O dia em que tudo mudou

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Ali estava eu, deitada, pálida. Estaria morta? Comecei a entrar em pânico pois não conseguia respirar.
Levantei-me e, quando dei por mim continuava no chão...

Em pânico comecei a fazer uma massagem cardíaca a mim própria, foi quando a ambulância chegou, saiu de lá um médico alto que apenas se limitou a tocar no meu pescoço e a dizer: " Tarde de mais, hora da morte 11:45."

- Esta é a parte em que acordo! - gritei assustada ao ver os enfermeiros a taparem o meu corpo com um lençol branco.

Fiquei estática ao ver o meu corpo a ser levado embora. Desatei a chorar quando vi os meus pais a chegarem. A minha mãe ajoelhou-se ao lado do meu corpo e tirou a parte do lençol que tapava a minha cara, ela começou a chorar e a abraçar o meu cadáver. O meu pai apenas pôs a mão na cara e abraçou a minha mãe.

Agora tinha a certeza que estava morta, passaram-me pela cabeça várias coisas mas apenas consegui chorar. Chorar ao lado dos meus pais e do meu corpo.

Foi aí que me apercebi que devia ter rido mais enquanto podia, devia ter-me divertido mais enquanto podia... Devia ter vivido mais enquanto vivia. Agora acabou tudo.

De repente, levantei a cabeça e vi outras pessoas a olhar para mim, não sabia se me viam ou não. Mexi-me um pouco e eles acompanharam-me com o olhar. Fantasmas?

No meio daquela multidão, apareceu a minha avó.
Sim, eram todos fantasmas.

-Minha querida Carol! -gritou desesperada a minha avó- Oh, não!

- Avó? - fiquei estática a olhar para ela que se encontrava à minha frente- Avó o que é me aconteceu?-perguntei a chorar.

-Querida, tu morreste...agora, és um de nós - disse apontando para o resto dos fantasmas que lá se encontravam.

-Um fantasma?

Nesse preciso momento o meu corpo tinha sido levantado e levado para a ambulância. O seu destino sería a morgue.

Entretanto, aquele cenário horrível foi sendo abandonado aos poucos, quer por pessoas vivas, quer por pessoas mortas, fantasmas.

***

Mais tarde, eu e a minha avó fomos para um parque local para falar. Foi quando perguntei:

-Mas porque é que não fui para o céu, avó?

-És um fantasma Carol, a função dos fantasmas é terminar e resolver assuntos passados...

-Vai demorar muito?-perguntei

-Isso só vai depender de ti, meu amor -disse a minha avó carinhosamente.

Abracei-a

-Não queria ter morrido...não queria ter de estar a passar por tudo isto avó...- disse - E a minha família, e os meus amigos?
Queria tanto voltar a viver...

-Querida, só nos apercebemos de quão linda é a vida quando ela termina.

A avó Alice sabia sempre o que dizer...ela era magnífica. A avó Alice tinha morrido há uns anos atrás, eu gostava muito de ficar com ela nos fins-de-semana e ir dar um passeio até ao parque. Era sempre bom... Nunca mais fiz isso depois dela morrer.

Dito isto, pode dizer-se que a primeira coisa boa de ser fantasma era, de facto, voltar a estar com a minha avó.

- Amanhã vai ser o teu funeral, queres ir? - disse a minha avó, com receio.

-Tem que ser...-suspirei.

Tudo mudou quando partiOnde histórias criam vida. Descubra agora