Capítulo Um: I feel lost without you

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Bianca estava parada na varanda de sua nova casa observando as pessoas que por ali passavam, imaginando o quanto ele ia gostar daquele lugar, das crianças que brincavam no parquinho mais adiante, das famílias que faziam piqueniques debaixo das grandes árvores repletas de flores devido ao início da primavera, e principalmente dos garotos que faziam guerra de bexigas d'água como se fosse a coisa mais divertida que já haviam feito no mundo. Mesmo após 3 tortuosos meses, ainda era difícil. Muito difícil. A dor ainda era presente, impregnada em sua pele como uma tatuagem, lembrando-a todos os dias de que ela o perdera e de que deveria aceitar isso.

Ela não estava acostumada a mudanças, tampouco gostava delas. Mas naquele momento elas eram necessárias. Necessárias pra que pudesse tentar seguir frente, pra que a dor pudesse apaziguar, pra que ela talvez conseguisse viver sem pensar nele a todo o momento.

Depois de 5 minutos ali parada pensando nele mais uma vez, resolveu entrar e terminar de arrumar suas coisas em seu novo quarto, pois no outro dia ela voltaria pra escola e começaria seu novo emprego como garçonete no famoso pub da cidade, para que pudesse continuar a guardar o dinheiro e no futuro ajudar os pais a custear a faculdade de medicina que tanto almejava. A foto que ela mais amava, tirada em frente ao Big Ben enquanto ele bebia refrigerante e ela o fazia rir de uma besteira qualquer , fazendo-o cuspir em turista que passava próximo a eles foi posta em seu criado-mudo pra que ela pudesse olha-la todos os dias e jamais se esquecer do sorriso dele. Por incrível que pareça, a lembrança daquele dia não a entristecia ainda mais ou a fazia chorar. Pelo contrário, a fazia se sentir viva novamente, como se ele estivesse ali ao seu lado como sempre estivera.

Já era noite quando ela terminara de organizar suas coisas e descera pra ajudar sua madrasta a preparar o jantar. Bianca morava com o pai e a madrasta desde que sua mãe havia recebido uma promoção da empresa em que ela trabalhava pra que ocupasse o cargo de vice-diretora em uma filial da empresa que ficava nos Estados Unidos, pois ela não queria deixar a Inglaterra e ir pra outro país com a mãe. Sua relação com Diana, sua madrasta, era maravilhosa desde que ela havia ido morar com eles. Ela a tratava como uma filha, e Bianca a tratava como uma segunda mãe.

- Conseguiu organizar todas as suas coisas, querida? – sua madrasta perguntava, claramente tentando iniciar uma conversa a fim de distraí-la de seus pensamentos.

- Sim, já desempacotei tudo, assim não preciso me preocupar em arrumá-las amanhã antes do trabalho.

- Ótimo, ótimo.

- É...

- Vai ser bom pra você voltar a estudar e a trabalhar, meu amor. Vai te manter ocupada e te ajudar a não pensar no que aconteceu. Ele não ia querer que você parasse sua vida por causa dele.

Apesar de doloroso, Diana tinha razão. Ele não ia querer que ela andasse cabisbaixa, triste pelos cantos, deixando sua vida de lado só porque não conseguia lidar com a reviravolta que havia ocorrido devido à ausência dele. Ela tinha que ser forte, seguir em frente. Por ele.

Após jantarem, Bianca foi pro seu quarto se deitar, tentando esvaziar sua mente, expulsar os flashbacks dos momentos que passara com ele, tentando convencer a si mesma de que era isso que ele ia querer, que seguisse frente, fosse feliz. Mas todas as noites eram iguais, ela deitava e não conseguia pegar no sono, ficava pensando nele, tentando entender o por quê daquilo ter acontecido, às vezes até culpando a si mesma por tudo aquilo. Ela só adormeceu horas depois, lembrando-se do dia que mudou todo o rumo da sua história.

O dia já clareara quando Bianca acordou com os primeiros raios de sol que entravam pela janela e tocavam delicadamente seu rosto, e que a faziam lembrar que hoje ela não conseguiria escapar, voltaria pra escola de qualquer jeito, pois ela acabaria repetindo o ano caso perdesse mais aulas. Não bastasse o fato de ter que voltar a estudar, ainda havia o de que ela iria pra uma escola nova no meio do semestre, onde não conhecia ninguém, onde não tinha amigos. Mas talvez assim fosse melhor, mais fácil. Ela não teria todas aquelas pessoas ao seu redor perguntando como ela estava, dizendo que ela iria ficar bem, que ela ia conseguir superar tudo aquilo.

