Capítulo número dois: Emocionalmente capaz.
- Está a encarar-me. - Alexys comentou por alto, sustentando o olhar atento de Louis sobre si.
- Eu não estou a encará-la. - Retorquiu Louis juntamente com um balançar negativo de cabeça, como se apenas as suas palavras não bastassem.
- Você está a encarar-me. - Repetiu sem hesitações, sendo ligeiramente mais enfática e ignorando as palavras de protesto dele. Inclinou alguns centímetros a cabeça, como se assim conseguisse de facto ver melhor, e, lentamente, cruzou os braços sobre o peito.
- Eu estou apenas a pensar em algo. - Defendeu-se, pegando no lápis amarelo pousado sobre a mesa de centro e começando a rabiscar o que acabava por passar-lhe pela mente, no seu caderno preto com um marcador amarelo e azul, onde, literalmente, escrevia tudo o que se passava em cada uma das suas sessões.
Alexys mordeu o lábio inferior encarando cada vez mais séria, todos os movimentos que o homem à sua frente fazia. Louis também mordia o lábio inferior enquanto distraída e repetitivamente batia com o lápis amarelo no seu caderno. Alexys observava-o atenta, tomando como principal atenção os traços fortes que desenhavam e formavam o maxilar do moreno. A sua mandíbula estava cerrada, o que levava a que a atenção de Alexys sobre o seu maxilar não tivesse segundas intenções - embora o achasse um homem bastante atraente. Humedeceu os lábios, sentindo-os ligeiramente secos e desidratados. O que poderia ter sido uma das razões por ela não ter comentado nenhuma palavra a seguir, pelo menos, desde que o silêncio se instalara como um convidado no ambiente fechado e sufocante do escritório de Louis.
Suspirou cansada e permitiu-se aconchegar um pouco mais no sofá de couro preto, que fazia parte da decoração requintada de Louis. O seu escritório todo envergava preto e branco - literalmente. Alexys ainda gostaria de perguntar-lhe um dia, onde arranjara a mesa de madeira branca que ele utilizava para suportar o seu computador, o pequeno candeeiro e todos os seus papéis.
- Gostava de fazer um experimento. - Louis fez-se notar quando finalmente decidiu gesticular palavras em vez de pensamentos. - Poderia vir aqui, no meu escritório, amanhã?
- Não.
O moreno suspirou pesadamente antes de pousar o lápis e o caderno sobre a pequena mesa que se encontrava em frente a ambos. Olhou sério para o rosto de Alexys como se, ao fazê-lo, ela mudasse de ideias tão rápido quanto ele piscava.
- Porque não? - Perguntou cansado. Embora já conseguisse imaginar qual seria a resposta que receberia, mas Louis nunca perdia a esperança de que atos frios e inércios de Alexys conseguiriam de facto mudar algum dia.
Olhares foram trocados como pequenos cúmplices desconhecidos e tímidos, antes de Louis perceber que seria uma perca de tempo esperar por uma resposta que não ser-lhe-á dada. Sorriu de canto antes de olhar diretamente nos olhos da morena que se encontrava no sofá à sua frente.
- Quer que a obrigue? - Perguntou com um sorriso de canto, completamente encantador e ensaiado. O seu sorriso nunca deixou os seus lábios, embora passado algum tempo, ele já não fosse totalmente natural, sendo completamente forçado a permanecer ali. - Alexys, não me obrigue a tratá-la como uma criança.
A morena apenas descruzou os braços e endireitou-se no pequeno sofá antes de entre-abrir os lábios de maneira sugestiva e azucrinante, não deixando qualquer som, por mais pequeno que fosse, escapar por eles.
- Estou a tentar ajudá-la. - Louis tentou uma última alternativa antes de realmente pensar em ligar a Jade e fazê-la obrigar Alexys a vir à consulta que se realizaria no dia seguinte. Era sempre um luto fazer com que Alexys comparecesse às consultas marcadas por ele, mas, com um toque de Jade, por norma as coisas tendiam a acontecer; afinal era a quarta vez consecutiva que ela conseguia convencê-la a pelo menos fazer presença no escritório de Louis.
- Ok. - A morena deu de ombros, sorrindo fracamente. - Eu venho.
O moreno deveria estar alegre por conseguir fazê-la mudar de ideias tão facilmente, mas algo - provavelmente o facto de ter sido fácil demais - o deixava desconfiado e nada confiante. Algo dizia-lhe que ela não estava a ser totalmente sincera com ele.
- Eu falo a sério. - Louis quis esclarecer, deixando em evidência o respeito que ele gostaria que ela percebesse e cumprisse.
- Sabes que eu gosto de factos. - Alexys começou, deixando o moreno ligeiramente confuso. - E eu quero provar-te, que nada do que tu possas pensar fazer, irá mudar a minha maneira de pensar sobre o assunto. - O seu olhar era quase minaz sobre o dele. Internamente, a luta que os dois pares de olhos faziam, era uma luta sobre cores. Tanto o azul de Louis, como o verde de Alexys queria dominar aquele desafio que acabara de ser lançado sobre a mesa.
- Sabes que eu gosto de desafios Alexys. - Louis soava cativado, conquistado e envolvido. Na verdade, o que acabara de ser-lhe proposto o deixava bastante preso e seduzido. Podia quase sentir-se ansioso pelo que o futuro parecia reservar para aquela pequena aposta. - E eu quero provar-te, que nada do que tu possas pensar fazer, irá mudar a minha maneira de pensar sobre o assunto. - Louis repetiu exatamente as mesmas palavras que a morena havia dito momentos atrás, e, quase como mecanicamente, sorriu de lado. Pegou rapidamente no lápis amarelo que pousara antes sobre a mesa, e agarrou fortemente o caderno preto entre os seus dedos finos, preparando-se para escrever em letras visivelmente grandes: Provar a Alexys que ela consegue tornar-se emocionalmente capaz.
Alexys sorriu fazendo as suas orbes verdes tornarem-se em pequenas orbes anestesiadas. Embora o jogo pudesse realmente fugir-lhe dos planos, Alexys sentia-se realmente ansiosa pelo seu resultado final. Mesmo que Louis conseguisse fazê-la sentir e ela, diretamente, perdesse, iria continuar a, indiretamente, ganhar - pois o que sempre quisera ver, se tornará, finalmente, em uma realidade.
N/A:
Qual das duas cores dominará? Verde ou Azul? *carinha ansiosa* Como eu vou amar escrever istoo.
Bem, sim, a história será escrita na narrativa, pois o primeiro capítulo apenas foi escrito na primeira pessoa porque esteve com esta letra e porque ela esteve a contar algo que aconteceu no passado.
Contudo, embora ainda seja apenas o segundo capítulo, espero que estejam a gostar e que gostem dos seguintes;
Com amor,
CocoBelln.
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Feel Real | H.S
Fanfiction- É raro tu sorrires. - Acariciou com o seu dedo, a minha mão que se perdia na sua. Um sorriso fraco nasceu nos seus lábios enquanto os meus olhos lentamente pestanejavam habituando-se à imagem que se desenhava à frente deles. - Se eu carregar sempr...