Uma Velha Amiga

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Depois da aprender Aaron me trouxe para casa. Ele até quis bancar o cavalheiro e me trazer até a porta mas eu me recusei por dois motivos.

1- Eu sei ir até a porta da minha própria casa sozinha. Nada de romantismo fofo até porque não rola nada entre nós.
2- Assim que eu entrar pela porta de casa eu sei que a minha tia dará uns gritos.

Então, para não ter que aguentar o sermão resolvo pegar minha bike e ir para a praça no outro lado da cidade, meia hora daqui até lá, já estou de castigo mesmo. Chego no parque cheio de árvores e me dirijo direto ao salgueiro que há no meio. Minha tia me disse que minha mãe vinha aqui quando queria refletir. Bem, eu sinceramente não acho que ajudou muito já que no fim das contas ela matou todo mundo mesmo. Deito-me no tronco da árvore e olho para o lago que reflete a luz da lua.

Lembro-me do colar que minha tia me deu, ela tirou do pescoço da minha mãe antes de enterrarem-na. Ela sabia que ela me daria ele de presente algum dia então resolveu antecipar o presente para que eu a tivesse próxima a mim sempre. No colar está escrito: "I make my own destiny"

Uma coisa que eu sei que ela sempre quis é que eu não fosse como ela, a parte da vingança eu tenho certeza que ela não se arrepende, ela não quer que eu seja frágil como ela era, ela quer que eu resolva meus problemas do meu jeito, como ela, só que sem a parte dos assassinatos, porém nada de ficar calada e sentada e aceitar tudo de cabeça baixa. E principalmente, não faça o que os outros querem ou esperam de você, a vida é uma só e ela é sua. Você faz seu próprio destino.

Uma lágrima escorre pelo meu rosto caindo na grama. Meus dedos ficam mexendo no colar como se fosse um brinquedo novo. As vezes a vida é injusta, minha mãe os matou, mas sofreu na mão deles também, e eu estou pagando por um erro de uma garota que só queria aparecer. Se não fosse ela jogando ácido na minha mãe, eu seria normal. Eu teria minha mãe e meu pai.

Na verdade eu não teria meu pai, nem minha tia Jade. Ah sim, deve estar se perguntando o porquê de não terem prendido minhas tias. Bem, a verdade é que minha mãe disse que estava as forçando a fazer aquilo, elas se recusaram, não queriam que ela fizesse isso, assumisse toda a culpa, mas ela sabia que seria presa no fim das contas e as pediu para que a deixassem fazer isso pois não queria que eu fosse para um orfanato. A minha guarda não foi dada para minha dinda porque acham que ela por ser irmã da minha mãe, ela poderia ter alguns problemas mentais, ou como descrevem minha mãe, uma psicopata frustrada, então acharam melhor dar para um parente mais distante, no caso, minha tia já que minha avó estava enrolada com uns processos na época.

Uma voz me chama e olho distraída.

-Ahm...Heather?
-Quem é? - Pergunto observando a pessoa. Uma garota de cabelos pretos com um tom avermelhado, pele pálida e lábios rosa escuro. Seus olhos eram circulados por um leve traço do lápis de de olho. Ela usava uma blusa rosa clara e uma jaqueta marrom junto a sua calça jeans preta. Por fim ela se aproxima de um modo que consigo enxerga-la, é Chloe, uma amiga minha do psicólogo. - Chloe?!
-É... Oi! O que está fazendo aqui? Está tarde!
-Eu sei, mas fiz besteira e minha tia deve estar se preparando para me dar a maior bronca e eu não to com saco pra ouvir! - Digo e ela ri se sentando do meu lado.
-Não te vi no psicólogo semana passada, o que houve?
-Tinha mais o que fazer, se é que me entende. - A olho de lado e ela se deita no banco, pondo a cabeça em meu colo me olhando de baixo. - E você? O que estava fazendo?
-Eu... Eu... Voltando da casa de uma amiga.
-A essa hora?
-Sim... Mas... Nada... Deixa. Ta a fim de dormir lá em casa? Não está com cara de quem irá voltar para casa hoje! - Ela fala e eu rio.
-Verdade.
-Topa?
-Uhum. -Concordo ainda na dúvida. -Ta bom, então.

Ela se levanta na mesma hora e vamos andando ate sua casa. Pego meu celular com várias chamadas perdida de minha tia e mando uma mensagem para a mesma avisando que dormirei fora e que ela deve ficar tranquila já que não é um garoto. Ela visualiza a mensagem na mesma hora e me manda outra mandando eu ir para a casa, apenas ignoro bloqueando o celular e jogando-o dentro da bolsa.

Enquanto andamos pelas ruas desertas e escuras, vamos conversando.

-Você está linda! Nunca a vi assim. Não que eu queira dizer que você não é bonita, na verdade você é muito bonita, não que eu tenha reparado, mas é só que,- Ela fala uma coisa atrás da outra e eu rio de seu desespero.
-Chole, tudo bem, eu entendi o que quis dizer! Eu estou assim porque fui em um concerto musical na Juilliard!
-E como foi?
-Simplesmente maravilhoso. - Respondo deixando um sorriso brotar em minha face.
-Foi com alguém?
-Um novo amigo me levou!
-Quem?!- Ela parece curiosa para saber quem.
-Aaron! Ele é novo no grupo!
-Entendi...- Ela parece triste, será que houve algo?
-Tudo bem, Chloe?
-Ahn? Que? Sim! Por que não estaria?
-Sei lá! Você ficou pra baixo de repente!
-Fiquei? Impressão sua! Ah, chegamos!

Ela anuncia mudando totalmente de assunto, pegando suas chaves e abrindo a porta de casa. Nós entramos passando pela casa ja toda escura e vamos para seu quarto em passos silenciosos para não acordarmos ninguém. Entramos em seu quarto aliviadas por podermos fazer algum barulho e eu me jogo sentada em sua cama.

-Aqui! Toma meu pijama!- Ela me entrega uma regata e um short de algodão rosa. Eu odeio rosa, mas tudo bem, não posso reclamar.

Tiro meu vestido ali mesmo, ja temos intimidade o suficiente para eu não precisar me esconder. Ficamos de costas uma para a outra enquanto trocamos de roupa. Tiro toda a roupa, inclusive o sutiã e ponho o pijama. 

Viro-me para ela que parece estar em outro mundo, viajando totalmente, seus olhos estão focados em mim mas seu olhar é vago. A chamo e me deito em sua cama, logo ela se deita comigo e dormimos uma de costas pra outra.

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⏰ Última atualização: Feb 22, 2017 ⏰

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