Fique Bem

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22:00 e nenhum sinal de Anne, ninguém sabia onde ela poderia estar, ninguém havia visto ela, Bia e Panny estou até que se dando bem -pela primeira vez-, estão me ajudando juntas e sou grata por isso, eu tento ligar para Anne, mesmo sabendo que ela não vai atender de modo algum.
-- Nos já procuramos em todos lugares. -- Bia diz se aproximando devagar.
-- Ainda falta... -- Panny diz, mas não completa a frase.
-- O que falta? -- pergunto, estou tentando manter a calma, mas isso se torna cada vez mais difícil.
-- Você tem o número da namorada da sua irmã? -- Panny pergunta ignorando a minha pergunta.
-- Ex-namorada. -- Eu a corrijo. -- Tenho sim. Por que?
-- Mande uma mensagem pra ela. Ou melhor. -- Ela pega meu celular. -- Eu mando. -- Estou tão nervosa que não ligo pra aquilo, só olho em volta na esperança de vê-la andando na rua desprotegida.
-- Vamos continuar a procura Mir? -- Bia pergunta e eu balanço a cabeça afirmativamente.
-- vamos esperar aqui um pouco. -- Panny diz rapidamente.
-- vamos. -- Bia fala, e eu concordo por estar muito cansada.
22:15 vejo alguém se aproximando, meu coração acelera momentaneamente a pessoa se aproxima e vejo, é Alice, ela está usando um casaco grande que quase esconde seu rosto, ela olha para mim com indiferença, eu olho pra Panny que sorri.
-- Ela vaia ajudar. -- Panny fala.
-- Acho que até agora ela só atrapalhou. -- Bia fala virando-se para mim.
-- Vocês não entendem. -- Alice fala devagar. -- Ela terminou comigo, disse que com os pais dela atrapalhando não dava para ficarmos juntas, ela falou também que nunca me amou e que gosta de outra pessoa. -- fez uma pausa. -- Ela falou também que até agora só tinha atrapalhado todos que ama e que ela acabaria com isso de uma vez. E então ela fugiu... parou de me atender e de mandar mensagens...
-- E você tem idéia de aonde ela esteja? -- Eu pergunto, sendo fria.
-- Sim, Panny me falou sobre o único lugar que vocês ainda não procuraram e tenho certeza que ela estará lá.
-- Aonde? -- me viro pra Panny.
-- Na frente do orfanato Bulevar, na ponte Wilston. Foi esse lugar onde demos nosso primeiro beijo, e foi nesse lugar que ela viveu seus primeiros anos, quando ela stava no orfanato. -- Eu respiro fundo, Bia se vira para mim confusa.
-- Nunca me disse que era ela não era de sangue. -- Bia fala, ela parece desapontada, mas não tenho tempo de explicar nada.
-- Ela nunca disse muitas coisas. -- Panny fala e saí andando, Alice vai atrás.
-- um dia vai me contar tudo? -- Bia pergunta aproveitando que ficamos pra trás se ficamos a sós.
-- Bia... Eu queria te contar tudo nesse momento, mas estamos ficando sem tempo. -- Eu a abraço e saímos atrás de Panny. Quando chegamos perto do orfanato Panny começa a falar.
-- incrível não é? Como nosso destino é ligado... -- Ela fez uma pausa, achei que estava falando do fato de termos nos beijado, mas acho que me enganei. -- Lembro desse orfanato. Lembro de você Miranda, apenas uma criança de 4 anos. -- Outra pausa. -- Você andava no orfanato como se estivesse em uma loja de doces, já era linda naquela época. -- Alice está prestando atenção no que Panny diz, enquanto Bia só tenta ignorar. -- Mas depois que você saiu com Anne não voltou mais, sabe, não tardou para que alguém me adotasse e que nos encontrassemos no colégio. Quando me tornei sua inimiga, não sei ao certo o porquê, dês de lá sinto algo por você, dês do orfanato, eu conhecia Anne, mas perdemos o contato depois que ela foi adotada, ela me reconheceu quando foi para nosso colégio, mas não disse nada. -- Panny estava sorrindo, eu não sabia o porquê dela estar falando aquilo, talvez estivesse apenas tentando fazer Bia se sentir mal, eu não entendia.
Viramos a esquina e lá estava, orfanato Bulevar e a sua frente a ponte Wilston, havia alguém na ponte (com certeza Anne), estava sentada no parapeito, balançando as pernas penduradas, parecia uma criança feliz, mas seu rosto revelava a tristeza, haviam lágrimas em seus olhos, nos nós aproximamos dela até chegar na entrada da ponte, ela nos viu e sorrio, um sorriso que eu sabia que era falso, mas era do fundo do coração, ela estava tentando ao menos parecer estar feliz. Tento sorrir de volta, mas minha respiração está acelerada demais para isso, tento andar, mas meu corpo não se move, minhas pernas se recusam a fazer o que eu mando, estamos nos quatro paradas aqui, mas Anne só olha pra mim e sei disso porque todas outras olham para mim, como se estivessem se perguntando o que tenho de tão especial que chama atenção de Anne, finalmente minha perna resolve se mover, em movimentos leves e contínuos eu me aproximo de Anne. Bia, Alice e Panny ficam no mesmo lugar, talvez por ter entendido que aquele era um momento de irmãs, ou pelo menos deveria ser, eu chego perto de Anne e sento -com medo- no parapeito da ponte, minhas pernas estão soltas e balançam com o vento, Anne olha pra mim, ela ainda sorri, mas agora não sei se é um sorriso verdadeiro ou não, Anne está bem ao meu ver, mas tenho medo de que ela esteja mal por dentro, eu apoio as mãos no parapeito, no intuito de evitar uma queda catastrófica na água, Anne bota sua mão em cima da minha, está fria, mas com toque suave, aquilo não estava me incomodando.
