O e-mail

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Era um dia normal. Joana acordou tarde pois era feriado.

Morar sozinha em um feriado era incrível e dava para fazer uma porção de coisas. Ela se limitou a ficar de pijama e não pentear o cabelo o dia inteiro.

Aquele era um dia perfeito: sorvete comprado, filmes escolhidos e uma enorme vontade de fazer nada.

Depois de realizar todas as "programações do dia" ela decidiu que iria passar um pouco o tempo nas redes sociais. Sentou na cadeira que ficava a frente de sua escrivaninha e decidiu começar pelos e-mails. Um deles era de alguém desconhecido e tinha como título: o que você fez com os seus sonhos?

O conteúdo do e-mail era o seguinte:

Quarta-feira, 18 de fevereiro de 2016, 23: 47.

O que você fez com os seus sonhos?

Você sempre costumou ser sonhadora. Passava horas desenhando, escrevendo e colando as figuras que representavam todas as coisas que gostaria de realizar.

Você era uma garota sorridente. Parecia que embora as coisas estivessem um caos a sua esperança era muito maior do que o problema.

Estar perto de você era inspirador, era a coragem que qualquer um precisaria para seguir em frente.

E com a sua determinação a realização dos seus sonhos era certa!

Como eu sinto saudades disto! Sinto falta do seu olhar brilhando e daquele sorriso torto que você dava.

Sinto falta de te ouvir falando e contando suas histórias imaginárias. Escrever um livro, plantar uma árvore e ter um filho era muito pouco perto do que você queria.

Mas o que aconteceu com você? Fiquei sabendo que se tornou uma garota mal-humorada, racional demais e seus olhos, dizem por aí, não brilham mais. 

Afinal, O que você fez com os seus sonhos?

Abraços, um amigo.


Obviamente ela ficou assustada (e curiosa ao mesmo tempo). Quem seria esse "amigo" e como ele poderia saber tanto sobre ela?

Ela fez um lista dos prováveis amigos que poderiam ser o autor daquele e-mail. Mas não conseguiu chegar a nenhuma resposta concreta.

Decidiu perguntar, o cara não podia falar o que quisesse para ela, sem ter a decência de dizer quem era.

Clicou em "resposta" e começou a redigir o e-mail:

19 de fevereiro de 2016, 01:03.

Querido... [apaga] Olá [...] apaga ...

Senhor desconhecido que diz ser "meu amigo",

Se é mesmo meu amigo como diz deveria ter a decência de dizer quem é. O senhor não tem o direito de escrever um e-mail desses falando tanto sobre mim sem apresentar-se.

Não sei quando me conheceu, mas sim eu mudei e tenho motivos suficientes para isso. Não sei se o Senhor sabe mas as pessoas costumam mudar, não dá para ser a mesma para sempre.

Se queria me incomodar, conseguiu! Agora faça o favor de não me importunar novamente.

Atenciosamente, Joana.

Ficou meia hora na frente do computador aguardando a resposta dele. E nada. Enfureceu-se e decidiu apagar a mensagem e fingiu que nunca leu aquilo. Mas algo dentro dela dizia que não deveria fazer isso.

Passou o restante do dia pensando o que ele queria dizer com aquilo. Qual o problema com a vida dela? Era ótima. Bem sucedida , tinha um apartamento pequeno, mas que era dela. Possuía um carro bom, semi novo. Tinha um bom emprego, ganhava bem. A vida dela era perfeita!

Pensava : "Idiota, quem ele pensa que é! O que eu fiz com os meus sonhos? Não interessa a ninguém.

O fato é que aquelas palavras a deixaram pensativa e até mesmo melancólica.

Acabou adormecendo no tapete da sala. E quando levantou estava com uma tremenda dor nas costas.

Olhou no relógio e ainda daria para dormir por mais uma hora. Foi desligar o computador e quando mexeu no mouse havia um novo e-mail em sua caixa de entrada.

Nova vida, velhos sonhosWhere stories live. Discover now