Sob a luz do luar, em uma sacada qualquer há uma história. Para todo começo, tem um fim. Um jovem evitava começos, porque tinha medo dos finais. Contudo, não aproveitava sua juventude. Só ficava em casa lendo seus livros, peças de Shakespeare com uma xícara de cappuccino na mão. Era seu único e maior prazer. Em cada leitura viajava através dos livros, sonhando em um dia que pudesse reviver uma história que se mantinha nos livros de literatura. Numa noite, seus amigos o convidaram para ir ao teatro, por curtir tanto, foi. Sendo muito pontual chegou primeiro e para passar o tempo até eles chegarem, tirou seu livro da mochila que levava para todos os lugares. Quando olhou para a porta, uma moça com um vestido longo e cabelos ruivos indo para o seu camarim. Deveria ser uma das atrizes do espetáculo. Deixou cair seu livro, que por coincidência era o mesmo que o dele. Por pressa não notou, e já que ela estava atrasada percebeu que seria melhor entregar depois da peça terminar. Os amigos dele chegaram e entraram todos juntos. Era uma peça de Shakespeare, "Romeu e Julieta" sua peça favorita. Ele quase não saia de casa, mas quando saia era por um bom motivo. Além do mais, Shakespeare é um mito. Nunca será esquecido, e ficará na memória dos atores por várias gerações. A jovem interpretava a Julieta tão lindamente. A cada cena fazia com que o público suspirasse e mesmo sabendo o final, torciam para que o casal terminassem juntos. E devem estar, na morte. Mesmo não sabendo o nome da atriz, ficou completamente encantado por ela e queria conhecê-la. Tinha um motivo para falar com ela, o livro que caiu de sua bolsa. Na peça só tinha olhos para ela, era como se estivesse só ela e ele naquele lugar. E a cada fala era como se pronunciasse olhando diretamente em seus olhos. Fazendo com que ele se arrepiasse por completo.
No final da peça todos aplaudiram, assoviaram. Foi uma linda peça com um triste final. Chegando pertinho do palco, a elogiou e entregou seu livro que tinha caído. Ela agradeceu, mesmo sendo muito tímido tentou puxar papo dizendo que tinha encontrado um novo prazer. Ir ao teatro para ver peças como essas e se tiver sorte, ver ela mais vezes. Todo final de semana estaria lá, apresentando essa peça e outras. Ela o convidou para se matricular ao teatro, se por um jogo do destino ele se tornará um ator e se juntará ao ofício. Ele não acreditava em coincidências, desde aquele dia tentou fazer as coisas de outra forma. Sair mais vezes, tentar escrever novas histórias, e um livro que tinha em mente há anos. Sua nova inspiração tornou atriz de amiga à namorada atuando em palcos, do monótono ao excepcional. E ficou grato pelo seus amigos terem chamado para ver a peça, saindo da fantasia para realidade. Fantasiando juntos o amor ao teatro, e a cumplicidade de ajudar um ao outro. Quando o medo falar mais alto, vá assistir uma peça e deixe-o medo obscuros na entrada. A luz do palco clarear seu interior, clareando a escuridão que tem sentido. Não se junte a ela, não alimente. Se não for alimentada, morrerá de fome e sabendo que não é bem-vinda não virá mais. E se tiver a audácia de aparecer, mostre a lanterna de alguém que não é submisso a esses sentimentos.
