Amanheceu e com o dia veio as lembranças

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 Acho que a única razão de sermos tão apegados em memórias, é que elas não mudam, mesmo que as pessoas tenham mudado,sim eu mudei, me olho no espelho e vejo que aquela menininha cresceu e se tornou uma grande mulher.

Ainda me lembro no dia do acidente em que perdi meus pais, era manhã provavelmente umas seis horas, meu pai tinha me acordado com um beijo na testa e tinha dito eu te amo, enquanto isso minha mãe acabava de colocar o café na mesa, minha mãe se chamava Sarah ela era dentista uma mulher muito elegante apesar de ter origem pobre ela batalhou muito pra chegar onde estava, meu pai era Robert,médico cirurgião do hospital no qual trabalho hoje, era muito bem sucedido e os negócios dele estava em pleno ápice de crescimento eu me sentia tão bem,tão protegida tendo os dois ao meu lado, estava chovendo e meu pai pediu que eu pegasse algumas roupas porque iriamos passar o fim de semana na casa da vovó, eu rapidamente fiz o que ele pediu entramos no carro e quando eu acordei já estava no hospital,  vi minha vó chorando ao olhar pra mim perguntei o que aconteceu e ela não conseguiu se controlar me disse tudo aos prantos, eu perdi meu chão, confesso que quase morri junto, fiquei perdida, não sabia o que fazer com tanta dor que existia em meu coração. 

Porém me recuperei aos poucos e decidi ser médica como pai, e tomar conta de tudo o que ele deixou, conheci a Jenny na faculdade e ela me ajudou muito a superar todo esse trauma. Por isso a frieza, tudo isso é medo, afinal temos que tomar cuidado com as pessoas que estão ao nosso redor,muitas só querem tirar proveito da situação. 

Essas coisas me remetem tristeza, e eu tenho um hospital pra cuidar, tomo um banho, me arrumo, e me direciono ao trabalho, tudo estava bem, a rotina era a mesma. 

Chego ao hospital me tranco na sala, e digo a mim mesma...

Qual é? eu gosto de estar sozinha, ou pelo menos me convenço que é melhor assim. Sofremos sozinhos, morremos sozinhos. A humanidade é superestimada, eu não quero mudar quem sou eu.

Jenny uma vez me disse que eu tenho um dom e que me escondo atrás da minha própria inteligência e que sou fria porque tenho medo de levar qualquer coisa a sério, porque se eu levar as coisas a sério acabo me importando, tudo que eu faço é pra manter meu sarcasmo.Mantendo todos no meu comprimento de braço para que ninguém possa me machucar. Isso é a maior verdade, A dor Acontece quando você se importa. 

E eu não posso me sentir assim o resto da vida, não posso me culpar pela morte dos meus pais, Porém esse é ponto, de qualquer jeito eles morreram. A verdade é que a pessoas se quebram, as vezes aos 90 ou até mesmo quando nascem, mas sempre acontece e não tem um pingo de dignidade nisso. Você pode viver com dignidade mais não morrer com ela, Eu tenho medo de ser algo comum, de ser apenas mais uma médica, apenas mais um ser humano que coloca em risco a vida das pessoas. Porque é sempre razoável em minha vida tornar um problema emocional e contornar isso o transformando em um problema mecânico, porém o que eu sinto de verdade é que estou machucada. Muitos tem o luxo de se preocupar com a própria imagem, eu não. eu posso permitir um monte de porcaria, porém não relacionamentos não existem relacionamentos e sim alienação das pessoas, Eu mudei e estou com medo de encarar a mim mesma, eu não quero estar com essa dor,  e eu não quero ser infeliz e agora eu não me sinto bem ou mal, o problema é que eu não sinto nada. 

Paro de pensar, quando o telefone toca...

-Bom Dia dr. Sophie tem uma nova paciente para a senhora atender, ela está em outra sala poderia se direcionar até lá? 

-Claro Kelly, Bom dia pra você também. 

EssênciaWhere stories live. Discover now