Alicia
Fala sério, tem coisa mais chata do que se mudar? Pra mim, não. Você deixa pra trás tudo que gosta e com o que já está acostumado, pra ir até um local desconhecido e com gente que fica te encarando como se você fosse algum tipo de ET, aff's, que povinho mais desocupado.
Revirei os olhos.
Nesse momento estou em frente à minha nova casa. Havia acabado de chegar do aeroporto, foram exaustivas horas de viagem de Madrid, minha cidade natal, até Paris, meu novo "doce" lar.
Sentiram a ironia?
- Ei, Alicia. Dá pra tirar essa expressão de bunda do rosto e me ajudar aqui com as malas? - meu pai interrompeu meus pensamentos, sutil como uma mula.
- Claro que sim pai, também te amo. - revirei os olhos novamente e usei todo o meu sarcasmo.
Não que eu não amasse meu pai. Longe disso, ele era a pessoa mais importante pra mim. Mas digamos que eu, o sarcasmo e a ironia formamos um triângulo amoroso.
Ri sozinha com meus pensamentos (demência? Talvez) e a vizinha da frente, uma velhinha mal encarada e com cara de fofoqueira, me olhou como se eu fosse algum tipo de aberração da natureza.
Parei de rir instantaneamente e soltei um risinho sem graça pra ela. Sabem o que aquela indivídua fez? Empinou o nariz, me deu as costas e entrou em casa.
Tsc. Mal amada.
E vejam só, ponto pra mim! Mal cheguei na cidade e já arranjei uma inimiga.
Suspirei e entrei dentro da casa.
- Que bom que resolveu deixar de fazer caretas pro nada e resolveu me ajudar. - disse meu pai.
Já disse que sarcasmo ta no sangue? Pois é, não se enganem com o rostinho bonito do meu coroa. Sim, rostinho bonito, porque apesar da idade, que não é muita, ele está bem... hm... como dizem? Ah, é, conservado.
Antes que eu pudesse retrucar, um vulto laranja pulou em cima de mim e me derrubou no chão, me fazendo soltar as malas.
- Também senti saudades garoto! - disse sorrindo e abraçando o meu melhor amigo, e pra você que deve ta confuso, eu respondo. Sim, ele é um cachorro. Quer um amigo melhor que esse? Companheiro, fiel, amoroso e que nunca sai do seu lado.
- As vezes eu acho que você ama mais esse cachorro do que a mim... - disse meu pai, fazendo um drama.
- Não diga isso! - falei indignada e vi ele abrir um sorriso. - O Axl não é apenas um cachorro, ele é quase humano! - vi a expressão dele murchar e não me aguentei e comecei a rir.
E você não leu errado, o nome do meu cachorro é Axl, Axl Rose. Dei esse nome porque ele tem um pelo num tom avermelhado, parecido com o do ruivo. E também porque eu amo o Axl. Não tenho o estilo rockeiro, mas adoro uma boa música, e Guns N' Roses é muito foda, convenhamos.
- Já que é assim, peça pro Axl fazer seu jantar mocinha, afinal eu não sou amado nessa casa mesmo. - disse fazendo um bico, emburrado. Não me aguentei e ri novamente.
- Você sabe que é número um no meu coração, né? - abracei ele.
- Isso tudo é medo de ficar com fome? - desfez o bico e me olhou com uma sobrancelha arqueada e uma expressão risonha.
- Também. - sorri. - Mas você sabe que é o melhor coroa do mundo.
· Eu sei que sou. - disse ele, convencido e eu revirei os olhos. Ele riu e bagunçou meus cabelos, hunf, como se eles precisassem de ajuda pra isso
- Não se acostume tá? Não pretendo repetir isso... - me afastei dele.
- Eu sei. - riu. - Agora vá arrumar suas coisas e depois desça pra me ajudar com o jantar.
- Sim senhor, capitão! - bati continência e saí marchando até o quarto. Escutei ele falar algo do tipo "eu bem que poderia ter uma filha menos maluquinha...", ri com isso e subi as escadas.