-- Como está em casa? -- Anne pergunta me surpreendendo.
-- Um desastre... esqueça isso um momento. -- Digo sem tirar os olhos de meus pés pendurados, embaixo dele só existe água, talvez algo mais fundo.
-- Olhe o horizonte, quando você o vê pensa que tudo isso aqui é finito, mas quando chegamos lá ainda existe um longo caminha até o próximo horizonte, isso faz com que nossa jornada seja muito longa e uma hora você cansa não é mesmo? -- Eu olho o horizonte do lago, sua água brilha com as luzes dos postes que se refletem.
-- Uma hora você cansa, isso é inevitável, mas você escolhe se vai cansar depois, basta não ser apressado para atravessar um horizonte, apenas, espere no seu tempo normal, ande devagar e sempre, não saia correndo, não se arrisque.
-- A vida é feita de riscos e de perigos. -- Sua voz está calma, ela não tira os olhos da água azul escura, que de noite mais parece preta. -- Acho que eu corri muito, porque eu estou cansada de seguir o horizonte. -- Eu fiz que sim a cabeça, nossa conversa está simplesmente fluindo. Eu olho para onde Bia, Panny e Alice estão, Alice meio que se despede delas e vai embora, Panny e Bia simplesmente ficam lá paradas.
-- Por que você terminou com ela? -- Eu pergunto ainda olhando para onde estão agora Bia e Panny.
-- Porque ela merece alguém melhor, alguém que seja livre pra ficar com ela. -- Seu olhar fica triste, frio, vazio, seus lábio tremem de frio, pego o meu casaco e coloco sob seus ombros, ela se agarra a ele como se estivesse vivo e a abraçasse por trás, eu a observo por um instante.
-- Vamos para casa? Você tem muito tempo pra descansar e seguir seu horizonte. -- Eu falei e desci os parapeito, segurei sua cintura e a puxei devagar fazendo-a rir e se espernear para que eu a soltasse, quando ficamos âmbas de pé no chão firme e recomposta Bia e Panny vieram até nos.
-- Vamos dormir todas na minha casa. -- Panny fala. -- É mais seguro. -- Eu faço que sim com a cabeça a vamos nos quatro para casa de Panny que não fica muito longe.
Chegamos lá e fomos direto para quarto de Panny, seus pais já dormiam, Panny pegou dois colchetes e estendeu no chão.
-- duas na cama e duas no chão. -- Ela fala rapidamente.
-- Eu e Anne podemos ficar no chão... -- mal completo a frase e Bia me encara.
-- Por favor, não quero dormir com ela... -- Bia sossurra para mim -apesar de Panny ter ouvido e estar sorrindo-, agora tenho medo, é como se todo peso do mundo estivesse em minhas costas, porque finalmente, chegou a hora de escolher, quem eu amo, preciso ser rápida e escolher a que o coração mandar, o que pode parecer, mas não é tão fácil Bia olha para mim e percebe a minha confusão, ela então diz em um tom de voz calmo:
-- Nessa quinta eu vou embora, eu ia te contar... mas, só preferi aproveitar o tempo que tinha com você. -- Meu mundo caiu, eu não esperava por aquilo, senti um aperto forte no peito e isso só me confunde mais.
-- Embora?
-- Sim, meus pais querem que eu encerre o colégio já na cidade que farei faculdade, onde o encino é melhor. -- Ela está séria, vejo uma lagrima escorrer por seu rosto e então a abraço e em seguida a beijo, um beijo rápido, apenas um selinho porque ela não me permite dar mais, ela me abraça e diz ao meu ouvido: -- Sei que você a ama, então faça o que quiser, eu vou superar, afinal, somo quase adultas, nos já podemos ficar bem sozinhas. -- Eu faço que sim com a cabeça e digo:
-- Eu posso dormir no chão, com Panny e Anne dorme na cama.
-- Não, eu vou dormir no chão. -- Anne protesta.
-- E eu na cama. -- Panny completa, Bia sorri e diz.
-- Eu durmo no chão. -- nisso Panny que sorri, seu sorriso maldoso agora parece fantástico.
-- Bem que poderíamos ir dormir na sala não é? -- Anne pergunta ao perceber Panny me olhando.
-- Sim, sim. -- Bia fala depois de "entender o recado".
-- Seus pais se incomodam? -- Anne pergunta e Panny faz que não com a cabeça, Bia e Anne se levantam, cada uma pega seu colchete e ambas saem do quarto. O mais rápido possível Panny tranca a porta e caminha sorrateiramente na minha direção, eu estou sem palavras e sem movimentos a fazer, ela simplesmente me empurra sob a cama, aquilo soa estranho, o fato de Bia simplesmente ter ficado tranquila com aquilo, talvez ela esteja ajudando Panny porque ela já pôde dormir comigo várias vezes enquanto Panny não. Seu corpo sob o meu se torna quente e as energias se transmitem com toda força que lhes é concedida, Panny começa a me beijar simplesmente e eu me sinto no céu, aquilo me faz sentir bem, o fato de Panny estar simplesmente em cima de mim, minha respiração fica ofegante e quando me dou conta ela está tirando minha camisa. O que falar daquela noite, algo simplesmente incrível, porque eu senti, algo forte queimar como fogo dentro de mim, no meu peito eu pude sentir, cada movimento feito naquela noite fazia a diferença para a minha vida, uma longa vida.

Garota Ao ExtremoOnde histórias criam vida. Descubra agora