Roberta era a garota mais falada e mais rebaixada do bairro. Não poderia falar no seu nome que as pessoas logo a julgava do pior nome possível. Ela era uma espécie de aberração, tudo porque era diferente das outras garotas.
Suas roupas rasgadas, seus cabelos negros como a noite desfiados aparentava ser uma garota desleixada, fria, marginal.
Ela não poderia sair na rua que as pessoas a olhavam com ódio no olhar tudo porque ela se vestia daquele jeito, ela não devia ser assim, não era daquela forma que adolescentes meninas como ela deveriam se portar.
E quanto mais as pessoas a maltratava ela se sentia mais machucada.
Era tão infinita a sua dor que ela se convenceu de que realmente toda aquela gente estavam certa. Ela era sangue ruim, alguém desprezível e tudo quanto é horrores.teria que viver só.
Então ela correu o mais rápido que ela pôde.
Enquanto ela ia correndo as tristes e obscuras lembranças iam ficando para trás.-Tchau pessoas, Tchau família, Tchau vida antiga, Tchau... -ela despedia consigo mesma enquanto afundava o seu rosto no vento que soprava em sua direção.
Quando Roberta parou, já estava em baixo de um viaduto. Ali agora seria a sua morada, um lugar em que as pessoas de lá não a julgariam, porque simplesmente estavam no mesmo barco que ela. E se adentrou naquela triste realidade para uma menina de 14 anos. Era uma pobre moradora de rua, que por maldade das pessoas não pode ser feliz, porque não teve amor suficiente, não teve nenhum voto de confiança.
Ah como aquelas pessoas eram inocentes. Se soubessem que Roberta era uma pobre infeliz que apanhava todo dia de seu pai cachaceiro, e que foi obrigada a prostituir desde pequena pela sua própria mãe, ninguém a julgaria daquela forma.
Ela era mais que aquilo. A sua maldade estava nítida apenas para aqueles que tinha o furor de julgar a primeira impressão; as aparências. Mais ninguém nunca buscou saber o real motivo que a levava a ser daquele jeito.