Minha relação com meu pai sempre foi assim, meio liberal. Minha mãe morreu quando eu tinha 6 anos e desde então ele cuida de mim sozinho, sempre se dedicando ao máximo pra não deixar nada me faltar. Por isso evito causar decepções à ele, apesar desse meu jeito maluco, sempre fui uma ótima aluna e nunca me meti em confusões.
O meu quarto era no final do corredor e tinha uma porta branca. Entrei e suspirei ao imaginar o tempo que passaria arrumando aquele lugar. Resolvi deixar a preguiça de lado, fiz um coque no cabelo e comecei a trabalhar. Dei play numa playlist qualquer do meu celular e comecei a arrumação
Sorri involuntariamente ao escutar Welcome to the jungle tocar. Eu defitnitivamente amava aquela música.
Comecei a arrumação, abri a primeira mala e encontrei meus bebêzinhos todos arrumadinhos. E quando falo bebêzinhos, estou me referindo aos meus livros.
Arrumei todos, por odem alfabética e por saga, nas prateleiras que tinham na parede. Quando terminei, arrumei minhas roupas no guarda-roupa e depois que terminei me joguei no chão, exausta. Passei uns minutinhos assim e resolvi ir tomar um banho.
Peguei uma roupa qualquer e um toalha e fui tomar meu banho. Passei quase meia hora debaixo d'água, e brincando com espuma. E e nem vem me julgar, vai me dizer que nunca fez isso?
Terminei o banho, me enxuguei e troquei de roupa. Estendi a toalha em um canto qualquer e segui pra cozinha para ajudar meu papi. Chegei lá e tive que prender o riso.
Imaginem a cena de um homem adulto usando um avental rosa com vários cupcakes desenhados, cozinhando enquanto cantava Always com toda a emoção do mundo. Eu até tentei me conter, mas na hora em que ele pegou uma espátula e fingiu que era um microfone eu não aguentei e comecei a rir desesperadamente.
Sua primeira reação foi derrubar a espátula e me olhar com os olhos arregalados pelo susto. Mas quando ele percebeu que eu não parava de rir, fechou a cara e ficou me encarado, emburrado. Ri por mais um tempo e depois parei ao perceber o olhar dele.
- Já acabou? Tem certeza que não quer rir mais um pouco? Tava sendo tão legal te ver se divertindo as minhas custas... - disse com todo o sarcasmo possível.
- Sério? Me desculpe então. Mas se quiser que eu ria mais um pouquinho é só começar a dar uma de "estrela do rock em ascensão", de novo. - sorri de forma cínica e dei ênfase no "de novo".
- Ha ha ha, muito engraçadinha a senhorita. Por que não larga os estudos e vira comediante? Está desperdiçando seu talento. - disse de forma irônica.
- Ah, que emoção. É bom saber que meus fãs me amam assim. - limpei uma lágrima imaginária no canto do olho. Ele revirou os olhos e depois sorriu.
- Ok, vamos logo jantar, antes que você pise ainda mais no meu orgulho.
- Dramático. - ri baixo. - Pensei que quisesse minha ajuda pra fazer o jantar. - arqueei uma sobrancelha.
- Você não lembrou que eu precisava de ajuda enquanta estava acabando com a água do planeta, quero dizer, tomando banho. - arqueou outra sobrancelha e sorriu de forma presunçosa.
Bufei e me sentei. Jantamos e conversamos sobre banalidades, depois cada um foi pro seu canto.
Eu entrei no meu quarto e encontrei a cena mais fofa do mundo. O Axl deitado no chão e abrançando meu ursinho de pelúcia. Sorri com a cena e me apromexei dele, sentando ao seu lado.
Acariciei se pêlo macio. Ele grunhiu em satisfação, se espreguiçou e voltou a dormir. Ri novamente. Aproveitarei que amanhã é domingo e o levarei pra passear...
Com esse pensamento, me levantei e me joguei na cama, adormecendo num piscar de olhos.

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Sobrevivendo à um idiota (Castiel - Amor Doce) | Em revisão.
FanfictionAlicia González se muda para Paris com o pai, por conta do trabalho do mesmo. Embora nunca tenha sido aquele tipo de pessoa que sempre é cercada de amigos, ela não é muito fã da ideia de ter de se mudar e se acostumar a toda uma rotina e pessoas dif...