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Harry nunca conseguiu suportar a ideia de que era predestinado para alguém desde o seu  primeiro suspiro de vida. Era quase frustante saber que ele nunca teria aquela sensação de descoberta, aquele amor crescendo com o tempo, e tudo graças a pequena linha vermelha presa em seu dedo.

Quando completou seus 16 anos, seus pais sentaram e contaram a história que mudou sua vida. Eles explicaram o que era a linha vermelha em seu dedo, explicaram como seria o resto de sua vida. E agora aos 18 anos, ele ainda não aceitava tudo isso.

Resumidamente, cada pessoa nasce com uma linha presa em seu mindinho, uma linha que só tinha um fim e seu fim era a pessoa que você passaria pelo resto de sua vida. Cada pessoa só conseguia ver sua linha, e se alguma das duas pessoas morresse, a pessoa provavelmente ficaria sozinha pelo resto da vida.

Isso deixava Harry com raiva e ansioso. Ansioso por não saber quem está do outro lado, por não saber quem o espera, e com raiva, pelo medo de algo acontecer com seu amor e ele ter que passar o resto de sua vida sozinho. Era tudo demais para ele.

Sua irmã, Gemma já havia encontrado seu par perfeito, mas para o azar do destino, a menina descobriu um tumor dois meses depois. Agora, ela luta todos os dias para continuar ao lado de seu amado, Ashton Irwin. Suas sessões de quimioterapia a deixam exausta, e a cada dia mais fraca, mas isso não faz com que ela desiste, não importa os enjoos, o cabelo caindo, e as idas correndo ao hospital, ela continua lutando dia após dia.

Hoje, Harry se oferecera a ir com a irmã para sua sessão, já que Ashton fora chamado urgentemente para o trabalho. Gemma apoiava no irmão enquanto ia calmamente até a sala da oncologia onde passaria a próxima hora sofrendo pela quimo.

Harry abriu a porta para a irmã, a enfermeira ajudou Gemma a se sentar e já colocou a quantidade que o médico passará. Os dois ficaram um tempo conversando até que a irmã caiu no sono. Harry ficou mexendo em seu celular tentando passar o tempo, mas parecia que cada segundo passavam-se como horas.

Até que ele escutou a porta se abrir e uma risada alta soar pela sala chamando a atenção de todos. Dois meninos entraram e o pequeno brigava com o loiro que ria alto e escandalosamente. A mesma enfermeira que cuidou de Gemma, levou o menor até a poltrona ao lado de Harry e fez o mesmo procedimento. O loiro sentou na cadeira ao lado depois de se aquietar pela bronca da enfermeira.

Harry não conseguia tirar os olhos do pequeno, ele tinha os olhos mais azuis que já vira na vida. Seu rosto estava pálido e ele tinha a aparência cansada, significando que o tratamento já estava o afetando. Seu cabelo ainda não caíra, e estava bagunçado com a franja para o lado como se ele tivesse acabado de acordar e nem se deu trabalho de arrumar.

Algum tempo depois, quando Harry foi espiar o menino, percebeu que ele não parecia muito bem. Seu rosto estava mais pálido que o normal - Se fosse possível - e ele mantinha a mão pressionada na boca. Harry já vira aquilo muitas vezes, o menino iria vomitar.

Em um pulo, Harry colocou o balde que tinha perto da cadeira de Gemma, no colo do menino que em milésimos de segundos, vomitou tudo que havia no estômago. As mãos do menino estavam pressionadas na borda do balde e continha uma pequena linha vermelha em seu dedo mindinho, o que passou despercebido por Harry graças a correria das enfermeiras para ajudar.

Após o ajudarem a lavar o rosto e voltar para seu lugar, o menino se virou para Harry e pigarreou antes de falar.

-Obrigado, você me salvou de um banho do meu almoço. - Então, sorriu e Harry nunca vira sorriso mais lindo em sua vida. O encaracolado se assustou com o pensamento, fazia muito tempo desde que ele havia pensado em outro garoto,ou qualquer outra pessoa, desse jeito.

The Red ThreadOnde histórias criam vida. Descubra agora