu chefe. Mas quando menos esperou, foi demitida, sem motivos. Como vai pagar a...