E de repente tudo mudou!

16 2 1
                                    


Oi!

É, você já percebeu que eu não sei começar histórias, né? Pois é, mais uma coisa sobre mim. Vou começar contando minha história pra ficar mais fácil. Eu me chamo Nina Nesbitt, sou brasileira. Sim, brasileira. Tenho esse nome por causa das descendências escocesas do meu pai. Ah sim, os meus pais... Minha mãe faleceu quando eu tinha doze anos, ainda me lembro o tamanho da tristeza que eu senti quando ela se foi. Quando ela ainda era viva, eu e meu pai éramos colados. Nós três éramos, na verdade. Então, depois dela falecer, meu pai não deu a mínima pra mim. Agia como se eu não existisse. Nunca entendi o porquê disso até hoje. Talvez porque ele se lembre dela quando olha em meus olhos... Nossa, isso foi muito triste, não? Na verdade essa história tá ficando triste. Mas ela não é, acredite!

Fui vivendo assim, sem meu pai me dar tanta importância. Aprendi a ser independente muito cedo.

Quando completei o terceiro ano do ensino médio, resolvi fazer faculdade de publicidade, onde conheci minha melhor amiga, Mônica. Uma dica, se um dia você a encontrar, não a chame de Mônica. É sério. Então vou chamar ela de Moni, apesar dela ter vários outros apelidos...

Foi uma grande coincidência a gente ter se conhecido, já que eu era de São Paulo e ela do Rio de Janeiro. Mas aconteceu.

A Moni é uma menina doida, mas doida, doida mesmo. Sabe normalidade? Não existe no mundo dela! E eu simplesmente amo isso, é sério. Ela tem 18 anos agora, eu sou um ano mais velha que ela. A gente já passou por muita coisa juntas, por mais que nossa amizade não seja tão antiga assim. O importante é uma apoiar a outra, e isso a gente faz até demais.

Se a gente terminou a faculdade? Booooom... Não. Mais ou menos no meio do primeiro ano a gente resolveu criar um canal no Youtube. Se desse certo, a gente sairia da faculdade. Se não, a gente terminaria. E deu certo, Nina? Ah se deu! Nós começamos a morar juntas. Nosso canal se chama "As Canalhas" (doido que nem nós, é claro), a gente fala sobre coisas do dia-a-dia, só que de uma maneira bem satirizada, com cenas, explicações, dicas e tudo mais. A questão é que o canal fez muito sucesso! Muito mesmo!

E aonde você quer chegar, Nina? Pra explicar melhor o que aconteceu, vou dramatizar bastante...

Era um belo dia (nem tanto), eu tinha acabado de acordar, a Moni estava tomando café na mesa de centro da sala, eu fiz um delicioso leite com Toddy (olha a propaganda!), sentei no computador e comecei a editar um vídeo que tínhamos gravado no dia anterior. O telefone tocou (música de suspense)... Moni colocou a xícara na mesa e foi atender (sendo que o telefone tava do meu lado, minha preguiça level hard). Ela começou a falar em inglês. Sim, a gente fala inglês fluente, até fizemos alguns vídeos em inglês. Eu fui tentando ouvir o que a pessoa do outro lado da ligação falava (não que estava dando certo, mas ok). Ela disse "adeus", desligou o telefone e começou a olhar para o meu rosto com uma expressão de quem queria falar "A-I M-E-U D-E-U-S!!!!!!!!".

Eu: QUE FOI, QUE FOI, QUE FOI??????????? - esqueci de falar, também sou ansiosa.

Moni: UMA EMPRESA DA CALIFÓRNIA PEDIU PRA GENTE GRAVAR UM VÍDEO-TESTE!!!!

Eu: COMO ASSIM, MULHER????????

Moni: UM VÍDEO DE NÓS DUAS EM INGLÊS, UM DAQUELES BEM LOUCOS! - sim, a gente tava gritando pra caramba, provavelmente o nosso vizinho ia chamar a polícia.

Fiquei sem reação. Vídeo-teste em inglês... Seria tenso!

Eu: Do que a gente vai falar? - acabou o caps lock, graças a Deus.

Moni: De qualquer coisa, pode ser até de como é o Brasil.

Eu: Boa ideia!

E foi assim. A gente gravou um vídeo falando como é no Brasil. As praias, as mulheres, os homens, o verão, as roupas... Tudo sempre de um jeito bem satirizado. Nós achamos o vídeo sensacional, editamos juntas e enviamos para o site da empresa. Fiquei uma semana sem dormir direito de tanta ansiedade pela resposta... Loucura? Que naaaada...

Depois dessa uma semana sem dormir, com a Moni falando toda hora sobre a empresa pra mim (não que eu a culpasse, o jeito que ela estava por fora, eu estava por dentro), a empresa finalmente nos respondeu. Foi uma ótima resposta! Dizia algo mais ou menos como:

Ficamos realmente impressionados com o conteúdo do vídeo de vocês. Nossa empresa tem uma proposta: um canal internacional (só em inglês). Para isso vocês precisariam administrar os dois canais, estão habilitadas a isto? Podemos disponibilizar uma casa na Califórnia para vocês, contanto que 15,2% do dinheiro arrecadado com os vídeos nos pertençam.

Era basicamente isso. Ou seja, era um contrato. Restava agora decidir se iríamos assinar ou não. Uma casa na Califórnia... Um canal internacional... Mas... 15,2% não é pouco... Mesmo assim, o que sobrasse seria nosso. E com o tanto de parcerias que faríamos, poderíamos nos bancar tranquilamente. Essa foi nossa conversa. Resolvemos aceitar.

Eu: CALIFORNIA, WAIT FOR US! – eu pagando de gringa – "Califórnia, espere por nós".

Moni: COMIDA CALIFORNIANA DEVE SER MUITO BOA! - adoro esses comentários aleatórios da Moni.

Eu: DEVE!

Tínhamos uma semana para organizar nossas coisas até a viagem. Ansiedade novamente, Nina? Mas é claro!

Tudo bem, eu sobrevivi, mesmo esperando uma semana. A Moni também. Você devia ter visto a cara dela quando faltavam apenas algumas horas para o voo. Ela tava muito, muito empolgada. Eu tava mais é com medo! Mas queria muito aquilo, então me controlei.

Confesso que a pior parte foi quando tivemos que nos despedir de nossos amigos, foi péssimo... Mas a gente manteria contato, com certeza.

"Voo para a Califórni-..."

A gente nem ouviu até o final e já saímos correndo com as passagens nas mãos. 

My InspirationWhere stories live. Discover now