Capítulo Três:

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-Como o assunto é sério quero que você esteja preparada e confortável para o momento.- Dante disse olhando meu vestido preto que era pesado e quente para a época do ano.

-Creio que sim, vou tomar um banho e vestir uma roupa mais confortável e já encontro você no escritório do meu pai.

-Como quiser princesa.- ele deu um sorriso doce e saiu pela porta me deixando sozinha, novamente, com o Heitor. Ele estava calado e de cabeça baixa. - Você não vai fazer isso comigo não é?- perguntei.

- E o que você acha que eu poderia fazer?- os olhos dele estavam bem abertos e percebi que a veia que ele tinha do lado direito da cabeça pulsava em um ritmo quase descontrolado.

-Heitor, eu vou ser a nova rainha e como você sabe isso demanda que eu me doe por inteiro, eu não vou me casar com um completo desconhecido por opção, é muito pelo contrário eu vou fazer isso pelo meu povo.- falei quase sem voz.

- Eu sei disso, e é o que mais me dói.

-Não diga isso...- supliquei.

-Eu sei que você não consegue ter sentimentos, você já me contou isso várias vezes, é que me dói ver que você não consegue sentir o mesmo que eu.

-Heitor, não tente complicar as coisas ainda mais.- falei e fiquei em frente a ele, a única coisa que nos separavam era um pequeno filete de ar.

- Eu não vou te complicar ainda mais, por isso vou estudar no reino do rei Claus, fiquei sabendo que eles estão a procura de novos arquitetos para o palácio...

-E quando você decidiu isso?-perguntei e senti meu rosto queimar.

-A algumas semanas.- a voz do Heitor era como um sussurro quase inaudível.

-Isso será o melhor.- falei e senti que minha voz saiu fria de mais. Me virei de costa para ele e senti a respiração dele no meu pescoço.

-Minha pequena princesa Iris.- a voz dele soou baixinha e senti um arrepio subir pelo meu corpo.

"Minha pequena princesa Iris, era assim que ele me chamava toda vez nos víamos, ele era o filho do conselheiro real e sempre estava estudando eram raras as vezes que nos víamos e mesmo assim era como se tivéssemos uma intimidade enorme."

Continuei virada de costa, até que senti as mãos dele sobre meus ombros, aquele gesto tão familiar e delicado, tão cheio de ternura me fez derreter toda, apesar de eu não conseguir sentir nada por ninguém o Heitor me fascinava de um jeito completamente diferente, tudo o que ele fazia perto de mim era suave e parecia tudo calculado.

Me virei lentamente, e enrolei meus braços no pescoço de Heitor, e naquele momento a única coisa que quis foi gravar cada sensação única que ele me trazia, cada cheiro dele e cada gesto, queria que tudo fosse único.

Os lábios dele eram tão macios e suas mãos delicadas sobre minha cintura faziam meu mundo girar e por aqueles breves segundos senti como se eu fosse uma pessoa normal.

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