Péssima ideia!

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-Hey,alguém em casa?-questiono vendo o nítido silêncio.-Ninguém?-me aproximo até a cozinha e vejo que as panelas estão a cozinhar,o cheiro divino se instala por todo o resto. Mas nada dela.
Fico aliviada quando Vale exclama "aqui!". Deixo a mochila em algum canto perto do sofá e recolho o monte de roupas dos seus braços.
-Oh,menina. Quanto tempo,não?-minha avó logo se vai a abraçá-la.
-Mais do eu esperava-sua voz sai abafada no casaco dela.
-Vejo que minha Chrizan não vai acalmar a pressa daqui por diante-ela diz rindo ,conforme vai desabraçando Vale.
-Nem por tanto vovó-recolho o cesto vazio debaixo da escada e coloco as roupas limpas ali para facilitar a subida conosco.
-Apenas por hoje!-exclama minha melhor amiga em um sorriso exagerado. Rio da sua empolgação mais uma vez,como tenho feito desde que nos vimos hoje.

Claramente seu humor melhorou muito,não lembro de a ver tão empolgada e sorridente ao longo deste tempo. Eu tenho me forçado a isso durante esses 2 anos e fico surpresa ao não ter fracassado tanto,porém não atinge a verdade. Enganar a mim mesma com sorrisos forçados passou a ser menos complicado do que parecia.

Subimos para meu quarto e resolvi deixar as peças já dobradas,seria menos trabalho para minha vó afinal das contas. Vale se propõe a ajudar-me com os conjuntos e logo quando vemos está tudo organizado no cesto.
-Seu notebook,tudo bem se eu usasse por um momento?-suas sobrancelhas franzem levemente.
-rio desacreditando-Claro,fique a vontade-aponto para o mesmo em cima da escravaninha.-Preciso de um banho-saio automaticamente da cama e retiro uma calça qualquer,mais uma camiseta do cesto.
-Estou de pleno acordo!-Vale diz a rir. Acabo por entrar no banheiro e retiro uma demanda de toalhas ,deixando duas pra mim. Faço um embolo com todas ali ,saio silenciosamente até a porta e vejo como ela já está concentrada na tela.

A oportunidade vem a calhar e eu atiro o monte de toalhas,cai em impacto pelo seu ombro. Mira perfeita!. Zomba meu subsconciente.

No entanto,é minha vez de rir quando a vi saltar da cadeira . Assim que vê que se tratam de toalhas ela suspira aliviada ,tanto que as atiram do mesmo rumo que veio. Consigo desviar ao fechar a porta a tempo.
-QUERO REVANCHE!-ela grita do outro lado.
-PERDEU,PERDEU!-cantarolo em resposta e ela não se limita a rir da minha infatilidade.

Resolvo deixar as brincadeiras a parte e retiro o material a cobrir meu corpo. A água morna vem em boa hora a relaxar meus músculos desconfortáveis.

Não acho ser capaz de abandonar isto tão cedo.

( ... )
Quando saio do banho vejo que Vale já não está mais ali,o notebook acabou por ficar aberto na sua pesquisa. Fico quase envolvida ao ver sua escolha por alguns clássicos ,porém usados quais seriam os mais em conta.

Desço em passos largos até a cozinha onde encontrara Vale a pôr a mesa,o cheiro parecia de outro mundo.
-Tão fantástico como se pode imaginar-elogio a inspirar o delicioso cheiro dos vapores.
-Oh,minha querida,espere até provar!-ela diz a rir.
-A senhora sabe que será mais que isso,não duvide-minha amiga brinca e nós rimos.

Logo que tudo está a seus postos nos acomodamos e começamos a servir-se. Não me limito a encher cada centímetro do prato e saborear seus dotes de um típico prato brasileiro.

A fome veio em maior fator para rebater meus pensamentos depreciativos ao lembrar-me da minha mãe,a lembrar-me do Brasil como morada até meus 6 e lembrar-me que nós temos parte disto no DNA. Tanto mais como agora já me sinto mais britânica do que tenho do outro lado sanguíneo,pelo meu pai.

Partes que ambos os lados já não se encontram para partilhar.
***
Ao longo da tarde eu e Valentina passamos a ver uma sessão de filmes com um distinto balde de pipocas,como até sobrara nas horas seguintes em que imendamos assuntos aleatórios que ficaram silenciosos nesses 2 anos. Nem um pouco justo! Soube que o corte que ela está agora partiu da sua inexperiência com tesouras que parece até ser irônico.
-Parece,mas partiu mesmo destas mãos-sorri orgulhosa-Justamente como farei sortir do mesmo efeito conosco!-corre até as gavetas afiada por uma tesoura.
-Eu não vejo como melhor ideia,não desta forma...-coço a nuca.
-As péssimas vem a calhar,sabe melhor que ninguém como pode ver-gesticula para si e rio.-Ainda mais nestas calças justas como esse corpo-não reago a seu comentário desacreditando desta nova Valentina.-Ora,vamos lá! Alguns picotes para o volume e nem vai notar a diferença-encoraja com seu mais novo sorriso.
-Uhmm.
-Está em boas mãos-ela garante e eu rio deixando as conclusões de lado.
-Está bem,alguns picotes sim-cedo e seu rosto se ilumina como árvore de natal.
-Vai ver como não irá se arrepender-promete.
-Se você demorar mais um minuto eu irei-ameaço e seu desespero em arrastar uma cadeira até o banheiro comigo são inacreditáveis.

Por incrível que possa parecer meu cabelo ainda estava com a sensação de umidade,portanto tornou o trabalho da tesoura mais simples do que pensavámos.

Eu E Você Um Amor Sem LimitesOnde histórias criam vida. Descubra agora