Rented Love {H.S}

Dois. (Harry)

OOI, de novo essa capítulo não tem tanto diálogo, mas preciso mostrar o lado do Harry também para que as coisas fiquem mais claras. Espero que gostem :))

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O dia anterior não tinha sido bom. Muitas brigas na banda. Nós não estamos mais na nossa melhor fase, e os problemas estão cada vez mais aparentes. Agora mais essa pra eu me preocupar. Terei uma namorada de aluguel. Isso vai distrair os fãs e a mídia, ao menos por um tempo. Claro que quem acha isso são os empresários. Sou totalmente contra essa ideia. Não tem como ser sincero se a pessoa é paga para me conhecer e me aturar. E eu estava preparado para odiar a garota que conseguiria esse papel que deveria ser tão realista, mas aí eu entrei naquela sala e não consegui.

Eles escolheram uma garota normal de verdade, não uma riquinha metida, nem alguma modelo. Era só uma garota, usando roupas simples, que deveriam ter sido compradas em uma loja qualquer, com uma bolça sem marca e sapatos bonitos mas que aparentavam anos de uso. E me permita dizer que era especialmente bonita. Loira e com olhos tão claros e transparentes que quase pude ver seu interior através deles. E como eu desejei ver o interior dela, e saber de cada coisa que ela estava pensando. Não consegui odiá-la por ter aceitado o emprego. Não consegui nem ao menos desgostar dela. Mas isso não diminuía minha tristeza em ter que mentir para as pessoas sobre amar alguém. Não queria fingir um sentimento que deveria ser tão puro.

Planejamos em pouco tempo como nos conheceríamos publicamente. Todos os passos para o início do relacionamento teriam que ser feitos em lugares públicos, onde os fatos poderiam ser registrados pela imprensa. E eu estava ali, naquele parque, olhando para a fonte e esperando que ela esbarrasse em mim. Já havia passado da hora e quando olhei, um labrador vinha correndo em minha direção, e ela estava logo atrás correndo desajeitadamente atrás do cachorro que arrastava a coleira pelo caminho.

- Não deixe ele escapar!

Não pude deixar de rir daquela cena. Me obriguei a correr atrás do labrador, mesmo cansado do show da noite anterior. Estava quase alcançando ele quando ouvi um grito vindo dela. Olhei pra trás e lá estava ela, caída na grama com as mãos sobre o joelho que provavelmente estava machucado Me preocupei um pouco, mas quando cheguei mais perto pude ver que ela estava rindo de tudo aquilo. Sorri aliviado e comecei a rir também. Nosso encontro não aconteceu como o planejado, mas posso dizer que foi até melhor, pelo fato de ter sido original, espontâneo. Aquelas risadas eram sinceras. Meu bem estar era sincero e ela que estava fazendo isso. Saiu tudo bem melhor que o planejado.

Levantamos e caminhamos lado a lado, conversando o tempo todo, até acharmos o cachorro. No meu íntimo eu estava pedindo para que isso demorasse bastante, naquele momento esqueci que ela só estava ali pelo dinheiro, que era tudo uma atuação muito bem feita, e fui verdadeiro com ela em cada palavra. Espero que ela tenha feito o mesmo, porque a garota que ela demonstrou ser é incrível, e eu ia odiar que ela não existisse de fato.

Todas as manhãs podiam ser como aquela. Começar o dia bem humorado estava se tornando uma coisa rara pra mim. Estávamos deitados na grama, com as cabeças lado a lado e os corpos em direções contrárias. Os dois olhando para o céu, só observando os desenhos em forma de nuvens que pintavam o azul com um branco impecável. Não tinha intimidade com ela, mas sentia como se tivesse, porque aquele silêncio não me incomodava, não me afastava dela, pelo contrário, parecia que ele nos aproximava, parecia que falava por nós. Por um momento quis olhar naqueles olhos de novo, e encará-los pelo resto do dia, eles pareciam tão sinceros em todas as vezes que os encarei, queria saber se seriam sinceros assim o dia todo. Mas o telefone tocou e tive que ir para a gravadora. Pedi o número dela, e fui para o carro.

A reunião foi pesarosa como de praxe. Os problemas só iam aumentando. O clima no trabalho estava muito ruim e não demonstrava possibilidade de melhora. Meu sonho não era esse. Eu amava meus amigos, mas estava começando a odiar meus companheiros de banda. As opiniões eram quase sempre contrárias, os empresários sempre pensando só no dinheiro e em alguma forma de aumentar a fama que estava começando a cair. Ainda dizíamos que éramos aqueles 5 amigos que nunca se separariam, que éramos como irmãos, mas a amizade já estava quase que sendo anulada pela rotina desgastante. Não frequentávamos mais a casa um do outro, não saíamos juntos, nossos planos não mais eram feitos em conjunto. O pior é que eu conheço cada um deles, e muito bem. Sei que eles estão cansados disso tanto quanto eu. E quem não se cansaria de ter uma vida tão pública, tão manipulada assim como temos? E a culpa é nossa. Nós deixamos que isso acontecesse. Nós permitimos que eles tomassem de nós o nosso direito de decidirmos o destino de nossas vidas. E agora éramos tão covardes que preferíamos nos render ao cansaço da palavra e nem ao menos contestar quando nos era dada uma ordem.

Acho que o medo de cada um era o mesmo. Não queríamos nos desvincular do sonho há pouco realizado. Não queríamos abandonar o barco porque sabíamos que ficar à deriva seria bem pior. Outro ato de covardia. Mas também o sentimento era nobre, perder o que conquistei não faria de mim um homem melhor. Meus melhores amigos eram aqueles. Minha vida era aquela, e eu não a deixaria. Talvez o tempo cure, ou talvez, que ninguém me ouça por favor, algum desista.

Na reunião ficou decidido que Liam faria mais caridade, Niall e Louis seriam vistos com fãs, Zayn interagiria com as fãs através de redes sociais, coisa que ele não fazia há tempo, e eu apareceria em público com Alice novamente. Zayn estava mais estranho ainda nestes últimos dias. Desconfio que ele esteja bem mais infeliz do que aparenta. Por isso tentei convidá-lo para ir lá em casa esta noite, mas ele disse que já tinha compromisso e quando tentei arranjar outra data ele deu uma desculpa qualquer e foi embora.

Já passava das dez horas e então lembrei que não havia combinado nada com Alice, por isso liguei. Ela demorou um pouco para me atender e quando o fez quase não consegui ouvir sua voz. O barulho estava alto mas mesmo assim não conseguia distinguir o que era.

- Harry?

- Alice, temos que combinar sobre amanhã.

-Harry?! O som tá muito alto e eu não te escuto, me dá só um minutinho.

- Ok.

- Pronto, pode falar!

- Temos que combinar o que faremos amanhã.

- Ah claro. Vamos nos encontrar casualmente de novo ou vai ser um encontro?

- Um encontro é mais convincente.

- Espera um minuto por favor, estou tentando sair desse lugar e uns caras bem mal encarados estão vindo para cá.

- Onde você está?

***

Está aí o segundo capítulo! Mais cedo do que eu imaginava postar, mas me inspirei com o comentário da @BCandeias :) Hope you enjoy!