Infiel

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 - Uma segunda lua-de-mel? – Lara havia perguntado desconfiada, quando ele propusera – Por qual motivo, Caíque?

- Apenas porque desejo ficar ao lado da minha linda esposa – havia sido a resposta dele e não estava mentindo.

Porém, agora, sozinho no salão de festas do hotel, sua impressão é a de que haviam se distanciado ainda mais.

Fazia três anos que estavam morando no Rio e, por esse motivo, acreditou que uma volta a São Paulo poderia deixá-la feliz. Assim, pesquisou e escolheu justamente o hotel em que haveria uma festa importante, com os donos das maiores galerias do Brasil. Como ela era uma artista brilhante e suas esculturas começavam a se destacar, tentou unir o útil ao agradável. Acertara. Fazia tempo que não a via com os olhos tão brilhantes e tão bonita. Amara a surpresa do marido e sua preocupação com sua carreira.

Estar em sua cidade, no entanto, dera-lhe motivos para que ela saísse, em uma tarde, para matar as saudades dos hábitos antigos.

- Vou apenas rever minha amigas – falou, enquanto se maquiava e ajeitava o cabelo.

- E precisa desse cuidado todo? – não conseguiu se conter diante da roupa escolhida pela mulher, uma saia vinho um pouco acima do joelho e uma blusa preta frente única, que destacava seus belos seios. Ela era o tipo de mulher que chamava atenção por onde passava.

- Claro, elas precisam ver como você me faz bem, Caíque – sorriu, passando um batom que ele adorava, pois deixava seus lábios mais convidativos do que já eram – Se não fosse um encontro com as meninas, eu o convidaria – concluiu, olhando-se no espelho e olhando para os belos olhos castanhos do marido através do espelho.

Naquele dia ela havia passado um pouco da hora de voltar e nem bem chegou ao quarto de hotel, escapou de seu beijo, indo direto ao banheiro, tomar banho.

- Desculpe, amor, mas estava precisando. Escolhemos vir à São Paulo, quando faz um calor impressionante.

Caíque assentiu com a cabeça, sem se surpreender quando ela, após o jantar, recusou-se a descer e preferiu ficar com ele no quarto.

- Já estive fora por muito tempo, acho melhor ficarmos aqui, namorando um pouco – usou sua voz sedutora, aquela mesma que fazia com que perdesse o juízo. Era sempre assim.

Lara sentia-se culpada. Sabia que ele não merecia, porém, não conseguia evitar. Adorava ser cobiçada por outros homens e, não raro, deixava que a situação passasse um pouco da simples troca de olhares.

Caíque não era perfeito, no entanto havia melhorado muito, após o casamento. Antes, era o que se podia chamar de galinha, ficando com muitas, sem ficar com nenhuma, pelo menos até conhecê-la e se casar com ela. Talvez, nenhum dos dois estivessem prontos para um casamento, embora se amassem de verdade.

Agora ali, no salão do hotel, havia se ausentado por alguns instantes e quando voltara, não a encontrara. Aceitou a oferta do garçom e apanhou uma taça de champanhe, virando-a de uma só vez.

Talvez sua esposa só estivesse estabelecendo contato com donos de galeria e estava se preocupando à toa.

Não foi nada planejado, nem programado. Assim que Caíque se retirou, um garçom se aproximou dela. Lara que estava de costas, assustou-se com a abordagem, já que estava entretida ao observar o quanto o local estava cheio e as tantas possibilidades de contatos ali presentes.

- Não estou servida, obrigada – recusou educadamente.

- Na verdade, senhora, não é a bebida – explicou, estendendo um bilhete na direção da bela morena.

Lara hesitou, antes de apanhá-lo e esperou que o garçom se afastasse para desdobrar o papel. Não era a primeira vez que acontecia aquilo, embora dessa vez, seja lá quem tivesse mandado o bilhete, tivera a decência de esperar seu marido se afastar. Leu rapidamente o que estava escrito.

Hotel dos Corações PartidosOnde histórias criam vida. Descubra agora