Chapter One - Nightmare

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Saí do quarto completamente devastada. Por um minuto eu podia jurar que Camila estava respirando, mas talvez isso seja apenas minha imaginação desejando com tanta força algo que eu sabia que não iria acontecer. Minha mãe tentou me abraçar para me consolar, mas esquivei. O único abraço que eu queria agora era o da minha menina...
Comecei a chorar outra vez; ao meu redor eu podia ver os olhares de pena mesmo que ninguém soubesse o que havia acontecido. Até escutei uma mulher dizer: "coitada, olhe só! Deve ter perdido alguém importante." Pois é, você não faz ideia...
Algum tempo depois minha mãe se aproximou com cautela e disse que precisávamos dar um jeito de falar com os pais de Camila para dar a notícia. Se a minha dor já era grande, eu não queria nem estar perto para ver a reação da dona Sinuhe.
Aos poucos fui tomada pelo meu lado mais masoquista e mentalmente comecei a repassar meus momentos ao lado da menina com sorriso encantador que conheci há pouco tempo atrás, mas que já amava a ponto de fazer tudo para vê-la feliz. Mas eu fracassei e nunca vou me perdoar por isso.
Notei minha mãe indo para o lado de fora e resolvi infringir as regras pelo menos uma vez na vida. Não havia ninguém nos corredores, então usei minha memória fotográfica para levar-me de volta ao quarto onde Camila estava. Eu ficaria ao lado dela até o fim. Bem, aquele já era o fim...
Sentei-me ao lado da cama e pude ver o quanto Camila parecia em paz. "Que os céus a levem para um lugar melhor..." sussurrei acariciando sua mão. Eu queria ter chegado e a conhecido a tempo de ajudar a cicatrizar as feridas (tanto as físicas quanto as emocionais), não ter de me despedir tão cedo...
"Sabe... Eu me lembro do dia que você se atrasou para comprar doces para mim..." senti minha voz falhar ao lembrar desse acontecimento, mas tentei não chorar. Olhei no rosto dela, tentando memorizar cada mínimo detalhe.
Foi então que vi seus olhos mexerem. Não é possível. Estou ficando louca, só pode ser isso. Antes que eu pudesse voltar à realidade, escutei a porta se abrir e por ela entrar duas enfermeiras.

"Você não pode ficar aqui." Disse uma delas. "Ordeno que saia imediatamente, senhorita."

"Ela está viva." Balanço a cabeça negativamente, sabendo que elas achariam que eu havia enlouquecido. De fato foi o aconteceu, ambas olharam confusas para mim e pediram mais uma vez que eu saísse. "Eu não vou te deixar, meu anjo..." consegui dizer em meio às lágrimas que insistiam em cair.

"Senhorita, você não pode..." falou a outra, já pegando meu braço e tentando me fazer levantar.

"Me larga!" gritei a plenos pulmões. "Eu não quero saber o que eu não posso! Salvem ela seus incompetentes, salvem a minha garotinha..."

Eu sabia perfeitamente o quanto eu estava descontrolada, mas não me arrependo de ter me excedido. Quando dei por mim, as duas enfermeiras estavam me arrancando a forças do quarto e chamando socorro.
Tudo o que lembro de ter visto foi minha mãe correndo em minha direção. Talvez ela estivesse gritando, mas eu não conseguia escutar coisa alguma.

Camila? Estou indo te encontrar.

Candy 》camren [book two]Onde histórias criam vida. Descubra agora