Saindo de casa uma hora depois sem se despedir do pai e de Diana a fim de evitar o discurso de que tudo ia dar certo e o blá blá blá matinal deles nos últimos meses, a garota rumou a pé até a escola, que ficava a apenas alguns quarteirões de sua casa.

Os longos cabelos loiros que iam até a cintura, as mechas azul-escuros, a pele bronzeada e a tristeza em seus olhos já chamavam a atenção de toda a King's College School, exatamente aquilo que não queria. Bianca sempre fora muito introspectiva, muito na dela, não gostava de chamar atenção das pessoas ao seu redor. Mas a sua beleza, sua simplicidade, sempre acabavam chamando a atenção, principalmente do sexo oposto. A garota adentrava o colégio dando passos apressados, com a cabeça baixa, evitando olhar pra todos aqueles rostos que a examinavam atentamente, como se fosse uma roupa da moda em uma vitrine de uma loja qualquer, que falavam entre si sobre ela. Todo aquele tumulto no pátio e nos corredores da escola, a intimidavam, a deixavam nervosa. Eram muitas pessoas a observando, a analisando ao mesmo tempo. Tudo que ela queria ela poder voltar pro seu quarto, se trancar lá e nunca mais sair, se livrar de toda aquela atenção que ela não queria.

O sinal soou e os corredores começaram a se esvaziar, fazendo-a agradecer mentalmente por aquilo, pois não saberia quanto tempo mais aguentaria no meio de tanta gente. Olhando em sua grade de horários, viu qual seria sua primeira aula e rumou pra sala de aula pra enfrentar o que a aguardava.

X

A melhor coisa que ocorreu naquele dia foi quando o alarme anunciando o fim da última aula do dia soou por toda a escola e Bianca pode guardar suas coisas e rumar até a saída da grande confusão que era King's College School. Desviando de todos que ficavam parados pelos corredores conversando e se despedindo, a garota caminhava apressada, querendo sair logo dali pra que pudesse ir logo pra casa absorver tudo aquilo a que ficara desacostumada nos últimos 3 meses. Saíra do prédio e ia em direção ao pátio na entrada do colégio quando avistou um garoto encostado em um carro preto se agarrando com uma garota que usava um uniforme de líder de torcida muito justo. "Eles realmente precisam fazer isso na frente de todo mundo?", ela pensava, enquanto nem notava que estava decididamente olhando-os descaradamente. O que ela não esperava era que o garoto tivesse parado de se agarrar com a líder de torcida gostosona e estivesse observando-a atentamente nos últimos segundos. Ele a olhava sem ao menos piscar, como se estivesse desvendando todos os seus segredos, ali, naquele momento, só com aquele olhar que a deixava completamente intimidada.

Ela tentava desviar os olhos dele, mas parecia haver um ímã que fazia com que seus olhos olhassem apenas pra ele. A garota estava em uma espécie de transe, parada ali observando aquele estranho, que nem percebera que agora ele tinha um sorriso de escárnio nos lábios, e que a garota com ele ria ao seu lado.

- Você tá tão concentrada em me olhar que nem ouviu o que a Bethany disse, não é? – ele agora ria.

- Eu... eu não queria... me des...

- Eu disse que você pode olhar e babar o quanto quiser, queridinha. Você seria a última garota a quem Cam daria bola. – ela, e todos em torno deles, riam.

Agora Bianca queria definitivamente não ter de voltar mais àquela escola. No seu primeiro dia de aula já chamara toda a atenção que ela não queria e fora motivo de piada na frente de toda a escola por pessoas que ela nem conhecia. E ela ao menos conseguia se defender, responder algo. Sempre fora Noah quem a ajudara em momentos assim. Mas agora ela estava sozinha, ainda mais frágil sem ele e sem saber o que fazer.

Envergonhada na frente de todas aquelas pessoas que ainda riam e a observavam, ela simplesmente tornou a andar, o mais rápido que podia.

Cameron parara de rir e a observava indo embora, simplesmente intrigado. O que havia nela que chamara sua atenção, ele não sabia, mas algo nela o atraía. Talvez fosse a beleza simples, mas exuberante, ou talvez fosse a tristeza estampada em seu rosto, a fragilidade que circulava por todo o seu corpo. Ou talvez apenas fosse algo meramente familiar nela.

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⏰ Última atualização: Feb 12, 2016 ⏰

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